José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Exclusivo Estudos mostram que as fake news ganharam força há 10 anos com Trump

Um estudo que acaba de ser divulgado nos Estados Unidos, desenvolvido pela consultoria de métrica científica Dimensions Analytics, comprova essa informação

Estão vindo dos Estados Unidos duas constatações estarrecedoras e lamentáveis. A primeira, o desencadeamento de  um desastre chamado de "natural", de consequências mortais,  configurado nos incêndios em Los Ângeles e parte significativa da Califórnia, e que já pode ser considerada a maior catástrofe da história dessa região norte-americana. A outra ocorrência, que causa profundo espanto às pessoas de bom senso, é a de que os efeitos catastróficos desse evento estão sendo politizados de modo enviesado, irresponsável e criminoso, com a utilização  da mentira e desinformação, no objetivo único de atingir a figura do governador da Califórnia, Gavin Newsom, e da prefeita de Los Ângeles, Karen Bass, ambos do Partido Democrata.

Enquanto as autoridades locais, à frente o governador democrata- portanto adversário de Donald Trump-, fazem esforço incomum e apelam ao voluntariado para ajudá-los na tarefa de apagar os incêndios e socorrer as vítimas, o presidente-eleito dos EUA e seus aliados mais robustos (Elon Musk e Mark Zuckerberg) tomam conta das redes sociais na internet para espalhar mentiras e desinformações sobre a tragédia e sobre o papel do governador e outras autoridades diante do desastre. E dizerem que os governantes são incompetentes e responsáveis pelos incêndios.

Trump tem feito repetidas postagens, chamando o governador e a prefeita de Los Ângeles, Karen Bass, de incompetentes, responsabilizando-os pelos incêndios: "Eles simplesmente não conseguem apagar os incêndios....". E apesar dos apelos do governador para que "não politize a tragédia de pessoas mortas e casas destruídas, e  venham à Califórnia para se reunir com os americanos afetados por esse incêndio e por essas devastações", as acusações de Donald Trump não cessaram.

Trump acusou, sem provas, o democrata Gavin Newsom de ser o responsável pela falha no fornecimento de água que complicou o combate aos incêndios, mentindo sobre a recusa do governador de assinar um decreto que teria facilitado o fornecimento de milhões e milhões de litros de água “oriunda do excesso de chuva e derretimento da neve do norte do Estado”. Tudo isso era mentira.

O aliado de Trump, Elon Musk, compartilhou nas redes sociais, com destaque na sua plataforma X, a informação falsa de que Newsom teria descriminalizado os saques em lojas do Estado. Foi preciso que o governador fosse às redes sociais e outros ambientes de mídia para pedir que Musk parasse com a mentira, pois a propagação de que o governador havia descriminalizado essas ações, feita pelo CEO da Meta, estava, isto sim, estimulando pessoas à prática de criminosa de saques.

O que está acontecendo agora na Califórnia, com a proliferação de mentiras e desinformações disparadas por pessoas de elevado poder, nos remete diretamente a um estudo que acaba de ser divulgado nos Estados Unidos, desenvolvido pela consultoria de métrica científica Dimensions Analytics, mostrando que o fenômeno das fake news ganhou força  e começou a se espalhar  exatamente com a primeira eleição do republicano  Donald Trump à Presidência norte-americana, em 2016. 

De lá para cá, a coisa degringolou. Em 2015, conforme esses levantamentos, haviam sido publicados apenas 352 estudos acadêmicos  formais com a expressão "mesinformation" (informação falsa) no título ou no resumo. Em 2024, o número acumulado subiu para 5.804, ou 16 vezes mais do que há nove anos. Com a proliferação dos estudos, mais de 36 mil artigos acadêmicos foram publicanos nessa década, na tentativa de se e compreender o trágico fenômeno das fake news. 

E esses conceitos, face à realidade apresentada, estão sendo agora revistos pelo mundo acadêmico e científico mundiais no momento em que a big tech Meta, com seus ambientes Facebook e Instagram, anuncia ao mundo que deixaram de checar a veracidade de conteúdos de terceiros postados em suas plataformas.

Se a década da ciência da desinformação se implanta e se  consolida num momento emblemático  que foi a campanha de Trum à Presidência em 2016, a experência está a mostrar ao mundo científico que a decisão da Meta, vai se constituir numa nova etapa de agravamento do problema. E de penosos desafios que, se vencidos, embora se duvide muito desse avanço, possam libertar o mundo dos perigos que a mentira, desinformação e a propagação de ódio trazem permanentemente à humanidade.

A volta de Trump à Presidência dos Estados é um elefante que foi colocado na sala envidraçada. Isso coloca os estudiosos no canto da parede, sem saber se ganharão ou perderão  essa batalha. O certo é que Trump foi eleito em 2024 semeando mentiras que proliferaram, encontraram audiência e repassadores. E a única certeza que hoje se tem é que muita gente vai despertar para esse quadro danoso e se juntar às pessoas de bom senso numa luta que será sempre maior, de resultado incerto.

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