O olhar ortodoxo com que o invisível “mercado” sempre olha para a economia brasileira, centrando-se essencialmente na gestão das contas públicas, no resultado de receitas contra despesas e na trajetória da dívida, sempre levou analistas econômicos a um notável pessimismo em relação ao crescimento do Brasil. Todos muito preocupados com uma imaginável pressão de demanda, resultante de aumento das compras e gastos do governo, acreditando piamente que a combinação desses dois fatores com a queda de juros levará inevitavelmente à elevação das inflação.
É assim, historicamente, que sempre olham para a economia. É raro aparecer alguém com visão diferente. Como, por exemplo, ter a capacidade de prever que uma vigorosa ação do poder público, como essa contida na nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), seja capaz de fazer impulsionar a economia, retomando o desenvolvimento, por meio de um conjunto grandioso de obras e serviços, numa associação com a iniciativa privada. Uma atitude que está se dando de mãos dadas com novas regras fiscais e reformas no campo tributário, que estão destinadas a elevar as receitas dos cofres governamentais.
Parece ser isso mesmo que está acontecendo com o país, dando motivação e até mesmo justificada razão para fazer mudar o olhar de alguns analistas e até de importantes dirigentes desse impiedoso mercado.
ENTUSIASMO
Foi isso que vi, durante esta semana, vindo de manifestações de Ana Botín, a presidente do Conselho de Administração de uma das mais importantes instituições financeiras com base no Brasil – o Santander-, ao se revelar, durante entrevista, bastante entusiasmada com o futuro da economia brasileira. Ela disse que, na sua percepção, “o Brasil está diante de um ciclo virtuoso, e que o mais importante é voltar a crescer; as contas públicas se equilibram pelo próprio crescimento”.
O que disse essa relevante executiva, num claro sinal de que o mercado começa a enxergar uma realidade que sempre buscaram esconder, está em sintonia com o que sempre pensou e expressou o Presidente Lula, desde seu primeiro mandato, de que uma economia reprimida, de baixo crescimento, geradora de desemprego, de redução da renda e de paralização dos setores produtivos, não se recupera por milagre econômico, mas pela presença firme, estratégica, do papel do Estado.
Ao realizar um conjunto de obras necessárias à boa prestação de serviços à população, como escolas, creches, hospitais, maternidades, ginásios e quadras esportivas, sistemas de abastecimento d’agua, saneamento e habitação, o PAC está dando oportunidade para que centenas de empresas de construção espalhadas por esse país afora, que se encontravam com suas ações paralisadas, voltem a ter atividade produtiva, a gerar receitas, a garantir emprego e renda e a movimentar os setores da indústria, do comércio e dos serviços.
RETOMADA DE 14 MIL OBRAS PARADAS
Além do PAC, que já retomou cerca de 14 mil obras paralisadas durante o governo passado- uma herança danosa que causou danos severos ao erário e graves prejuízos à população brasileira-, o atual governo colocou em ação grandes programas de transferência de renda, como o Bolsa Família ( hoje intitulado Brasil Sem Fome), retirando milhões de famílias da necessidade extrema e colocando dinheiro em circulação, “girando a roda”, como o próprio Lula costuma dizer.
E isso, realizado com responsabilidade fiscal, amparado em inflação em baixa, valorização do real frente ao dólar e outras moedas, retomada do emprego, reposição de renda, elevação dos salários, está de fato fazendo o Brasil voltar a crescer e ter a elevação do seu Produto Interno Bruto sendo registrada por todos os organismos brasileiros e mundiais como um fator de que o país, realmente, entra no ciclo virtuoso de sua economia.