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Sequestro de avião com 258 a bordo, desafia serviço secreto de Israel

Um dos maiores dramas da história da aviação comercial em todo o mundo começou no dia 27 de junho de 1976

Um dos maiores dramas da história da aviação comercial em todo o mundo começou no dia 27 de junho de 1976, quando 258 pessoas a bordo do Airbus A-300 da Air France, durante o vôo AF 139,que partiu de Tel Aviv para Paris, com escala em Atenas, na Grécia, com 258 pessoas a bordo. Todos foram vítimas de um sequestro executado por membros de uma organização terrorista alemã chamada Baader-Meinhof.

Oito minutos após a decolagem, a aeronave foi dominada por quatro terroristas, dois dos quais possuíam passaportes de países árabes, um do Peru e uma mulher do Equador. Posteriormente, descobriu-se que os dois últimos eram membros da organização terrorista alemã Baader-Meinhof. O avião foi desviado para Entebe após aterrissar em Bengazi, na Líbia, para reabastecimento e chegou a Uganda na madrugada do dia 28.

Os quatro terroristas haviam vindo do Kuwait pelo vôo 763 da Singapore Airlines e iam com destino a Bahrein. Entretanto, ao desembarcar em trânsito, os quatro dirigiram-se ao check-in do vôo AF 139 da Air France.

Pilotado pelo comandante Michel Bacos, o avião francês decolou do aeroporto Ben-Gurion às 8h59, chegando em Atenas às 11h30.

Desembarcaram 38 passageiros e embarcaram 58, entre os quais, os quatro seqüestradores. O total a bordo era então de 246 pessoas, mais a tripulação.

No amanhecer, paira sobre Israel e o mundo um clima cheio de dúvidas. Uganda seria o destino final dos seqüestradores ou apenas uma escala para abastecimento? Como estaria reagindo o governo de Idi Amin Dada diante dos acontecimentos – seriam anfitriões hostis ou parceiros no seqüestro? Afinal, desde 1972, as relações entre Israel e Uganda não eram amigáveis, pois o governo israelense havia-se recusado a fornecer jatos Phantom ao país, sabendo que Uganda pretendia usá-los para bombardear o Quênia e a Tanzânia. Idi Amin havia, então, expulsado todos os israelenses do país.

As autoridades aeroportuárias em Israel e a estação de controle da Air France percebem que perderam contato com o vôo AF 139, alguns minutos após a decolagem em Atenas. Os ministros de Transporte e da Defesa, que participam da reunião semanal do gabinete com o primeiro-ministro Yitzhak Rabin, são imediatamente informados. Apesar de não saber ainda o que acontecia a bordo, o setor de Operações das Forças de Defesa de Israel (FDI) prepara-se para um eventual pouso da aeronave em Lod.

Em Israel, Rabin convoca ao seu gabinete alguns ministros – Peres, da Defesa; Yigal Allon, das Relações Exteriores; Gad Yaakobi, dos Transportes; e Zamir Zadok, da Justiça. Fosse qual fosse o desfecho da história, esses homens teriam que tomar decisões e estavam-se preparando para isso, pois já sabiam que dentre os passageiros havia 77 com passaporte israelense. Rígida censura é imposta aos meios de comunicação para que não divulguem listas de passageiros e para impedir a veiculação de informações que possam, de alguma maneira, ajudar os seqüestradores. Iniciam-se, também, contatos com os familiares dos viajantes.

Na terça-feira, dia 29, uma mensagem vinda de Paris revela os objetivos dos seqüestradores: a libertação até às 14h do dia 1 de julho de 53 terroristas – 13 detidos em prisões da França, Alemanha Ocidental, Suíça e Quênia, e 40 em Israel. Caso suas reivindicações não fossem atendidas explodiriam o avião com todos os passageiros.

Na quarta-feira, 30, França e Alemanha afirmam que não soltariam os terroristas, posição que se supunha seria a mesma de Israel, pois, desde sua criação em 1948, o país se recusava a se submeter às exigências do terror, a qualquer preço. A França, no entanto, revela uma certa flexibilidade ao anunciar que seguiria a posição do governo israelense que, até então, mantinha-se em compasso de espera, aguardando o desenrolar dos acontecimentos.

Na mesma quarta-feira, 47 reféns – exceto israelenses ou judeus – são libertados. O capitão Bacos e sua tripulação recusam-se a acompanhar o grupo, afirmando que não abandonariam os demais passageiros. Uma freira francesa também insiste em ficar, mas é impedida pelos terroristas e pelos soldados ugandenses.

A libertação de alguns reféns e a evidência cada vez maior de que o principal alvo dos terroristas era pressionar Israel, aumentam a tensão em Israel e a pressão dos familiares para que o país atenda às exigências dos seqüestradores. Nos círculos militares e altos escalões do governo, reuniões e mais reuniões são realizadas, além do levantamento de informações feito pela Inteligência em busca de dados que possam ser úteis a uma eventual ação de resgate. Novos nomes integram-se às reuniões entre as FDI e os ministros, entre os quais, o general brigadeiro Dan-Shomron, chefe dos pára-quedistas e oficial de infantaria; o general Benni Peled; e Ehud Barak, vice-diretor do Serviço de Inteligência das FDI.

Com a aeronave pousada no aeroporto de Entebe, Uganda, os sequestradores separaram os passageiros judeus dos não-judeus. No dia 03 de julho libertaram 47 reféns não-judeus. O Serviço Secreto de Israel montou durante esses dias uma completa operação para libertar os reféns. A ação final ocorre no dia 4 de julho, uma semana depois do sequestro. A missão de resgate libertou, finalmente, os 101 reféns não-israelenses e mais o comandante da aeronave, não-judeu, que se recusou a deixar o avião sem que todos os ocupantes fossem libertados.

O balanço final desse drama foi o seguinte: 1 soldado morto, 5 feridos, 7 terroristas mortos, 46 soldadados de Uganda mortos.

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