O aumento do desemprego, a incerteza com relação ao futuro dos negócios e novas demandas impulsionaram a contratação de profissionais para projetos na pandemia. Um estudo novo da consultoria Robert Half indica que a contratação nesse modelo tem ajudado a dar continuidade aos negócios, a manter o nível de atendimento aos clientes e a gerenciar cargas de trabalho. Na consultoria, houve aumento de 20% nas contratações de profissionais temporá rios em junho. “A pandemia acelerou um processo que já estava em curso nas empresas há pelo menos três anos. A flexibilização das leis trabalhistas em 2017, a aceleração do modelo de home office e a quebra de paradigmas de gestores no home office contribuíram também”, diz Lucas Nogueira, diretor de recrutamento da Robert Half.
O crescimento na busca por profissionais com competências específicas, para trabalhar em um projeto também foi notado na plataforma Alstra Technologies. A plataforma, que conecta empresas a profissionais com experiência mínima de cinco anos de atuação, cresceu 40% e atingiu 35 mil profissionais cadastrados. Entre os clientes que têm acesso a esse pool, podendo filtrar a busca por talentos ou competências técnicas específicas, estão Itaú, Porto Seguro e Via Varejo. Segundo Cai Igel, fundador da Alstra, as competências técnicas mais buscadas em projetos na pandemia concentram-se 30% em tecnologia (desenvolvedores de sistemas, gestores de projetos de TI e engenheiros de software) e 70% em gestão de projetos e de risco e finanças. “Na semana passada, nossos clientes abriram 18 projetos de 6 meses para agile coach. Essa é uma demanda que é impulsionada pela pandemia porque as organizações elevaram o nível de urgência para a transformação digital”, diz Igel. Para o executivo, que fez carreira no setor financeiro, a pandemia e a ampla adoção do home office aumentaram o nível de urgência dentro das organizações. “Antes da crise, os grandes clientes demoravam três meses para conhecer e começar a utilizar nossa plataforma. Esse processo agora está levando de duas a três semanas”.
A visão de maior urgência é compartilhada por Daniel Schwebel, country manager da Workana, plataforma que conecta freelancers a empresas na América Latina. “Ganhamos cinco anos para frente com relação ao trabalho remoto e como as empresas veem esse conceito mais flexível de relação de trabalho”. Na plataforma, o número de projetos publicados por companhias cresceu 38,9% de fevereiro a maio. Só em junho, foram 37,1 mil novos. As áreas com maior aumento de demanda de expertises para profissionais temporários são engenharia e manufatura, finanças e administração, tradução e conteúdos e TI e programação. A Workana saltou de 2,8 milhões de profissionais cadastrados em fevereiro para 3,2 milhões, sendo 50% brasileiros. “No início, muita organização parou projetos novos. Depois, vieram as demissões para reduzir custo. Agora, há um número grande que está vendo que, mesmo com mão de obra reduzida, precisa entregar produto e serviço para se manter saudável. E aí viram no mundo freelancer uma oportunidade”. No LinkedIn, houve um crescimento de 70% a 80% no último trimestre no número total de prestadores de serviços usando a ferramenta para conexão com clientes “Disponível para Negócios”. O serviço chegou ao Brasil há 7 meses e conta com 22 mil usuários.