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Mortes pelas chuvas em Petrópolis repetem 2011, quando morreram 918

Não é sem razão que cada chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro traz à tona o trauma da tragédia de 2011.

O “cenário de guerra”, como se reportam autoridades e ressoam os noticiários da mídia, que agora está sendo visto em Petrópolis- onde mais de 100 pessoas já foram mortas e cerca de 150 estão desaparecidas, em decorrência de ondas fortes de chuvas e deslizamentos de encostas-, nada mais é do que a repetição de um drama anunciado que domina a região serrana do Rio de Janeiro.

O que se vê agora, viu-se em dimensão ainda maior há onze anos, nesse mesmo período do ano, em Teresópolis, Nova Friburgo e na própria Petrópolis, quando as fortes chuvas, os deslizamentos e alagamentos deixaram um rastro de destruição, derrubando casas, pontes, escolas, destruindo matas, colocando mais de 35 mil famílias desabrigadas, no olho da rua, e causando o desolamento de mais de 900 pessoas mortas. Isso foi em Janeiro de 2011.

Não é sem razão que cada chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro traz à tona o trauma da tragédia de 2011, quando deslizamentos e enchentes deixaram 918 mortos em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Foi a maior catástrofe climática do Brasil. De acordo com os dados do Ministério Público, ao menos 99 vítimas seguem desaparecidas até hoje.

Em 2011, chuva na Região Serrana deixou mais de 900 mortos  Foto: Marcos de Paula/Agência Estado 

Os mortos e desaparecidos deste mês de fevereiro de 2022 (até o final do dia de ontem 108 corpos já haviam sido resgatados e cerca de 134 estão registrados como desaparecidos) poderiam ter sido evitados ou minimizados, se os gestadores públicos do País, do Rio de Janeiro e das prefeituras locais tivessem tomado as necessárias medidas de proteção.

Mas nada praticamente foi feito. A construção de moradias irregulares no topo das encostas continuou a ser feita de maneira desordenada, embora o governo informe que tenha feito grandes investimentos na região. E especialistas em meio-ambiente apontam uma tendência de que, ao longo dos anos, as áreas de risco estejam cada vez mais ocupadas, de acordo com o crescimento urbano do município. E com chuvas de grande porte, como a desta semana, é preciso tentar desocupar essas áreas, com antecedência e planejamento prévio.

Em 2011, os municípios mais afetados foram Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu, na Região Serrana, e Areal, na Região Centro-Sul do estado. Os serviços governamentais contabilizaram 918 mortes e em torno de 345 desaparecidos. Se considerarmos que esses desaparecidos, cujos corpos não foram localizados passados 11anos estão foram mortos, o número de vítimas fatais sobe para 1.263. A Secretaria de Estado da Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, reportou que 428 pessoas morreram em Nova Friburgo, 382 em Teresópolis, 71 em Petrópolis, 21 em Sumidouro, 4 em São José do Vale do Rio Preto e 1 em Bom Jardim. Já as desaparecidas foram 180 em Teresópolis, 85 em Nova Friburgo, 45 em Petrópolis e duas em Sumidouro. Ainda de acordo com o MP, outras 32 pessoas não foram encontradas em outras localidades da Região Serrana, até aquele momento, nos quatro municípios. Por último, cerca de 35 mil pessoas ficaram desalojadas em consequência dos desastres naturais.

Igreja de Santo Antônio, em Nova Friburgo, RJ, atingida pelo deslizamento provocado pela chuva em 2011. — Foto: Divulgação 

A tragédia foi considerada como o maior desastre climático da história do país, superando os 463 mortos do temporal que atingiu o município paulista de Caraguatatuba, em 1967. No entanto, a maior tragédia natural da história do Brasil ainda é a grande inundação ocorrida na Serra das Araras, em Janeiro de 1967, que, entre mortos e desaparecidos, vitimou cerca de 1 700 pessoas.

Em 2011, chuva na Região Serrana deixou mais de 900 mortos Foto: JOSÉ PATRÍCIO/ESTADÃO CONTEÚDO 

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