José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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OXFAM assusta ao mostrar que o mundo ganha 4 super-bilionários por semana

Tendo a sua frente uma seleta fileira de convidados ilustres, formada por sete dos maiores multi-bilionários do Planeta, o já Presidente norte-americano disse claramenter para que veio

Ouso dizer que o ano começa de fato, pelo menos no aspecto político, neste 20 de janeiro, passado quase um mês da virada de 2024. Isso mesmo, porque a posse de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos é um desses eventos que demoram longo tempo para acontecer, e sua realização vem acompanhada de interesse mundial e apreensão também universal, pois se trata da ascensão de um cidadão cercado de polêmica, movimentado por um espírito dominador, com ideias muitas vezes incomuns à civilização e capaz de deixar cada pessoa, esteja onde estiver, intrigada sobre como será o dia de amanhã. Trump tem a capacidade de assustar.

Logo no seu discurso de posse- tendo a sua frente uma seleta fileira de convidados ilustres, formada por sete dos maiores multi-bilionários do Planeta-, o já Presidente norte-americano disse claramenter para que veio: anunciou a retomada do Canal do Panamá, aludindo a um duro embate que certamente terá com a China; ressucitou uma lei de dois séculos passados, pela qual declarará emergência nacional para deportar imigrantes sem depender de aval da justiça, informou que designará o Exército dos EUA para as fronteiras do sul, segundo ele, para "reverter a invasão desastrosa em nosso país". 

Na sequência, na mesma medida em que deverá expulsar imigrantes, assegurou que vai criar sistemas de proteção para os empregos de cidadãos norte-amercianos e prometeu extinguir todos os programas de diversidade, afirmando que a partir de agora em seu país só existirão dois gêneros: o masculino e o feminino. 

Fez um discurso que agrada plenamente os adeptos da direita e extrema direita, sobretudo esta, que são fieis seguidores eleitorais. Foi um discurso que em nada deixou fora as falas de campanha.

Trump disse que querer deixar uma marca de "pacificador", mas logo em seguida anunciou a disposição de sobretaxar com peso produtos de outros países em até 40% e impor aos produtos chineses taxação de até 100%. E além da declaração direta sobre o Canal do Panamá, disse que vai renomear o Golfo do Mèxico, para ser chamado de Golfo da América. E, ainda, sem qualquer treferência às mudanças climáticas, provavelmente como sinal de não-reconhecimento desse grave problema, prometeu que os Estados Unidos voltará a ser o maior produtor de petróleo e gás do mundo.

Nesse ato de posse, Donald Trump ficou bem na foto que a extrema direita quer ver: estava cercado pela nata da eleite econômica ( com destaque para 7 mega-bilionários, convidados especiais e dos donos de todas as grandes big techs com as quais pretende governar; falou o tempo todo da grandeza, da riqueza dos Estados Unidos, desde a produção nunca vista de carros, passando pela descoberta de mais campos de petróleo; da desgulamentação de leis e decretos que não estejam na sua linha ideológica. E em nenhum momento fez ao menos uma citação que poderia ser entendida como progressista em relação a problemas cruciais que o mundo enfrente.

Além do fato em si, é triste e preocupante depararmo-nos com o relatório da OXFAM, liberado no exato dia da posse de Trump, revelando que a riqueza dos bilionários do mundo cresceu US$ 2 trilhões durantre o ano de 2024, um valor que equivale a cerca de US$ 5,7 bilhões por dia, uma taxa três vezes mais veloz do que a que havia sido alcançada em 2023.

Com esse resultado, surgiram no mundo quatro bilionários por semana, passando para 2.769 o número de detentores dessas riquezas manumentais, que colocam em suas mãos mais de US$ 14 trilhões em ativos.

Enquanto isso, nesse mesmo 2024, o combate à fome e à miséria no mundo sofreu duro revés, com as desigualdades ficando mais acentuadas. Os documentos apresentados hoje no Fórum de Davos, mostram que a construção dessas fortunas escandalosas e injustas está muito assentada no ciclo de injustiças geradas por um colonialismo aparentemente invisível, que não se quer exergar, mas que existe de modo cada vez mais cruel sobre as populações mais pobres.

De acordo com a Oxfam, boa parte da riqueza dos mais ricos não é fruto do trabalho deles. É imerecida. “60% da riqueza dos bilionários de hoje vem de herança, monopólio ou conexões com poderosos”. 

E a grande massa dos fortunas que detém não serve ao trabalho, ao desenvolvimento, ao avanço humano. Rende outros tantos de fortunas armazenadas em paraísos fiscais onde não pagam impostos.

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