A cidade do Rio de Janeiro, durante este de mês de novembro, vai receber 55 delegações oficiais de países que integram o G20, somando-se a eles um maior número de nações convidadas, nessa que promete ser a maior Cúpula desse grupo que integra as maiores economias do planeta. Além dos integrantes natos, vão estar presentes chefes de Estado da União Europeia e União Africana, tendo-se por ápice dessa 19ª cúpula os dias 19 e 20, sediada no Museu de Arte Moderna (MAM).
Mas a imensa movimentação de estrangeiros que tomará conta do Rio não se restringe aos dois dias da Cúpula. Antes disso, nos dias 14 a 16, marcados para o Boulevard Olímpico, reúnem-se as delegações que tratam do G20 Social, e entre os dias 14 a 17 , no Pier Mauá, vão se reunir em torno do Urban G20 os prefeitos das principais cidades amparadas no universo desses países, contando com a presença, além de vários Chefes de Estado, de ministros de finanças e bancos centrais das principais economias do mundo.
Será um evento de dimensões extraordinárias, que promete impactar a economia local em algo próximo aos R$ 450 milhões, movimentando a arrecadação de impostos, despesas com hospedagem, alimentação, tansporte, esporte, lazer, empregos temporários. Daí, as previsões do Visit Rio Convention Bureau serem as mais otimistas. Basta ver que, previamente, em razão das reuniões técnicas que grupos de todos esses países têm feito no Rio, em praparação para a 19ª Cúpula, a ocupação hoteleira da cidade já dá mostras dessa grandiosidade. Hoje, a ocupação média de hospedagens já é superior a 75%, e em áreas como a Zona Sul essa taxa fica em 86%.
A pergunta que não quer calar, é: será que o Rio de Janeiro está preparado para receber todas essas centenas de autoridades que estarão presentes na cidade? Não assusta ou faz ao menos refletir o fato de que a bandidagem tomou conta do Rio, ao ponto de apenas em um só dia, como se viou esta semana, sequestrarem nove ônibus do transporte público, para colocá-los atravessados nas pistas de acesso da população às comunidades, impedindo a ação da polícia?
Imagina-se que as autoridades brasileiras, e não apenas as do Rio de Janeiro, estejam todas de olho nessa situação, sobretudo porque a Cúpula do G20, não só pelo número de autoridades, mas especialmente pelo caráter que algumas delas apresentam ao mundo, como o Presidente Biden, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, as duas principais potências mundiais, estarão na antiga capital da República, e por onde eles passam sempre há um esquema especialíssimo de segurança.
O presidente do Comitê Rio G20, Lucas Padilha, calcula que cerca de 20 mil personalidades mundiais e brasileiras estarão nessa cúpula de líderes, além de representantes de todos os principais órgãos de imprensa do planeta. Sabe-se que o Rio, apesar do descaminho da sua administração pública, sobretudo na questão segurança, tem notável experiência com a realização de grandes eventos mundiais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, realizadas em 2014 e 2016, mas é bom lembrar que muita coisa piorou de lá para cá e, além disso, nunca a cidade reuniu tantas autoridades públicas de uma só vez, o que impõe organizar esquemas de segurança muito mais rigorosos e eficazes quanto os já realizados em ocasiões anteriroes.
Por tal razão, é de se esperar que toda a inteligência brasileira, de todos os níveis de gestão, esteja afinada, combinada, com extremado foco, no sentido de impedir surpresas desagradáveis, pois é claramente sabido que as polícias do Rio de Janeiro estão bichadas, contaminadas pelas milícias e rendidas cada vez mais agudamente às organizações criminosas. Posso até exagerar, mas pelo significado e tamanho desses eventos trazidos pelo G20, faz-se necessária uma verdadeira intervenção na segurança do Rio, que envolve até mesmo a atuação das Forças Armadas.
Declarações do chefe da Coordenação-Geral de Combate ao Crime, da Polícia Rodoviária Federal, Allyson Simensato, dão bem a dimensão do problema. Ele explica que a complexidade dessa Cúpula do G20 é diferente e maior do que os trabalhos desenvolovidos para Copa e Olimpíadas, por se tatar da presença de cerca de 45 chefes-de-Estado ao mesmo tempo, no mesmo evento, na mesma cidade.
Daí, desde 2023 o Ministério da Justiça vir se reunindo com órgãos de segurança de todas as esferas, planejando a atuação de segurança de 10 Estados, Polícia Militar, Polícia Civil, órgãos de trânsito, inteligência, polícia Federal, Guarda Nacional, e Polícia Rodoviária Federal. Além de já estar preparando 800 agentes para atuarem no acompanhamento de autoridades, o esquema está colocando em prática novas tecnologias, aliadas aos sisetemas já existentes.