Dados contidos na Pesquisa Nacional por Amostragem Contínua- PNAD, realizada pelo IBGE, revelam que cerca de 10 milhões de jovens entre os 15 e os 29 anos, correspondendo a cerca de 20% dessa faixa etária, não estavam estudando ou haviam concluído a educação básica, no ano de 2022.
A explicação que se obtém desse desagradável descaminho é o fato de que os que integram esse enorme contingente de futuros cidadãos brasileiros abandonam o estudo no ensino médio, em face da imperiosa necessidade de trabalhar, complementar renda familiar e ter alguma autonomia pessoal no aspecto financeiro e, por outro lado, a dificuldade de conciliar trabalho com escola.
Pesquisa
Na pesquisa, essa realidade foi citada por 41% dos entrevistados (quase 50% dos integrantes dessa faixa dos 15 Aos 29 anos). Tais dados são confirmados pela pesquisa Juventudes Fora da Escola, realizada pelo instituto Datafolha, encomendada pela Fundação Roberto Marinho e Itaú Educação e Trabalho.
Uma conclusão a que se chega para se conter esse desaprumo na vida dos jovens, conforme a pesquisa levanta, tem resposta satisfatória na educação profissionalizante, certamente um caminho seguro para normalizar as matrículas e frequência no ensino médio, travando a retirada desses jovens da escola antes que concluam o ciclo de ensino necessário ao ingresso na universidade. A maioria dos jovens entrevistados, representando 69% de todo esse universo, trabalha no mercado informal e vive com renda familiar per capita de um salário mínimo.
Desejo de estudar
Interessante destacar que essa realidade não diz respeito à vontade pessoal desses estudantes que abandonam o ensino médio, pois 73% dos entrevistados afirmam que têm a intenção e o desejo de concluir a educação básica, opor saberem do significado que isso representa para suas vidas e seu futuro. Verifica-se que nesse universo 56% dizem que se matriculariam num curso técnico ou profissionalizante, e mais: 62% deles têm como opção o ensino profissionalizante noturno, sobrando-lhes tempo para algum tipo de trabalho durante o dia.
Uma conclusão importante da pesquisa é a necessidade que a solução para esse grave problema que afeta o ensino médio e o futuro desses jovens, deve vir, necessariamente, das políticas públicas governamentais, por se tratar de um problema que pouco sensibiliza os segmentos empresariais.
Novos Institutos Federais
Certamente no enfrentamento dessa realidade e na compreensão de que cabe ao governo soluções para questões dessa magnitude, que o presidente Lula lançou há alguns dias um programa ousado de construção de 100 novos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), integrados ao ensino médio, que ao ficarem prontos, abrirão 140 mil novas vagas em praticamente todos os Estados da Federação. Trata-se de um programa inédito no País, em cujas obras serão investidos recursos da ordem de R$ 3,9 bilhões.
Lula tem no seu histórico governamental uma marca importante nesse tema de escolas de qualificação profissional. Nos seus dois primeiros mandatos, somando-se a mais quatro anos de Dilma Roussef, foram construídas 282 escolas técnicas federais. Somando-se a esse importantes conjunto de obras, o Governo lançou há pouco um grande programa de bolsa para beneficiar diretamente os estudantes carentes do ensino médio.
O programa Pé-de-Meia é um incentivo financeiro-educacional, pago na modalidade de poupança, aos estudantes matriculados no ensino médio público. A política prevê o pagamento de incentivos anuais de até R$ 3 mil por beneficiário, representando ao final dos 3 anos, o valor de R$ 9.200,00.