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Patativa do Assaré, maior poeta popular do Nordeste, morria há 20 anos

Semialfabetizado, aos 12 anos começou a fazer repentes e aos vinte anos de idade recebeu o apelido de Patativa do Assaré, um elogio à sua poesia

São hoje decorridos vinte anos da morte de Antônio Gonçalves da Silva, para falar mais claramente, daquele que aos vinte anos de idade ganharia o nome de Patativa do Assaré,e que se firmou como um dos mais celebrados poetas populares do Nordeste brasileiro. Semialfabetizado, aos 12 anos começou a fazer repentes e aos vinte anos de idade recebeu o apelido de Patativa do Assaré, um elogio à sua poesia, que seria comparável à beleza do canto dessa ave.

O cidadão cearense nos deixou aos 93 anos de idade, no dia 08 de Julho de 2002. Patativa segue influenciando a arte feita hoje, a exemplo do que acontece com o grupo pernanbucano Cordel do Fogo Encantado, que bebe na fonte do poeta para compor suas letras.

Patativa do Assaré, maior poeta popular do Nordeste, morria há 20 anos - Foto: Reprodução

Nascido em 1909, Patativa do Assaré foi um poeta e repentista brasileiro, um dos principais representantes da arte popular nordestina do século XX. Com uma linguagem simples, porém poética, retratava a vida sofrida e árida do povo do sertão. Projetou-se nacionalmente com o poema "Triste Partida" em 1964, musicado e gravado por Luiz Gonzaga. Seus livros, traduzidos em vários idiomas, foram tema de estudos na Sorbonne, na cadeira de Literatura Popular Universal.

Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva) nasceu no sítio Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. Foi o segundo dos cinco filhos dos agricultores Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva.

Com seis anos, perdeu a visão do olho direito em consequência do sarampo. Órfão de pai aos oito anos de idade teve que trabalhar no cultivo da terra, ao lado do irmão mais velho, para sustentar a família.

Com a idade de 12 anos, Patativa do Assaré frequentou uma escola durante quatro meses onde aprendeu um pouco da leitura e se tornou apaixonado pela poesia. Com 13 anos começou a fazer pequenos versos. Com 16 anos comprou uma viola e logo começou a fazer repentes com os motes.

Patativa do Assaré, maior poeta popular do Nordeste, morria há 20 anos - Foto: Reprodução

Descoberto pelo jornalista cearense José Carvalho de Brito, Patativa publicou seus textos no jornal Correio do Ceará.

O apelido de Patativa surgiu porque suas poesias eram comparadas com a beleza do canto dessa ave nativa da Chapada do Araripe.

Com vinte anos, Patativa do Assaré começou a viajar por várias cidades do Nordeste e diversas vezes se apresentou na Rádio Araripe. Viajou para o Pará em companhia de um parente José Alexandre Montoril, que lá morava.

Patativa passou cinco meses cantando ao som da viola em companhia dos cantadores locais. Nessa época, incorpora o Assaré ao seu nome. Patativa do Assaré que foi casado com D. Belinha, teve nove filhos.

Entre 1930 e 1955, Patativa permanece na Serra de Santana, quando compõe a maior parte de sua poesia. Nessa época, passa a declamar seus poemas na Rádio Araripe, quando é ouvido pelo filólogo José Arraes, que o ajuda na publicação de seu primeiro livro, “Inspiração Nordestina” (1956), onde reuniu vários de seus poemas.

Patativa do Assaré, maior poeta popular do Nordeste, morria há 20 anos - Foto: Reprodução

Mesmo com um linguajar rude falado pelo sertanejo, crivado de erros e mutilações, a poesia de Patativa do Assaré teve projeção por todo o Brasil com a gravação de "Triste Partida" (1964), pelo cantor Luiz Gonzaga:

Setembro passou

Oitubro e Novembro

Já tamo em Dezembro

Meu Deus, que é de nós,

Meu Deus, meu Deus

Assim fala o pobre

Do seco Nordeste

Com medo da peste

Da fome feroz. (…)

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