A chinesa Baic (Beijing Automotive Group) comprou participação de 5% do Grupo Daimler, dono da Mercedes-Benz, pelo valor de € 2,5 bilhões. O movimento se revela como uma resposta à Geely, outra gigante chinesa, que comprou quase 10% de participação na montadora alemã no início de 2018 por US$ 9 bilhões.
A Baic é o principal parceiro da Daimler na China, onde as duas empresas mantêm uma joint venture desde 2005. Em outra associação paralela, a Daimler é desde 2013 acionista da Baic Motor, subsidiária do grupo chinês sediada em Hong Kong.
Em um comunicado divulgado na terça-feira, 23, o presidente da Baic, Xu Heyi, afirma que o investimento se destina a fortalecer a parceria entre as duas empresas e reforça que a compra indica uma evolução natural do relacionamento da Baic com a Daimler.
O presidente da Daimler manifestou em um comunicado que a empresa está satisfeita de que a Baic seja um investidor de longo prazo. “O mercado chinês é e continua a ser um pilar crucial do nosso sucesso - não apenas para vendas, mas também para o desenvolvimento e produção de nossos produtos”, disse Ola Kallenius.
A transação levanta a questão se a Daimler e a Baic podem reorganizar sua joint venture na China depois que o governo local diminuiu as restrições para investidores estrangeiros. No entanto, acionistas defendem que a marca Mercedes-Benz continue a figurar sozinha nos carros fabricados pela joint venture na China: “Apesar de toda a alegria dos acionistas ancorados pelos negócios de longo prazo, ainda queremos ver a estrela da Mercedes e não o dragão chinês no capô dos carros”, disse Ingo Speich, da Deka Investment, na reunião anual da Daimler em maio.
Embora a Baic fabrique os motores a combustão utilizados pela Daimler na China, o envolvimento da Geely com a montadora alemã representa uma ameaça a longo prazo, isso porque as empresas estabeleceram uma joint venture em março deste ano para produzir carros elétricos em solo chinês e destinados ao mercado global.
O mercado de veículos leves na China, o maior do mundo em volume de vendas, encolheu no ano passado pela primeira vez desde a década de 1990, devido à redução dos incentivos para o varejo, aliada à fraca confiança do consumidor. As vendas continuaram a cair no primeiro semestre deste 2019, mas as marcas estrangeiras premium foram as menos afetadas pela retração do mercado até agora, tornando os fabricantes chineses cada vez mais dependentes das joint ventures estrangeiras para obter lucros.
A Mercedes-Benz vendeu mais de 650 mil automóveis na China no ano passado e quase 350 mil no primeiro semestre de 2019.