Existem no Brasil ao menos 106 municípios nos quais mais da metade dos professores de suas escolas não têm sequer um diploma de nível superior. Na prática de suas atividades, não frequentaram a universidade para obter licenciatura para o ensino, portanto não estando devidamente adequadas a preparar crianças e jovens para seu processo educacional.
Essa constatação do Ministério da Educação registra que essas cidades desprovidas de professores com título de formação univesitária são todas elas isoladas dos centros urbanos mais dinâmicos, a maioria na zona rural, em territórios quilombolas, em terras indígenas, em assentamentos, no meio das florestas ou nas divisas com outros países. Isso é um empecilho no interesse de professores titulados, gerando-se um ciclo permanente de despraparo para a educação.
Desses 106 municípios, exatamente a metade (53) estão localizados no Estado do Maranhão, onde 2,2 mil das suas 2,8 mil escolas ficam em áreas isoladas e, dessas, ainda, nada menos do que 1,3 mil estão situadas em terras indígenas, quilombolas e assentamentos. Embora o Acre possua o município com maior proporção de professores sem ensino supeior, com 91% dos seus docentes sem diploma universitário, é o Maranhão, contudo, o que apresenta maior extensão desse problema.
Nos longos e difíceis percursos entre o Maranhão e os Estados do Norte do país, professores que se aventuram a dar aulas têm que trafegar por estradas de péssimas condições ou navegar durante horas a fio, enfrentando todas as dificuldades que as florestas apresentam. Daí o baixo número de adesão de professores titulados, sem falar na baixa remuneração que é oferecida pelas Prefeituras ou governos estaduais, especialmente por se tratar de municípios muito pobres.
O programa Mais Professores, lançado nesta semana pelo Governo Federal, tem o exato objetivo de encontrar solução para esse problema educacional grave. A proposta de oferecer uma Bolsa no valor de R$ 2,1 mil a professores que desejem suprir carências nesses municípios, deverá ser um forte atrativo. O programa, além do valor financeiro em si, apresenta uma série de outros benefícios e estímulos que podem motivar sobretudo professores mais jovens e vocacionados para a prática de uma educação cidadã. O professor receberá o salário contratado pelo município e mais a bolsa oferecida pelo MEC.
Além de professores com nível superior, o pacote anunciado pelo Governo Federal busca atrair também jovens para que ingressem nos cursos de licenciatura em Educação, com foco na formação pedagógica, uma maneira de elevar o número de profissionais para o mercado e assim facilitar a presença de futuros professores formados em áreas hoje carentes.
Estudantes com bom desempenho no ENEM, que tenham tirado notas acima de 650 pontos, serão chamados a ingressar em licenciatura com uma bolsa denominada Pé-de-Meia, no valor de R$ 1.050,00 por mês até o final do curso.
As medidas anunciadas pelo Governo Federal alcançaram boa repercussão entre dirigentes e especialistas em Educação, que entendem ser a medida um bom atrativo para começar a mudar essa realidade indesejável.
Agora é acompanhar, fiscalizar, e torcer paa que dê certo.