Ao retirar os Estados Unidos da Organização Mundial de Saúde(OMS), caracterizando um baque financeiro expressivo nessa respeitada e benéfica instituição, o presidente Donald Trump aplica um duro golpe no combate a doenças endêmicas espalhadas sobretudo nas camadas mais pobres da população, dificultando a movimentação de pessoas no atendimento aos mais carentes e criando dificuldade de acesso a medicações salvadores.
Trump dá sinais claros de que sua ação é uma espécie de vingança à OMS, em razão do posicionamento severo que essa instituição adotou em relação a ele, entre 2020 e 2021, quando exercia a Presidência norte-americana em seu mandato anterior. Trump se portou, como chefe da Nação, contrário às vacinas contra a Covid-19 e às medidas restritivas vistas como necessárias pelas autoridades sanitárias mundiais. Por várias vezes seguidas a OMS se manifestou contrariada com a posição de Trump, tornando pública sua desaprovação ao comportamento do presidente.
Agora, no seu retorno ao cargo, Donald Trump volta turbinado e disposto a adotar todas as posturas desastrosas e desafiadoras do passado, reforçadas com novas posições que começam a assombrar o mundo. E faz isso de maneira impositiva, dominadora, sem respeitar as relações positivas que os Estados Unidos sempre mantiveam com outras nações e instituições internacionais, e sem levar em conta até mesmo o próprio sistema de justiça de seu país.
De uma só canetada, marcando um de seus primeiros atos, o presidente Trump colocou os Estados Unidos ofialmente de costas para a saúde, tanto a do planeta, quanto das pessoas, até mesmo de seus compatriotas norte-americanos. Na leitura dos 78 atos que já assinou e que espera ver prevalecer de imediato, Donald Trump tomou atitudes que vão muito além da já gravíssima retirada da OMS, voltando-se para inúmeras outras restrições aos próprios norte-americanos no campo da saúde e das garantias antes asseguradas.
Dentre as medidas que afetam a vida da população, ele assinou um ato que revoga a extensão do Obamacare, uma lei federal sancionada em 2010 pelo então Presidente Barack Obama, que reforça a Lei de Reconciliação da Saúde e Educação, e que visa maior proteção ao atendimento das pessoas, num país em que não existe um sistema público de saúde gratuito.
E no leque de medidas contrárias ao interesse público, no campo da saúde, trouxe outro ato que reduz os requesitos impostos até então para planos de saúde de baixo custo. Outro, cancela os subsídios para medicamentos de alto custo; noutro ato, permite que empresas privadas neguem a cobertura de saúde por razões religiosas (nisso aqui, por exemplo, vai a proibição de abortos, mesmo que legais).
E aí vêm coisas ainda mais graves, como, por exemplo, a retirada de incentivos para a vacinação contra a Covid-19; impõe o fim da obrigatoriedade do uso de máscara em prédios federais e determina a dissolução da força-tarefa federal contra pandemias.
E tem mais: o cancelamento de regras de segurança para produtos farmacêuticos importatos e a eliminação de diretrizes sobre saúde mental em ambiente de trabalho.
Fora das medidas estritamente relacionadas com a saúde coletiva, Trump assinou outros atos que afetam a vida geral de grupos, com reflexos diretos também na saúde, como o cancelamento da proteção de direitos para estudantes LGBTQ+ em escolas públicas, considerando-se, por exemplo, que entre essas pessoas há um grau elevado de adoecimento mental.
Outra medida, contida no leque de Políticas Públicas e Diversidade, cancela a obrigatoriedade de seguro-saúde cobrir contraceptivos e outro ato proíbe o financiamento federal para cuidados médicos de trasição de gênero.