No dia 06 de abril de 1895, há 124 anos, o grande escritor e dramaturgo irlandês Oscar Wilde foi preso e condenado a dois anos de cárcere e a trabalhos forçados. Sua culpa foi exercer a prática da homoxessualidade, algo proibido na Inglaterra até há poucos anos dos nossos tempos.
Apesar de ser uma época onde havia um grande liberalismo, onde na Holanda já havia uma associação de homossexuais, estudava-se na Dinamarca um modo de consentir aos homossexuais uma forma de matrimônio com efeitos civis, existia na Inglaterra, amparado por uma lei promulgada em 1533 no Código de Henrique VII, o delito de homossexualidade – demonstrar apreço pelo mesmo sexo ou se transvestir, praticar sodomia, bem como o delito de penetração no ânus, os quais podiam variar de trabalhos forçados a prisão perpétua, o que terminou acontecendo com Oscar Wilde, e também com muitos outros artistas e intelectuais ao longo da história.
O juiz que conduziu o julgamento de Wilde, responsável por sua pena, foi verdadeiramente cáustico: “Até hoje nunca me coubera julgar uma causa tão asquerosa como a sua. É verdadeiramente necessário fazer um grande esforço para não traduzir numa linguagem que me recuso a adotar os sentimentos que depois de haver ouvido os pormenores deste ignóbil processo devem ser sucitados no, ânimo de qualquer pessoa respeitável para quem a palavra pudor tenha significado. De que o júri apresentou uma sentença justa, não posso ter a mínima dúvida; espero, de qualquer forma, que todos quantos talvez imaginassem que um juiz não se empenha a fundo na defesa do pudor e da moral, só para evitar influenciar os jurados num ou noutro sentido, possam compreender como esta imparcialidade não é incompatível com um sentimento de profunda indignação em presença dos horríveis fatos de que é culpado. Torna-se perfeitamente inútil que, nesta cadeira, lhe dê agora uma lição de moral; os que agem como agiu, precederam qualquer sentimento de vergonha, e não se pode esperar ter sobre eles a mínima influência. Repito que a sua causa é a mais asquerosa que jamais julguei. É pois, impossível, duvidar de que Taylor seja <a patroa> – desculpem, senhores jurados, a minha expressão – de uma espécie de um prostíbulo para homens. Quanto a você, Wilde, não se pode tão-pouco duvidar do fato de haver criado entre os jovens um verdadeiro foco de corrupção pior e mais ignóbil espécie. Nestas condições, não posso deixar de tornar a prisão ainda mais severa, segundo me autoriza a lei que, a meu ver, se revela ainda demasiado indulgente a seu respeito. Portanto, condeno-o a dois anos de cárcere, com trabalhos forçados.”
O escritor e dramaturgo irlandês Oscar Wilde ganhou notoriedade pelo único romance que escreveu, O retrato de Dorian Gray mas, apesar de ser plenamente justificável que o identifiquem imediatamente com o livro, não se pode descartar a farta e tão genial produção dramatúrgica de Wilde.
O período em que permaneceu preso, onde era obrigado a realizar trabalhos forçados, acabou debilitando-o física e emocionalmente, levando à morte em 1900.