No dia 16 de dezembro de 1997, a justiça italiana declarou não haver culpados na morte do piloto brasileiro Ayrton Senna. A conclusão da justiça da Itália ocorreu três anos e sete meses após o acidente fatal que tirou a vida do grande campeão brasileiro, que bateu contra a mureta na curva Tamburello, uma das mais famosas da F-1, no Grande Prêmio de Ímola, em 01 de Maio de 1994.
O resultado das investigações trouxe enorme frustração, pois sempre, e ainda hoje, há justificadas suspeitas de que ocorreram falhas sérias causadas por negligência dos organizadores da prova. O acidente com Ayrton Senna ocorreu quando ele completa a sexta volta do GP de Ímola, com o alemão Michael Schumacher 0,675s atrás dele.
O piloto brasileiro passa reto na primeira curva e sai pela tangente. O piso de concreto não freia o carro e a William bate a quase 300 km/h no muro. O carro ricocheteia para a pista com os lados direito e da frente completamente destruídos. Senna bate a cabeça e fica desacordado.
Alguns crêem que a quebra na suspensão pode ter sido a causa do descontrole do carro. Pode ser. Michael Schumacher declarou que, momentos antes da batida, a traseira do carro de Senna abaixou bruscamente. Em seguida, o carro saiu de controle.
Sobre a hipotese de ter havido óleo na pista, isso realmente foi descartado, pois a prova estava no começo. Nenhum carro havia derramado óleo. Também não havia nenhuma mancha de óleo na entrada da curva Tamburello.
Quanto a alegação de alguns de que poderia ter havido erro de pilotagem, isso é quase certamente não. O Williams do piloto Ayrton Senna não derrapou. Foi direito para fora. Isso sugere que houve uma causa mecânica ou eletrônica.
Quanto a outra falha mecânica, como quebras de motor e câmbio fariam o carro frear. Furo de pneu faria o carro derrapar. O piloto francês Alain Prost, disse um dia após a morte de Senna que "o pesadelo de Imola é a demonstração da irresponsabilidade que reina hoje na Fórmula 1".
Nos treinos e na própria corrida em que Ayrton Senna morreu, ocorreram três acidentes graves, o que bem demonstra falhas dos responsáveis pela Fórmula 1. Vejam o que disse Alain Prost : "Foi um fim-de-semana incrível". Três acidentes graves com consequências diversas: um piloto morto, outro que escapou por milagre e, por último, um que luta pela vida."
Sobre Senna, Prost disse: "Ele foi meu rival, e muitas vezes foi até mais do que rival. Mas é um piloto, como eu fui por tanto tempo, e somos ambos apaixonados pelo automobilismo."
Prost considerou que havia uma diferença entre os dois. "Senna dedica ao automobilismo 100% de sua vida. Talvez 110%. Eu nunca fui tão longe, talvez tenha dedicado 85% ou 90%."
Prost disse que os acidentes evidenciam que era preciso voltar a pensar no problema da segurança dos pilotos. "Todos esses problemas não acontecem à toa. Nos esquecemos de pensar na segurança. Quando os carros estão naquela velocidade, não há muito o que fazer se algo dá errado."
Para Prost, os avanços tecnológicos estão direcionados exclusivamente para melhorar o espetáculo. "O objetivo não é fazer uma corrida mais segura, mas uma corrida melhor para o público. Há dois anos que não se fala mais em segurança."
Antes da conclusão de seu julgamento em 16 de dezembro de 97, a Justiça italiana trabalhou com hipótese de homicídio culposo para a morte de Ayrton Senna. Dirigentes do autódromo, da corrida e da equipe Williams passaram a ser investigados.
Chegou a ser emitido um "avvisi di garanzia" para Federico Bendinelli, presidente da Sagis, a empresa que administra o autódromo de Imola, onde foi realizado o Grande Prêmio de San Marino.
A lei italiana determina que toda pessoa envolvida num inquérito policial receba um "avviso di garanzia" (aviso de garantia), uma notificação informando que ela está sendo investigada.
A suspeita contra o presidente da Sagis era de homicídio culposo. O aviso não significa que ele fosse culpado, só diz que está sendo investigado num inquérito policial. O começo da investigação trabalhou nessa linha. Mas a conclusão final foi de que não teve culpado na morte de Senna.