Os dados extraídos de um estudo realizado pelo Instituto Sonho Grande (ISG), em parceria com o Instituto Natura, publicados neste fim de semana, revelam algo que já era admitido pela lógica: os estudantes do ensino médio de escolas de tempo integral abandonam menos os estudos quando comparados com estudantes de escolas regulares. Os índices de abandono são de 3.1% para quem fica na escola o dia todo, contra 4,3% das demais escolas.
Outro achado significativo é que essa diferença em favor das escolas de tempo integral torna-se mais evidente nas unidades educacionais localizadas no Norte e Nordeste, nas quais o abandono chega a ser três vezes maior nas escolas regulares, com destaque para os estados de Maranhão (0,9% e 3,6%), Tocantins (0,6% e 2,2%) e Pernambuco (0,5% e 1,6%).
Estudo com base no IDEB
O estudo foi realizado a partir do resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica(IDEB) de 2023, demonstrando que o modelo integral posto em prática no Brasil nos últimos anos, acelerando-se a partir de 2023 por Estados e municípios e empenho especial do governo federal, oferece um ambiente mais acolhedor e estimulante, mais conectado às necessidades dos estudantes, quase sempre compensando carências que eles trazem do ambiente doméstico.
Foram analisadas escolas propedêuticas — cujo ensino é preparatório ou introdutório — localizadas em zonas urbanas da rede estadual. As estimativas foram ponderadas a partir do número de estudantes matriculados em cada instituição de ensino na última etapa série do ensino médio, considerando apenas as escolas que tiveram taxa de participação no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) acima de 80%. No total, participaram 2.429 escolas integrais e 9.761 do ensino regular.
nordeste em destaque
O estudo encontrou bons exemplos de solidez educacional com a expansão de escolas de tempo integral, sobretudo em Estados que optaram por escolher esse modelo que visa estimular os estudantes do ensino médio a não desistirem da conclusão desse importante ciclo do ensino. Os melhores resultados foram apontados no Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Mato Grosso e Paraná, alguns deles tendo triplicado o número de escolas nesse modelo. O Censo mostra que o número de matrículas em tempo integral cresceu 21% em 2023, próximo da expectativa do MEC de chegar a 25%, mas há Estados, sobretudo no Nordeste, onde esses percentuais ficaram bem superiores.
Dados do MEC relativos a 2023, mostram que matriculado na rede pública de Estados nordestinos alcançaram crescimento exponencial, como em Pernambuco (66,8%), Paraíba (55%), Ceará (49,1%), Piauí, 48,9%, Alagoas, 20,4%, Paraíba, 19,5% e Sergipe,18,9%. De todos os Estados brasileiros que tiveram crescimento de matrícula nas escolas de tempo integral superior à média nacional, apenas dois não estão localizados no Nordeste.
pé de meia
Além da decisão dos governantes estaduais de darem grande prioridade à implantação das escolas de tempo integral como forma de contribuir diretamente para redução da evasão, o Governo Lula criou uma bolsa voltada exclusivamente aos estudantes do ensino médio, popularmente conhecido como “Pé de Meia”, que financia os alunos durante os três anos do ciclo, adicionando um bônus de R$ 200 mensais para cada um. Juntando todas as parcelas do incentivo, os estudantes podem acumular em suas contas bancárias, ao final do curso, valor de R$9.200,00.
O Ministério da Educação vem realizando seminários em todas as regiões do país, em parceria com as secretarias estaduais de educação, reunindo corpo técnico e dirigentes estaduais e municipais, no sentido de produzir e massificar ideias em torno de uma política nacional de educação em tempo integral. Um dos pontos básicos desse programa, além do incentivo direto aos estudantes, tem sido o de valorizar o papel dos educadores, criando condições especiais de trabalho, com destaque para incentivo financeiro por meio de gratificações específicas.