O mundo inteiro viu ontem a desolação de famílias mexicanas, aos prantos nas fronteiras, após terem entrevistas de asilo canceladas pelo governo dos EUA, resultado da primeira canetada de Donald Trump após assumir a Presidência do país. Trump suspendeu programa que poderia conceder asilo a estrangeiros que queriam entrar nos Estados Unidos, ou que lá já se encontravam aguardando regularização.
Aplicativo usado para agendamento de entrevistas foi retirado do ar. E, assim, milhares de imigrantes que buscavam se regularizar em território norte-americano tiveram o choro e desespero como únicos recursos.
À decisão e ao entendimento de Donald Trump sobre os estrangeiros que buscam abrigo e emprego em seu país, contrapõe-se de maneira literal uma notícia que chega hoje de Portugal, onde um estudo desenvolvido pela principal instituição financeira da República, o Banco de Portugal, demonstra que os estrangeiros residentes do país têm compensado o impacto do envelhecimento da sua população natural, permitindo, deste modo, que a força do mercado de trabalho seja mantida.
O estudo conclui que se não fossem os imigrantes, a economia portuguesa já teria entrado em colapso, instaurando um processo de destruição. A presença de imigrantes tem garantido a Portugal, nos mais variados segmentos, a entrada de jovens no mercado de trabalho, um aspecto relevante que não seria alcançado apenas com a população originariamente portuguesa, é o que dizem os peritos do Banco de Portugal.
E revela, ainda, que os imigrantes têm possibilitado a contratação contínua de mão-de-obra, superando as dispensas do trabalho, quer por demissões, invalidez ou pelas aposentadorias. O estudo explica que em todo esse período pós-pandemia o crescimento do emprego resultou em larga escala na contratação de mão-de-obra estrangeira, assegurando o dinamismo da economia, que tem crescido de modo ininterrupto.
Conforme a análise do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, "esses trabalhadores estrangeiros têm compensado o impacto do envelhecimento da população de nacionalidade portuguesa, que tem se refletido na quebra das contratações líquidas. Desde o fim da pandemia até meados de 2024, isso tem sido uma realidade.
O documento aponta que quando se avalia o resultado dos fluxos de contratações, menos as demissões, ou seja, as contratações líquidas, "a dinâmica só está sendo possível no grupo da população estrangeira. Entre os nacionais, a contratação líquida é negativa, contribuindo assim para travar o emprego total doméstico."
Em 2024, enquanto a taxa de contratação líquida agregada dos estrangeiros apresentou um percentual positivo de 0,9 pontos percentuais, a taxa relativa aos trabalhadores portugueses foi negativa em -0,2 pontos percentuais. A vantagem dos estrangeiros sobre os portugueses naturais é, portanto, superior a 1 ponto percentual.