O Brasil entra em 2025 com enormes desafios sob sua liderança. Ao assumir, desde o primeiro dia do ano a Presidência do BRICS, está impulsionado a colocar no topo das evidências temas relevantes para a humanidade, como mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, combate à fome e à miséria, regulamentação da Inteligência Artificial, interrupção de guerras e conflitos armados reinantes entre diversos países, e a necessidade de que sejam criados novos e eficientes mecanismos de governança global.
São temas aos quais o Brasil já se acostumou a debater, em razão de comandos anteriores que empunhou ao dirigir o Mercosul, em 2023, e a comandar o importante agrupamento das 20 maiores economias do mundo, o G20, em 2024.
Essas bandeiras foram todas elas levantadas pelo Presidente Lula ao longo desses dois anos, com alguns avanços significativos, como no caso da Ação Global contra a fome e a miséria, um tema amplamente estudado e discutido ao longo de 2024, e que resultou num documento/compromisso assinado por todas as lideranças mundiais que integram o G20.
Incorporados agora à agenda do BRICS, esses temas ganham dimensão muito mais elevada, porque esse grupo de países liderados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com importante e cresente adesão e interesse de outros países, sobretudo na Amércica Latina, ganha papel relevante no momento atual, em face do evidente declínio de instituições historicamente importantes como a ONU, hoje apresentando-se bastante fragilizada, sem condições de liderar soluções para questões cruciais que afetam o mundo.
Essa crescente importância do BRICS coincide com a expansão diplomática e comercial que a China vem apresentando ao mundo, contrapondo-se em práticas de relacionamento aos que Estados Unidos tem feito ao longo da história, com seu papel dominante e a imposição do dólar como moeda de troca mundial.
O BRICS, aos olhos do governo norte-americano, agora bastante dimensionada com a posse de Donald Trump na Presidência do país a partir de 20 de janeiro, constitui uma ameaça aos seus interesses. De fato, as lideranças goverrnamentais que integram esse crescente bloco pensam de maneira bastantre diferente do que querem e praticam os EUA.
E nessas diferenças, a questão do dólar tem significado especial. As nações querem liberdade para estabelecer relações comerciais em moedas nacionais, um anseio natural para quem deseja se libertar da imposição da moeda norte-americana.
Com o Brasil na Presidência durante todo este ano, o BRICS, além da discusão e de avanços de alternativas ao dólar e do esforço por uma reforma do sistema de governança global, deverá avançar na pauta climática, pois o país será sede, em novembro, na cidade de Belém, no Pará, da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, um evento aguardado com interesse no mundo inteiro e do qual se aguardam respostas adequadas e necessárias para o setor energético e para a restauração ambiental, sobretrudo do que diz respeito a florestas de grande importância, como a Amazônia, com influências positivas na redução de emissão de gases de efeito estufa.
Sob a direção de Lula, o Brasil tem mais uma chance de reafirmar seu papel de liderança, motivando outros líderes mundiais para respostas positivas a problemas que têm se agravado, especialmente no terreno das injustiças sociais, como o aumento da fome, a destruição ambiental e o império de conflitos armados que tanto matam e infelicitam o mundo.