A morte do piloto inglês de Fórmula 1 Roger Williamson, decorrente de acidente na pista registrado no Grande Prêmio dos Países Baixos, realizado em Zandvoort, na Holanda, em 29 de Julho de 1973, põe na nossa memória e dispara o alarme para gritante grau de insegurança que dominou o automobismo durantre, sobretudo, os anos 1950, 1960 e 1970. Apenas nessas três décadas, 39 pilotos perderam a vida em provas oficiais e em treinos da Fórmula I, representando mais de 80% das 46 mortes ocorridas em todos os tempos nesse esporte.
A morte de Williamson se deu quando seu carro capotou e pegou fogo. Preso no seu March em chamas, Williamson sucumbiu enquanto o compatriota David Purley parou e inutilmente tentou desvirar o carro do colega, sem que houvesse assistência adequada no circuito. Infelizmente, um ato heroico que acabou sendo inútil, numa época de insegurança absoluta na Fórmula 1.
Jackie Stewart dizia que correr em Zandvoort era como andar numa corda bamba sobre uma banheira de gasolina com um charuto aceso. E ele tinha toda a razão. O circuito holandês, embora bastante técnico, com curvas de diferentes raios, era tão inseguro naqueles tempos, que ficou fora do calendário de 1972 para que houvesse uma reforma nas barreiras e áreas de escape.
Nos anos 1950, 17 pilotos morreram durante corridas da Fórmula 1, número que caiu para 10 nos anos 1960 e para 4 na década de 70. Em 1980 foram registradas duas. Os pilotos da Grã-Bretanha foram os que mais sofreram acidentes fatais, com 12 mortes, seguidos pelos dos Estados Unidos, com 11 mortes.
Era difícil olhar para uma fotografia dos ases dos anos 50, andando em circuitos sem nenhum tipo de proteção, e não se perguntar: como esses caras aceitavam correr nessas condições de segurança? Obviamente estamos falando de uma época regida por outros pensamentos e valores: a morte era vista como consequência de um esporte inerentemente de risco, e não havia nada a se fazer contra tal prerrogativa.
Só a partir da década de 70, muito graças à ação vanguardista de Jackie Stewart, o tema “segurança” passou a ser tratado com mais esmero pela F1. Todas as mudanças que ocorreram dali por diante mexeram não apenas com a dinâmica das corridas, mas também com a paisagem dos circuitos onde elas eram e são disputadas. Tirando o trilho cinza de asfalto, absolutamente nada em um autódromo moderno de 2015 tem semelhança com as pistas de meio século atrás.