José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Grupo T20 formata ideias para pacto do G20 e revela medo do efeito Trump no mundo

Os integrantes do T20, grupo conhecido como “Think Tanks”, firmaram suas apreensões e incertezas quanto ao futuro

Ao concluírem ontem o documento contendo valiosas e bem analisadas sugestões aos líderes mundiais que se reúnem no G20 a partir dessa próxima segunda-feira no Rio de Janeiro, na Cúpula do G20, os integrantes do T20, grupo conhecido como "Think Tanks", pela voz de duas mulheres de grande conhecimento e bastante respeito no mundo, firmaram suas apreensões e incertezas quanto ao futuro. 

Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, e até pouco tempo chefiando a chancelaria dos Direitos Humanos da ONU, e a sul-africana Elisabeth Sidiropoulos, alertaram para as dificuldades e riscos que o mundo passa a correr com a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, por razões óbvias. Por ele voltar a ocupar a cadeira de presidente de uma das Nações mais poderosas do universo, e por ele possuir um histórico de desavenças, de visões errôneas acerca de problemas reais, por se revelar um notável negacionista em questões de clima, por possuir características de poder impositivo, revelador de uma vocação de intolerância quanto aos imigrantes, que aos montes foram ocupando os Estados Unidos desde sempre.

Para Bachelet e Elisabeth, Trump será a partir de janeiro uma espécie de elefante colocado na sala de visitas, com riscos permanentes de quebrar vidraças e uma certeza muito grande, a de  que será quase impossível ser removido. Fazer acordos  de cooperação com Trump será possível?  Parece ser a disposição de líderes políticos de outros países, das Américas à Ásia, passando até mesmo pela China, mas fica difícil prever-se se essa disposição dos outros encontrará  terreno fértil junto ao futuro mandatário norte-americano.

Ele está voltando disposto a seguir um roteiro que começou a executar no seu mandato anterior de presidente, e por em prática ideias que não teve condições de cumpri-las, todas movidas por um espírito autoritário. E mais: desconectado muitas vezes da realidade. Um exemplo disso é como enxerga a dramática condição do mundo diante das crises climáticas graves e progressivas, resultantes de um desequilíbrio que tomou conta da natureza em decorrência, quase sempre, da ação do próprio homem na sua ânsia de expansão econômica.

Trump tem dito que a crise climática é uma falácia para causar espanto, mas que não passa de uma invenção. Ao indicar o nome de um deputado republicano para ser o chefe da Agência Ambiental dos Estados Unidos, Trump disse claramente a que veio. Que vai desregulamentar o papel do Estado nas questões ambientais, o que significa, em princípio, retirar de vez o país do Acordo de Paris e eliminar diversos mecanismos legais criados por Biden durante seu governo destinados fiscalizar e punir crimes ambientais. Trump já disse mais de uma vez que o Acordo de Paris só fez fechar indústrias e isso ele não vai permitir dos EUA.

A primeira colocação preocupante que Trump descarregará sobre a governança mundial será exatamente essa do meio ambiente. Até porque os Estados Unidos sempre se firmaram ao longo da historia por ser um grande produtor de petróleo e gás e vir agora o próximo presidente revelando sua disposição de avançar em busca de mais exploração, não apenas nos EUA, mas até mesmo em outros países, se prevalecer sua visão de que "o petróleo e gás do México e da Venezuela pertencem mesmo a nós americanos", como disse durante a campanha.

Outra inquietação trazida por Trump ao seio do G20, embaraçando o pacto de governança mundial que os seus integrantes vêm construindo duramente há quase dois anos, é quanto à forma com que Trump pretende tratar os imigrantes que lotaram seu país e que, na essência, ajudaram bastante na construção dessa grande nação. Ele tem dito, pós-eleição, que vai cumprir seu desejo de expulsar cerca de 30 milhões de estrangeiros que, segundo ele, vivem ilegalmente no país. E para isso pretende usar o Exército.  E voltar com vigor à construção do muro que separa os EUA do México. 

Essa ameaça, aliás, já está bem entendida pelo governo do Canadá, que começa a adotar meios de evitar que os que fugirem de território americano venham a se alocar no lado canadense.

Tais atitudes só farão aumentar os problemas mundiais, desde o desequilíbrio ecológica e suas consequentes tragédias, ao aumento da fome e da miséria, até o recrudescimento de conflitos armados, fazendo aumentar os riscos de uma guerra planetária de resultados imprevisíveis.

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