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Maior tragédia aérea com uma única aeronave, mata 520 pessoas

Além do grande número de mortos, a tragédia se destaca pela forma como algumas das vítimas lidaram com a possibilidade da morte

A maior tragédia aérea, em número de mortos, e envolvendo uma única aeronave, aconteceu nesta data, em 12 de Agosto de 1985, quando 520 das 524 pessoas a bordo do Boeing 747 da Japan Airlines, num voo entre Tóquio e Osaka, no Japão, perderam a vida, a quase totalidade delas mortas por asfixia. Só quatro pessoas sobreviveram.

A partir do momento em que foi detectada uma falha técnica no avião em pleno voo, até o desfecho final da queda da aeronave, todos os seus ocupantes passaram por um suplício inimaginável que durou cerca de 32 minutos. Os ocupantes do voo foram progressivamente passando pela falta de oxigênio, o que causou a morte lenta e sufocante de cada um.

Maior tragédia aérea com uma única aeronave, mata 520 pessoas - Foto: Reprodução

Além do grande número de mortos, a tragédia se destaca pela forma como algumas das vítimas lidaram com a possibilidade da morte. Entre o início e o desfecho do desastre, transcorreu um tempo inusitadamente longo – durante o qual muitos dos passageiros resolveram deixar à posteridade suas últimas palavras, rabiscadas em agendas e pedaços de papel. O voo, que decolou às 18 horas e 21 minutos, deveria durar uma hora, percorrendo os 400 quilômetros de Tóquio a Osaka. Era véspera de um feriado tradicional do Japão, e a aeronave estava lotada de pessoas viajando para encontrar as respectivas famílias.

Após 12 minutos da decolagem, começou o pesadelo. “Houve um barulho muito alto, em algum lugar lá nos fundos. No mesmo instante, a cabine se encheu de uma névoa branca”, relatou Yumi Ochiai, um dos quatro únicos sobreviventes do desastre. “Um buraco havia se aberto na fuselagem, e logo as máscaras de oxigênio começaram a cair.”

Maior tragédia aérea com uma única aeronave, mata 520 pessoas - Foto: Reprodução

Mais tarde, a perícia revelaria a causa do acidente. Cerca de sete anos antes, durante um pouso malfeito, a cauda batera contra a pista, e o solavanco danificara o selo traseiro, espécie de tampa que veda os fundos da aeronave, mantendo a pressurização da cabine de passageiros. O selo foi consertado de forma imperfeita e acabou arrebentando durante o voo. O rompimento da tampa abriu também uma rachadura na fuselagem. Pelo buraco, o ar da cabine começou a escapar em velocidade supersônica. A violenta ventania de ar despressurizado arrancou o estabilizador vertical – aquela barbatana gigante que fica na ponta da cauda. A partir daí, o avião ficou desgovernado.

Assim que perceberam a gravidade da situação, muitos passageiros apanharam lápis e canetas e começaram a escrever as últimas mensagens para suas famílias. Durante a operação de resgate, vários desses recados foram encontrados. Alguns eram muito curtos, rabiscados em sacos e pedaços de papel higiênico. Outros, escritos em folhas de agenda, eram mais longos – um deles tinha sete páginas.

Enquanto os passageiros escreviam, respirando por meio de máscaras e resistindo ao frio que invadia o avião, os pilotos tentavam estabilizar o Boeing e retornar ao aeroporto de Haneda, em Tóquio. Mas foi em vão. Alarmes apitavam sem parar e o avião começou a perder altitude em grande velocidade. No compartimento de passageiros, o administrador Hiroshi Kawagushi , 52 anos, escreveu as últimas palavras à mulher e aos filhos: “O avião está descendo rapidamente. Sou grato pela vida feliz que tive até hoje. Adeus”. O oxigênio das máscaras, que dura entre 15 e 28 minutos, estava acabando, mas não houve tempo para asfixia. Às 18h56, o voo 123 da Japan Airlines desapareceu dos radares e mergulhou nas encostas do Monte Osutaka ao pôr-do-sol. Quatro ocupantes, sentados na parte dos fundos, sobreviveram à falta de ar e ao impacto – incluindo uma menina de 12 anos, encontrada presa entre os galhos de uma árvore.

Maior tragédia aérea com uma única aeronave, mata 520 pessoas - Foto: Reprodução

Em número total de 520 mortos, esse desastre aéreo só perde para o desastre aéreo ocorrido em Tenerife, nas Ilhas Canárias Espanholas, quando dois Boeing 747, um pertencente à companhia KLM Royal Dutch Airlines, que vinha de Amsterdam, na Holanda, e o outro, um Boeing 747-121, da Pan Ameriican World Airways, que vinha de Los Angeles, EUA, chocaram-se no ar, matando 583 pessoas, sendo até hoje o mais trágico acidente da história mundial.

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