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Primeiro ouro olímpico do Brasil foi conquistado à bala há 100 anos

Guilherme Paraense conquistou para o Brasil a primeira medalha olímpica, de Ouro, nos Jogos Olímpicos da Autuérpia

Foi nesta data, em 03 de Agosto, do ano de 1920, há exatos 100 anos, que Guilherme Paraense conquistou para o Brasil a primeira medalha olímpica, de Ouro, nos Jogos Olímpicos da Autuérpia, na prova de Pistola Rápida de 30 metros. Foi assim, à bala, que nosso país abriu caminho para outras conquistas nessa que é a competição esportiva mais prestigiada do universo. 

Guilherme Paraense ganha ouro em tiro esportivo

O triunfo de Paraense não foi o único momento de destaque do Brasil na Antuérpia. Antes de ele brilhar, o país já havia conquistado duas medalhas no tiro esportivo. Uma de prata, com Afrânio da Costa, na prova dos 50m de pistola livre; e um bronze, na prova de pistola 50m por equipes, com um time formado por Afrânio da Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Guilherme Paraense e Fernando Soledade. Ainda hoje, 100 anos depois, o ouro de Guilherme Paraense e as outras medalhas de prata e bronze permanecem como as únicas do país na modalidade em Jogos Olímpicos. 

A primeira participação do Brasil em Jogos Olímpicos foi marcada por diversas aventuras que facilmente renderiam roteiro para filme. Cinco edições olímpicas já haviam sido disputadas quando o país enviou uma delegação de 21 atletas para competir na Antuérpia nas provas de natação, polo aquático, remo, saltos ornamentais e tiro esportivo. 

Competição de tiro esportivo

Naquela época, cruzar o Atlântico e chegar a um país no Velho Continente era um desafio para poucos. E as condições, como viriam a descobrir Guilherme Paraense e seus colegas atletas, não eram nada fáceis. 

A epopeia vivida pela delegação desde a saída do Brasil até a chegada à Antuérpia é retratada em detalhes pelo coronel da reserva Eduardo Ferreira. Nascido no Rio de Janeiro e atualmente vivendo em Fortaleza, Eduardo, 74 anos, é formado em educação física e por muitos anos foi atirador do Fluminense na prova de carabina. Ele é autor do livro “A história do Tiro Esportivo Brasileiro”, que deverá ser lançado antes dos Jogos Olímpicos do Rio, que começam no dia 5 de agosto. 

Nascido em Belém, no dia 25 de junho de 1884, Guilherme Paraense sempre foi um amigão de Valéria. Ela acumulou diversas lembranças queridas nos 13 anos em que conviveu com o avô, até a morte dele, em 18 de abril de 1968, no Rio de Janeiro, aos 83 anos. 

Competidor brasileiro

Em sua época de criança no Rio de Janeiro, a pequena Valéria Paraense Ferreira, hoje com 64 anos, vários deles dedicado à profissão de dentista, costumava passear ostentando um broche que chamava a atenção das pessoas, fossem elas adultas ou pequenas como ela. E sempre que alguém indagava por que ela o usava, a resposta enchia a menina de orgulho. 

“Eu tinha um broche que era um pequeno revólver. Quando alguém perguntava o que era aquilo, eu dizia que usava porque meu avô tinha conquistado uma medalha de ouro nas Olimpíadas no tiro esportivo. Eu dizia que ele era um campeão olímpico”, recorda Valéria. 

Mais do que um herói para a neta, Guilherme Paraense tem lugar de destaque na galeria dos grandes atletas olímpicos do país. Em 1920, nos Jogos da Antuérpia, na Bélgica, os primeiros a contar com atletas brasileiros, Guilherme Paraense conquistou a primeira medalha olímpica de ouro para o Brasil. A façanha veio na prova de pistola de tiro rápido 25m. Guilherme somou 274 pontos, resultado que lhe garantiu o topo do pódio por apenas dois pontos de diferença em relação ao medalhista de prata, o norte-americano Raymond Bracken. 

 “Ele era muito parceiro e sempre foi bastante presente. Eu fui para a escola pela primeira vez já alfabetizada por ele. Ele me ensinou a ler, me ensinou a andar de patins, a andar de bicicleta... Eu vivia o dia inteiro na casa dele e, nos fins de semana, também ficava lá com meu avô e minha avó”, recorda Valéria.

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