O dia 13 de Abril tornou-se um marco para o cinema, em Hollywood, pois foi nessa data, em 1964, que Sidney Poitier se torna o primeiro artista negro norte-americano a ganhar o Oscar de Melhor Ator por seu papel como um operário da construção que ajuda a erguer uma capela no filme dirigido por Ralf Nelson, Uma Voz nas Sombras (1963).
O personagem de Poiter, Homer Smith, é um trabalhador itinerante que está se dirigindo ao Arizona quando encontra cinco pobres freiras. Parando para consertar o telhado de sua humilde fazenda, Homer descobre que não só a Madre Superiora não vai pagá-lo pelo trabalho, como também quer que ele construa uma nova capela - de graça! Hesitante a princípio, Homer constrói a capela e arca com os custos da obra. Mas ele sabe, não receberia recompensa monetária. Ele, no entanto, deixará o deserto poeirento tendo criado um local melhor para se viver.
Antes dele, a atriz Hattie McDaniel havia conquistado a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante em 1939 por seu papel de governanta em E o Vento Levou. Hattie interpretou Mammy, a séria porém indulgente escrava, governanta da mimada e bela sulista Scarlett O’Hara (Vivien Leigh). Críticos do filme, inclusive a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP – em sua sigla em ingles), apontaram mais tarde o filme e o papel de Hattie como um exemplo clássico dos estereótipos em relação aos negros que Hollywood mantinha vivo.
Poitier nasceu em 1924, enquanto seus pais estavam visitando os Estados Unidos. A família era de Bahamas, onde o pai cultivava tomates. Adolescente, Poitier abandonou os estudos para se alistar no exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Após este período militar, passou a se interessar pelo teatro, tendo solicitado participação no American Negro Theatre de Nova York.
Rejeitado inicialmente pelo seu forte sotaque bahamês, Poitier começou a treinar para adquirir a pronúncia típica dos norte-americanos. Voltou a se apresentar à companhia teatral, desta vez sendo bem-sucedido. Estreou na Broadway em 1946 numa produção de Lisístrata, só com atores negros. Em 1950, apareceu em filmes de Hollywood, começando com O Ódio É Cego.
Por se recusar sistematicamente a representar papéis estereotípicos a ele oferecido como ator negro, Poitier tornou-se um pioneiro para si mesmo e para outros atores negros. À época recebeu indicação de Melhor Ator por sua atuação em Acorrentados (1958). Seu trabalho em filmes como Sementes da Violência fez dele o primeiro astro cinematográfico negro de destaque.
Ao apresentar Sidney Poitier como ganhador da estatueta do Oscar, a consagrada atriz Ann Bancroft lhe deu um um beijo na face, um gesto que causou escândalo entre o público mais conservador. Três anos depois, Poitier, contracenando com Katherine Houghton, protagonizaram uma das mais comentadas cenas, ao trocarem um ardente e prolongado beijo – o primeiro beijo inter-racial da tela cinematográfica – em Adivinhe Quem Vem para Jantar (1967).
Entretanto, o filme que consagrou definitivamente Sidney Poitier foi Ao Mestre, com Carinho (1967). Um jovem professor, Mark Thackeray, enfrenta alunos indisciplinados neste filme clássico que refletiu alguns dos problemas e medos dos adolescentes dos anos 60. Sidney Poitier tem uma extraodinária performance como um engenheiro desempregado que resolve dar aulas em Londres, no bairro operário de East End.