Um sequestro que durou 16 horas, realizado no interior do Lindt Cafe de Martin Place, em Sydney, na Austrália, resultou na morte de dois reféns e do sequestrador, que foi identificado como um clérigo muçulmano de nome Man Haron Monis. Outras seis pessoas ficaram feridas.
As mortes aconteceram quando a polícia invadiu o local, depois de fracassadas as negociações para libertação dos reféns.
Ao todo, 17 reféns estavam no café na hora do sequestro. Cinco conseguiram fugir um pouco antes. A imprensa local australiana identificou o clérigo muçulmano Man Haron Monis como o sequestrador. Ele já foi acusado de enviar cartas de ódio e abuso sexual.
A polícia da Austrália invadiu na madrugada de terça (horário local) o Lindt Cafe de Martin Place, em Sydney, e efetuou diversos disparos encerrando o sequestro no local que durou 16 horas. Uma brasileira estava entre os reféns e foi libertada.
De acordo com a agência Australian Associated Press, uma das vítimas fatais é Katrina Dawson, uma barista de 38 anos, estudante de direito e mãe de três filhos. O outro refém morto é Tori Johnson, de 34 anos, gerente do Lindt Cafe, segundo a emissora de TV ABC. Ele teria morrido ao tentar tirar a arma das mãos do sequestrador, que ameaçava outros reféns. As autoridades, porém, não divulgaram oficialmente as identidades dos mortos ou as circunstâncias de suas mortes.
Segundo Andrew Scipione, chefe de polícia de Nova Gales do Sul (estado do qual Sydney é a capital), vários tiros foram disparados enquanto o sequestro estava em andamento, o que levou os policiais a tomarem a decisão de invadir o local.
Nas primeiras horas do sequestro, imagens da emissora de TV Channel 7 mostraram pessoas com as mãos para o alto e uma bandeira negra fixada em uma vidraça da lanchonete com um texto em árabe no qual se lia "Não há outro Deus que Alá e Maomé é o mensageiro de Deus".
Mais de 40 grupos muçulmanos australianos condenaram a tomada de reféns. "Nós rejeitamos qualquer tentativa de tirar vidas inocentes de seres humanos ou de instilar medo e terror em seus corações", afirmam em um comunicado, que chama a tomada de reféns de "ato desprezível". As autoridades também expressam seu apoio e solidariedade para com as famílias das vítimas e dizem esperar uma solução pacífica para o caso.
Os grupos muçulmanos indicaram que a inscrição "não representa um posicionamento político, e sim reafirma o testemunho da fé do qual se apropriaram de maneira indevida indivíduos desorientados que não representam ninguém, exceto a si mesmos".
A família da brasileira Marcia Mikhael afirmou que ela foi libertada do sequestro com ferimento no pé e que passa bem. Segundo o Itamaraty, ainda não há confirmação oficial por parte da polícia de Sydney sobre a presença de brasileiros entre as pessoas feitas reféns. O consulado brasileiro em Sydney está tentando confirmar a informação, já que a chancelaria do Brasil em Sydney está dentro do perímetro que foi evacuado pela polícia australiana.