José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Lista de Colunas

Aumento da renda e queda do desemprego mostram economia crescendo com equilíbrio

Análises extraídas de dados do IBGE apontam que a economia está andando bem mais equilibrada neste ano

O comportamento que o setor de trabalho e a elevação da renda tem apresentado nos últimos 18 meses, está levando o sempre pessimista e alarmista mercado financeiro a render-se à realidade de que a economia brasileira deve crescer muito além do que seus dirigentes e analistas previram para 2024, devendo nivelar-se, e até mesmo superar, os  melhores resultados do século.

O que tem ocorrido, desde o início de 2023 e se mantido durante o primeiro semestre deste ano, com o desemprego caindo 7,1%, aproximando-se da menor taxa dos mais recentes anos, que foi de 6,6% em 2014; o PIB projetando um avanço de 2,3%, ante 1,9% anteriormente previsto e a massa salarial evoluindo como há muito não se via, indicam que a economia ganha crescente ânimo, estimulada pelo retorno das atividades industriais, evolução do setor de serviços e aumento expressivo do consumo das famílias.

Análises extraídas de dados do IBGE apontam que a economia está andando bem mais equilibrada neste ano, menos dependente dos bons resultados que a agricultura tem apresentado nos últimos anos, a ponto de se dizer costumeiramente que o “Brasil vai bem quando o agronegócio vai bem.” Depender menos da agricultura, portanto, significa que outros setores ganham força e geram um equilíbrio bastante desejado a uma estabilidade mais segura.

Aliando-se à queda expressiva do desemprego, ao aumento da massa salarial, ao crescimento do consumo e retomada das atividades industriais e de serviços, registra-se que as exportações têm crescido, gerando saldo bastante positivo na balança comercial. Mas tem havido, por outro lado, um crescimento nas importações, significando que as empresas brasileiras, agora sendo revitalizadas, estão realizando compras de maquinários, de tecnologias, renovando seus parques produtivos, cumprindo-se assim uma agenda positiva, desejada pelo governo Lula, de modernização do setor industrial do país, como fator decisivo de competição no mercado internacional.

Em relação ao trabalho em si, as notícias são bastante animadoras ante à realidade que se observa. A massa de renda domiciliar total deve avançar 5,6% em 2024, após já haver crescido 7,4% em 2023, e isso tem-se dado pela renda do trabalho, que deverá atingir 6,6% este ano, refletindo a dinâmica positiva do setor.

Um estudo divulgado ontem pela Tendências Consultoria, indica que as classes A e B devem ter elevação da massa de renda crescendo mais expressivamente, com projeção de avanço de 6,6% para a “A”, e de 7,2% para a “B.” Quem forma essas duas classes vale-se do fato de que juros mais altos as beneficiam. Mas a classe C, que representa os domicílios que estão na renda mensal de R$ 3.300 a R$ 8 mil e correspondem a  18,4% do total da massa, num total de 31,2% das famílias, deverá ver um crescimento de 4,5% da renda, depois de ter crescido 3,7% em 2023.

Ao analisar o estudo da Tendências Consultoria, o professor sênior da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo, Hélio Zylbersztajn, afirma que a incidência de juros altos (impostos pela taxa Selic do BC em 10,5% ao ano) beneficia muito mais a classe A do que as demais, em razão do mercado de capitais brasileiro favorecer esse tipo de distorção e desigualdade.

Para ele, o modelo do sistema financeiro do Brasil acaba beneficiando exclusivamente os mais ricos. Ao explicar que não temos um mercado de capitais popular, ele diz que se houvesse um sistema de aposentadoria no qual as pessoas poupassem para aplicar no mercado de capitais por meio de fundos de investimentos, a maioria dos trabalhadores brasileiros poderia participar desse processo.

Carregue mais
Veja Também
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.


Tópicos
SEÇÕES