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Passados 48 anos da morte, vive a suspeita de que Neruda foi assassinado

Ele era um forte adversário e crítico implacável do ditador chileno general Augusto Pinochet

São decorridos hoje 48 anos da morte do Prêmio Nobel de Literatura, o grande poeta Pablo Neruda, considerado no mundo inteiro o maior ícone da literatura latino-americana. Morto em 23 de setembro de 1973, aos 69 anos, supostamente de câncer, ainda persiste em muitas pessoas, em várias partes do planeta, a suspeita de que Neruda teria sido assassinado.

Ele era um forte adversário e crítico implacável do ditador chileno general Augusto Pinochet, que 12 dias antes da morte do poeta tomara o governo do Chile das mãos do presidente democrata Salvador Allende, que foi assassinado durante a invasão dos militares ao Palácio governamental.

Ele era um forte adversário e crítico implacável do ditador chileno general Augusto Pinochet - Foto: Reprodução/Internet

Oficialmente, ele teria morrido em consequência de um câncer de próstata -, 11 dias após o golpe militar de 11 de setembro no Chile. Desde aquele dia, sua saúde havia se agravado. No dia, 19 fora transferido, às pressas, de sua casa, na Isla Negra, para Santiago, onde faleceu, no dia 23, às 22 horas e 30 minutos, na Clínica Santa María.

Fãs do poeta e personalidades defensoras das liberdades e da Democracia, sempre sustentaram que a causa da morte não teria sido uma decorrência do câncer, mas que Neruda teria de fato sido assassinado. Em 2011 um artigo recolheu declarações de Manuel Araya Osorio, assistente do poeta desde novembro de 1972 até sua morte. Segundo Araya, Neruda havia sido assassinado na clínica com uma injeção letal. Na mesma clínica, em 1982, o ex-presidente Eduardo Frei Montalva, supostamente morto em decorrência de complicações de uma hérnia, foi assassinado, conforme veio a concluir a Justiça chilena, em 2019.

Pablo Neruda teve reconhecimento internacional como poucos, e recebeu o Nobel de Literatura em 1971, enquanto ocupava o cargo de embaixador na França, nomeado pelo então presidente chileno Salvador Allende, deposto e assassinado pelo golpe comandado por Pinochet. Além de poeta renomado, em 1927 deu início a sua longa carreira diplomática quando foi nomeado cônsul em Rangum, na Birmânia. Em suas múltiplas viagens conhece em Buenos Aires Federico Garcia Lorca e, em Barcelona, Rafael Alberti. Em 1935, Manuel Altolaguirre entrega a Neruda a direção da revista Cavalo verde para a poesia na qual é companheiro dos poetas da geração de 1927. Nesse mesmo ano aparece a edição madrilenha de Residência na terra.

Em 1936, eclode a Guerra Civil espanhola. Neruda é destituído do cargo consular e escreve “Espanha no Coração”. Em 1945 é eleito senador. No mesmo ano, lê poemas libertários para mais de 100 mil pessoas no Estádio do Pacaembu em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes. Em 1950 publica “Canto Geral”, em que sua poesia adota intenção social, ética e política. Em 1952 publica “Os Versos do Capitão” e em 1954 “As uvas e o vento” e “Odes Elementares.”

Depois do golpe encabeçado pelo general Augusto Pinochet, "La Chascona", a casa de Neruda em Santiago, foi saqueada, e seus livros, queimados. O funeral do poeta foi realizado no Cemitério General, com a presença dos membros da direção do Partido Comunista. Embora o cortejo fosse acompanhado por soldados armados, escutaram-se desafiantes gritos em homenagem a Neruda e a Salvador Allende, enquanto era cantada "A Internacional". Terminada a cerimônia, muitos dos participantes não puderam fugir e acabaram por engrossar a lista de mortos e desaparecidos forçados da ditadura chilena.

Apesar das dúvidas geradas por sua morte repentina, foi necessário esperar quatro décadas para que a versão do assassinato ganhasse força. Isso aconteceu em 2011, com a publicação de declarações do motorista e assistente pessoal de Neruda, Manuel Araya, que afirmou que o poeta piorou depois que lhe aplicaram uma injeção no abdome

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