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Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Milei chega detonando ministérios da Educação, Trabalho e Meio Ambiente

Extinguir o ministério e reduzir a Educação a um nível secundário, retirando, assim, maiores obrigações no papel do Estado, parece ser a senha sobre para que lado a Argentina vai pender, sob a gestão de Milei

O primeiro ato do novo presidente da Argentina, Javier Milei, que  tomou posse no cargo, deixa claro para que lado vai pender a governabilidade do país vizinho, que certamente será marcada pela ausência do Estado em questões essenciais à vida do povo, sobretudo em questões dos direitos dos cidadãos.

Com base na criação do DNU (Decreto Nacional de Urgência), o primeiro documento formal a ser por ele assinado, Milei mandou para o espaço os Ministérios da Educação, Trabalho, Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cultura, Ministério de Mulheres, Gênero e Diversidade, Ministério do Turismo e Esporte, e Ministério do Desenvolvimento Territorial e Habitação. Esses ministérios deixam de existir e alguns deles, a exemplo de educação, trabalho e desenvolvimento social passarão ao comando único de um recém-criado Ministério do Capital Humano.

A educação, com essa medida, deverá sofrer um baque muito importante, pois a Argentina possui várias universidades públicas com destaque internacional, a exemplo da Universidade de Buenos Aires, que figura como a 23ª na lista das melhores universidades globais, além de ostentar ensino público básico e médio de boa qualidade, reconhecido internacionalmente.

Extinguir o ministério e reduzir a Educação a um nível secundário, retirando, assim, maiores obrigações no papel do Estado, parece ser a senha sobre para que lado a Argentina vai pender, sob a gestão de Milei. Com menor importância para os trabalhadores, para as urgências do meio ambiente, e necessidades de investimento em tecnologia, ciência, inovação, e garantia de direitos para mulheres e para temas como diversidade e gênero, o novo governo, alicerçado nos princípios dominantes da extrema direita, dará ênfase a questões econômicas ( com forte inclinação para privatizações) e para os assuntos relativos à Segurança.

PRONUNCIAMENTO

Tanto que em seu pronunciamento nas escadarias do Congresso, de costas para o plenário formado por parlamentares, de frente para os militantes que se postavam euforicamente nas ruas, Javier Milei declarou, para delírio da claque, que “ na questão da segurança, a Argentina vive um banho de sangue”, para ouvir em resposta de seus seguidores gritos de “polícia, polícia, polícia”. Pela primeira vez em toda a história da Argentina o tema do porte de arma entrou na campanha eleitoral, e a proposta de Milei é de liberar o armamentismo junto à população.

Milei seguirá, nesse aspecto, a cartilha pregada e posta em prática por governantes de extrema direita, assim como vêm fazendo Victor Orbán, na Hungria, Lododimir Zelenski, na Ucrânica, e Jair Bolsonaro tentou no Brasil ao longo de seus quatro anos de mandato. O bonde da direita ficou lotado para festejar a ascensão de Milei na Argentina, comemorando, assim, um passo importante na chegada ao poder. As metas parecem bastante definidas: liberdade para que a população se arme, numa ciranda arriscada de autodefesa, e diminuir de modo substancial os recursos para setores como Educação, além de extinguir outro ministério importante na defesa de direitos dos trabalhadores.

Nesta área específica educacional, sabe Javier Milei, como bem sabem os governantes de direita e extrema direita hoje em poderes nacionais, que as escolas de educação básica têm atraído interesse de fundos de private equity (que compram participação para suas empresas) e grupos estrangeiros. Com faturamento de R$ 84 bilhões neste ano, esse setor deve ser alvo de consolidação em 2024, tomando o espaço de um segmento consagrado em quase todas as constituições nacionais como sendo de responsabilidade pública, governamental.

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