José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Gestor de capital financeiro vê como imprudente a baixa de juros Selic

André Raduan, mesmo reconhecendo que o Brasil está com a economia aquecida, acredita que uma Selic abaixo de 10% seria imprudente

Mesmo reconhecendo que o Brasil soma uma atividade econômica doméstica aquecidaum nível forte do mercado de trabalho e uma inflação corrente benigna, “o juro real tem que parar em níveis mais altos. Uma Selic abaixo de 10% seria imprudente.”

Essa avaliação, que tem claro significado de ameaça aos setores produtivos brasileiros e aos interesses do governo, foi expressa por André Raduan, sócio e gestor da Genoa, uma das maiores e poderosas empresas de capital do país. Embora reconheça que a volatilidade local é devida muito mais ao cenário nos EUA, Raduan alega que os dados da inflação vêm se mostrando piores do que no ano passado (quando os juros Selic caíram), com uma atividade econômica ainda mais forte.

Adiante, Raduan segue explicando sua tese de que economia aquecida e mercado de trabalho em alta não combinam com taxas baixas de juros Selic, e diz  que é preciso parar o juro em nível mais alto, de dois dígitos. “Conseguir cortar até 10,25% ou 10% não deve ser uma batalha grande. Mas, mais baixo do que isso, seria imprudente. Existe o risco de continuar cortando rápido e descobrir uma inflação mais alta e desvalorização do câmbio.”

Ele aconselha, do alto dos seus interesses de ganho financeiro, evidentemente, que “é prudente o BC cortar os juros mais devagar e adotar um ritmo de 0,25%. Isso porque temos números fiscais bons para 2024.”

COPOM NA PRÓXIMA SEMANA 

Essa manifestação de gestor de uma das principais empresas do sistema financeiro do país, que reflete, ao que se sabe, o pensamento central da Faria Lima, o centro econômico mais influente da economia nacional, vem como um indicativo de que o COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que se reúne nos dias 7 e 8 de maio, na próxima semana, portanto, para decidir sobre as taxas Selic atuais, terá dificuldades em continuar baixando em 0,50% os juros oficiais, interrompendo uma prática adotada durante suas últimas 6 sessões.

Avaliações iguais a esta têm aparecido com alguma frequência na mídia nacional, especialmente em meios paulistanos, como advertência para riscos de uma economia aquecida ter influência no aumento da inflação. Esse raciocínio é o oposto do que pensam setores produtivos e o atual governo, cujo entendimento é de que taxas de juros oficiais mais baixas fazem aquecer a economia, trazendo melhores resultados para empresas, elevando o consumo das famílias, estimulando pessoas físicas e jurídicas a dispenderem mais dinheiro na compra de bens e serviços, com notável evolução na produção nacional.

DESEMPREGO: MENOR EM 10 ANOS 

E é isto que vem acontecendo com o Brasil, especialmente a partir de agosto de 2023, quando o Copom, após quase dois anos de manutenção da taxa Selic em 13,75% ( a mais alta do mundo), rendeu-se às evidências e decidiu iniciar um movimento de queda, deixando as taxas, atualmente, em 10,75%. As atividades industriais voltaram a crescer, os prestadores de serviços estão evoluindo, o desemprego caiu, dívidas de pessoas físicas e empresas foram renegociadas, as famílias voltaram às compras, novos postos de trabalho foram abertos e a massa salarial dos trabalhadores passou a crescer.

Um parâmetro do bom desempenho da economia brasileira, revelado nesta terça-feira, mostra que a taxa de desemprego do Brasil no primeiro trimestre(até março), foi de 7,9%, conforme dados do IBGE. O valor está abaixo da previsão do mercado( que esperava 8,1%) e é o menor desde 2014 para um trimestre encerrado em março.

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