Assaí pretende inaugurar 123 lojas em cinco anos no país

Foto: Silvia Costanti/Valor

A rede de atacarejo Assaí começa nova fase após março, com um plano de oferta pública inicial de ações na manga e um projeto ousado de abertura de 123 lojas que pode atingir investimento recorde de quase R$ 7 bilhões em cinco anos. A empresa está nesse momento na fase de conversas com o mercado para explicar sua cisão do GPA, pré-listagem na B3. Analistas têm avaliado a rede na faixa de R$ 20 bilhões.

Em encontro com analistas na sexta-feira, o CEO da rede, Belmiro Gomes, projetou a inauguração de 78 pontos entre 2021 e 2023 - média de 26 ao ano. Em 2020, foram 16 novas lojas e 3 conversões de hipermercados Extra, do GPA, para Assaí. Entre 2024 e 2026 estão previstas 45 inaugurações, totalizando as 123 unidades novas.

Neste ano, serão 28 aberturas. A empresa tem hoje cerca de 180 pontos. Parte pequena das novas lojas será fruto de conversões de hipermercados Extra, como ocorreu nos últimos três anos, já que, com os negócios de GPA e Assaí separados, não será possível mais transferir pontos.

Por loja, os investimentos devem alcançar cerca de R$ 55 milhões (na média dos últimos anos), mais R$ 1 milhão ao ano de manutenção, com um período de retorno de 6 a 7 anos, disse o comando do Assaí aos analistas. Por isso, calcula-se que o desembolso fique na faixa de R$ 6,8 bilhões de 2021 a 2026, um plano “ousado”, na avaliação de relatório da equipe do Goldman Sachs (GS).

Gomes, do Assaí, tem se encontrado com investidores para falar da cisão do GPA — Foto: Silvia Costanti/Valor

É bem provável que parte desses recursos venha de um possível IPO da rede após a listagem, apesar de a empresa já ter geração de caixa próprio, em condições de preço a serem divulgadas. Sobre a questão de uma eventual oferta de ações, a empresa reforça que não há nenhuma decisão em relação a isso neste momento, como já informou no ano passado, quando anunciou o processo de listagem do Assaí.

Para efeito de comparação, entre 2016 e 2020, foram 93 aberturas, uma média de 18 ao ano, sendo parte conversões de hipermercados Extra, mais baratas que as inaugurações. Analistas estimam que, nesse período os investimentos devam ter variado entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões, abaixo dos R$ 7 bilhões projetados pelas equipes de análise. Procurada, a empresa preferiu não dar entrevista.

Ainda no encontro com analistas, a rede informou que espera que a rentabilidade do negócio se estabilize na faixa de 16% a 17%, um patamar próximo ao atual. No terceiro trimestre de 2020, foi de 16,6%.

O plano de crescimento inclui aumentar seletivamente a oferta de itens não alimentares, como telefones celulares, e serviços financeiros, por meio do cartão Passaí - são cerca de 1,1 milhão de cartões que representam 5% das vendas e um gasto médio 70% maior. O projeto ainda inclui adicionar serviços de forma pontual em lojas maiores, como balcões de açougue (de margem alta e baixo custo.

Hoje, o Assaí compete não apenas com seu principal rival, o Atacadão, do Carrefour, mas especialmente com redes regionais, que abriram dezenas de lojas nos últimos anos. Aos analistas, a administração observou que a flexibilidade do modelo do Assaí, com diferentes protótipos de loja e autonomia na operação, tem sido fator importante para o seu sucesso.

Gomes e a equipe lideraram o crescimento da empresa, que em 2010 dava prejuízo e vendia mais de R$ 1,5 bilhão. Em 2020, a projeção de analistas é que a rede tenha faturado R$ 40 bilhões (mais de 50% da venda do GPA, considerando o cenário atual de Assaí como controlada) e lucre mais de R$ 1 bilhão. O Assaí deve concluir o processo de cisão do GPA até março.

Há um entendimento que é preciso manter a carta branca dada ao executivo, dizem gestores de investimentos ouvidos pelo Valor, e que avaliam a entrada no IPO da empresa. “Belmiro é uma das peças chave desse crescimento, e o Casino [controlador do GPA] ter mantido a forma dele operar foi uma das decisões mais acertadas dos donos”, disse o sócio de uma gestora do Rio de Janeiro. O Assaí é gerador de caixa e cresce com o próprio capital.

“Antes o Assaí ficava dentro de um grupo com um conselho de administração com várias questões a lidar ao mesmo tempo, como a venda da Via Varejo e ajeitar o braço de varejo. A expectativa do mercado é que esse conselho no Assaí mantenha a liberdade da administração, que é uma das razões da boa execução”, disse um segundo gestor.

FONTE: Valor Econômico

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