Recebemos hoje uma notícia relevante para o Brasil, reveladora do grau de acerto com que a economia do país está se movimentando. A inflação – eterna preocupação que ocupa todas as cabeças, pelos exemplos negativos do passado, desacelerou mais uma vez, atingindo no mês de março o índice de 0,16%, após ter alcançado 0,83% no mês de fevereiro.
O resultado ficou abaixo da taxa mediana que o mercado projetava, e até mesmo das previsões mais otimistas, que indicavam algo em torno de 0,25%. Os dados foram revelados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), de onde saem esses dados oficiais. A variação de 0,16% é a menor desde o mês de março de 2020, anterior à incidência da Covid-19, que trouxe consequências bastante desagradáveis à vida e à economia nacional.
Com o resultado de março, o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, passou a ficar com uma taxa de 3,93% em 12 meses e um acumulado de 1,42% neste ano de 2024. A estimativa da inflação para este ano era de 4,01%, ficando, portanto, baixa.
Se essa notícia é muito boa para o país, trazendo compreensível alívio à vida do cidadão comum, que precisa de preços mais baixos e de mais cômodo acesso aos bens de consumo, representa, ao contrário, um certo dissabor aos pregadores do caos, travestidos de analistas do mercado, que se revelam assustados com o aumento da massa salarial que vem sendo registrado no Brasil e com a visível volta das pessoas às compras e aos serviços, depois de terem amargado longos anos de retrocesso.
Desde janeiro deste ano, setores do chamado núcleo duro do capitalismo, sobretudo partindo da famosa Faria Lima, em São Paulo, vem advertindo que a baixa registrada no desemprego, processo iniciado no final do ano passado, a redução da inadimplência e o retorno dos brasileiros ao consumo, podem representar uma pressão sobre a inflação de serviços. A taxa de desocupação no país caiu para 7,4% no último trimestre do ano passado, e a massa salarial atingiu mais uma vez seu valor recorde, de R$ 301,6 bilhões, com o expressivo crescimento de 5% no ano, na comparação com o ano anterior.
Essas movimentações e manifestações de analistas do mercado, na prática defensores do quanto pior melhor, devem ter tido influência sobre os integrantes do Conselho de Política Monetária (COPOM), órgão do Banco Central, levando-os, na última sessão do órgão, a cravar em sua ata o prenúncio de que a queda nas taxas Selic de juros poderá ser desacelerada ou até mesmo interrompido em razão desse temor de que esse maior conforto que os cidadãos começam a experimentar pode ser um risco para a inflação.
Sabe-se que depois de muita relutância, o Copom baixou as taxas Selic em 3 pontos, 0,50 a cada sessão, e isso ajudou muito a economia se reaquecer. Mas bastou a ata do Copom referir-se à provável próxima “queda” nas taxas no singular, e não no plural, para que houvesse uma animação geral desses analistas e parte do empresariado para interromper essa movimentação de baixa.
Li a “análise” de um deles, referindo-se “à resiliência do mercado de trabalho e sua dinâmica recente de salários, que tem contribuído adicionalmente para a elevação da massa de rendimentos, o que deve sustentar o consumo das famílias. Mas isso deve ser um ponto importante de atenção do ponto de vista da inflação”.
Em linguagem simples, não é recomendável consumir mais, ter acesso às compras e ver salários e renda dos trabalhadores em crescimento.
Olhando para esse ânimo e desejo que esses analistas apresentam, a notícia de hoje, portanto, não é boa para eles. Mas é magnífica para o país e seu povo.