O Comitê de Política Monetária do Banco Central, além de ter elevado a taxa Selic em 1 ponto percentual, passando-a de 11,25% para 12,25%, nessa sessão encerrada ontem, foi muito, além disso.
Em sua ata, sustentando a decisão unânime dos integrantes do Copom, o Comitê fez uma advertência, que fatalmente se converterá em realidade: nas duas próximas reuniões, vão seguir nessa toada, perseguindo a meta de impor mais 1 ponto de aumento em cada sessão, isto significando que entraremos em março de 2025 com as taxas Selic batendo nos 14.25%, um patamar superior àquele que Roberto Campos Neto impôs à economia brasileira durante mais de um ano, de 13.75%, que vigorou até agosto de 2023.
O que a autoridade monetária quer dizer com isso, e já avisando previamente, é que, sob a visão deles, não há outro meio mais eficaz de se antepor à ameaça de retorno da inflação que não seja aumentando juros. Daí eles julgarem que serão necessários ter nas mãos três importantes pontos percentuais como barreira ao descontrole inflacionário.
Com taxas de juros mais altas o acesso ao crédito fica mais difícil e mais caro, daí dificultando o consumo das famílias, que eles entendem ser o grande perigo. Mesmo que isso implique redução das atividades econômicas e paralisação de empresas.
Os cenários da economia brasileira estão todos positivos, com a retomada do desenvolvimento industrial e dos setores de serviços, atividades rurais sem contratempos, queda acentuada do desemprego, elevação notável do PIB nacional, elevação expressiva da massa salarial, redução drástica da fome e da pobreza, crescimento exponencial do consumo pelas famílias. E mesmo as taxas de inflação estão controladas, como mostrou o último índice IPCA apurado pelo IBGE em novembro. Mas esses indicadores positivos da economia não entram na conta dos integrantes do Copom na hora de olhar para a taxa Selic. O importante parece mesmo ser elevar os juros para conter esse afã de crescimento da indústria, do comércio, dos serviços, e diminuir esse desejo dos brasileiros de ir às compras.
Diante da terceira elevação consecutiva da taxa Selic e do anúncio prévio de que subirão mais 2 pontos percentuais até março, a Confederação Nacional da Indústria manifestou imediata e severa indignação.
Para os dirigentes da CNI, manter o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro já configuraria um erro do Banco Central. Intensificar esse ritmo, como a autoridade monetária escolheu, portanto, não faz sentido no atual contexto econômico, marcado pela desaceleração da inflação em novembro e pelo pacote efetivo de corte de gastos apresentado pelo governo federal.
Além disso, a decisão do Banco Central ignora a desaceleração da atividade econômica, já observada no PIB do terceiro trimestre, e a tendência de redução de juros nas principais economias globais, como os Estados Unidos, que partem para o terceiro corte seguido nos juros na próxima semana.
Segundo a CNI, intensificar a alta da Selic, diante desse cenário, custa caro para a economia e para a população, pois significa menos investimentos e, consequentemente, menos emprego e renda.