Todos os 78 tripulantes e passageiros de um avião russo abatido no ar por um míssel disparado por forças militares da Ucrânia, morreram, gerando dor entre os familiares das vítimas e sérios problemas diplomáticos entre os dois países.
A tragédia ocorreu em 04 de outubro de 2001, quando o mundo ainda vivia sob o impacto e o medo do 11 de Setembro, o ataque terrorista às torres gêmeas em Nova York.
A maioria dos mortos era formada por israelenses nascidos na Rússia. A Ucrânia, cujas Forças Armadas haviam primeiramente negado a responsabilidade, disse no dia seguinte que um míssil lançado durante exercícios militares na península da Criméia, no mar Negro, poderia ter causado o desastre. "A causa pode ter sido uma colisão acidental com um míssil S200 lançado durante exercícios ucranianos", afirmou Evhen Marchuk, chefe do Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia, em uma coletiva de imprensa para apresentar as descobertas preliminares da investigação.
"É difícil para mim, um cidadão ucraniano, dizer isso, mas há muita informação a favor dessa versão", declarou Marchuk no porto de Sochi, no sul da Rússia, onde a investigação está baseada.
Vladimir Rushailo, chefe do Conselho de Segurança da Rússia, afirmou na coletiva de imprensa que os investigadores tinham concluído que a explosão resultou de um ataque realizado por um míssil antiaéreo.
O medo inicial de que o avião pudesse ter sido alvo do terrorismo, depois dos ataques de 11 de setembro na Costa Leste norte-americana, rapidamente sumiu diante das suspeitas de que os exercícios ucranianos a 200 km do local da queda eram culpados.
Pouco depois do desastre, oficiais norte-americanos afirmaram que um satélite espião mostrou um rastro do míssil nas redondezas do local da queda do avião.
O ministro da Defesa e das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksander Kuzmuk, negou repetidamente nos dias após a queda que as suas forças fossem culpadas, dizendo que os exercícios estavam fora do alcance do avião, que ia de Tel Aviv à Sibéria.
Na quinta-feira, oficiais revelaram que Kuzmuk havia pedido demissão depois que relatórios apareceram implicando a Ucrânia, mas que o presidente Leonid Kuchma havia recusado seu pedido, querendo esperar o relatório da queda. Ontem, o ministro da Defesa disse que apoiava a declaração de Marchuk, mas não fez outros comentários.
Uma coletiva de imprensa com oficiais de alto escalão está marcada para hoje em Kiev.
Enquanto a aeronave caía, o controle de tráfego aéreo russo ouviu o piloto desesperadamente perguntar onde o avião sido atingido. "É tudo o que ouvimos. O piloto perguntou a um dos tripulantes do avião: "Onde fomos atingidos?'", disse Vladimir Zhukov, vice-líder do controle de tráfego aéreo do Norte do Cáucaso, ao jornal "Kommersant".