O Brasil está mergulhado, durante todo este mês de janeiro, num esforço notável em torno da atenção à saúde mental de sua população, com olhar especial sobre os jovens, no objetivo de conter esse adoecimento que vem afetando, em escala progressiva, maior número de pessoas.
Desde o ano de 2014, portanto há 11 anos, escolheu-se este mês como palco de discussão mais ampla sobre os cuidados com a saúde mental, envolvendo a população num nível de conscientização mais apurado para promover o bem-estar de cada um.
Estamos, assim, em pleno Janeiro Branco, um marco estabelecido por governos e instituições com responsbilidade sobre a saúde coletiva, com a clara intenção de que falemos mais sobre o tema, num país que apresenta o terceiro pior índice de saúde mental no mundo, avaliado num relatório que envolve 64 nações.
O que acontece no Brasil de maneira positiva, contrapõe-se aos caminhos que os Estados Unidos da América estão sendo forçados a adotar, graças às decisões deploráveis que o atual presidente da República, Donald Trump, está tomando desde o primeiro instante de sua posse, dia 20 último. Num de seus onze atos afetando a saúde pública, o novo presidente dos EUA decretou a "eliminação de diretrizes sobre saúde mental no ambiente de trabalho", e estabeleceu restrições no ambiente escolar.
Enquanto só podemos lamentar o que começa a acontecer com a população norte-americana, no meio da qual existem cerca de 2 milhões de brasileiros, conforme dados do nosso MInistério da Relações Exteriores, o Brasil tem que celebrar o caráter de responsabildiade com que essa questão essencial de saúde vem sendo tratada.
Desde 2014, instituições públicas, escolas, empresas e redes sociais têm debatido o problema, contribuindo para o esclarecimento das pessoas e avançando na implantação de serviços públicos de atendimento ao bem-estar e equilíbrio emocional, pontos fundamentais para se evitar o adoecimento.
Desde as Unidades de Saúde Básica (UBS), hospitais e clínicas de referência e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm sido aparelhados para oferecer suporte em diferentes níveis de necessidade, garantindo que pessoas possam acessar em maior amplitude os tratamentos adequados e humanizados.
E isso se faz de maneira ampla e democrática, através do Sistema Único de Saúde (SUS), o eficiente e gratuito serviço brasilileiro que é referência no mundo.
Aos poucos, no Brasil, vai-se disseminando maior conhecimento sobre fatores que levam às doenças mentais, esse mal da sociedade moderna, desencadeado por traumas, estresse, pressões materiais e ecocionais, genética, tomando-se finalmente a consciência que se trata de doença grave, que só pode ser investigada e acompanhada por médidos, psicólogos e outras profissionais de saúde. E o país vai, também, ganhando estrutura operacional, sobretudo na rede pública, que está sendo capaz de acolher e tratar todos aqueles afetados por esse mal.
Sabe-se hoje - e o cientista Domenico De Masi-, o extraordinário sociólogo italiano que criou e descreveu sobre o Ócio Criativo" -, que a vida da gente não é só trabalho, e que o lazer, o entretenimento, o "parar para não fazer nada" em determinado momento, são necessários à vida de qualidade , e até mesmo para a qualidade do trabalho que realizamos.
E que, para prevenir ou melhorar sintomas em estágios iniciais como tristeza que não dá trégua, desânimo, descontrole emocional, irritação desproporcional, é necessário sempre uma consulta ao especialista em saúde mental, sem medo ou sem preconceito de assumir que não está se sentindo bem.