A Austrália viveu momentos de pânico e dor, quando incêndios irromperam em várias regiões do país, espalhando fogo em diversas áreas rurais e atingindo moradias e vilas e povoados. O resultado foi uma grande tragédia, com 173 pessoas mortas, milhares de animais e a destruição de casas e fazendas.
Tudo ganhou dimensão no dia 7 de Fevereiro de 2009.
As equipes de resgate tiveram pouco sucesso em resgatar com vida as pessoas. Um desses sobreviventes, de nome Cristopher Harvey, enquanto caminhava pela cidade de Kinglake, onde se registrou a maior parte das vítimas, gritava aos prantos: “ Todo mundo se foi. Todo mundo. Eles estão todos mortos ali nas casas. Todo mundo está morto.”
O quadro mostrado pela imprensa era desolador. Os incêndios se alastraram por vários dias, indo de 7 de fevereiro até 14 de março. Os incêndios foram consequência de uma forte onda de calor, raios e também de suspeitas de incêndio criminoso. Além dos 173 mortos, o fogo consumiu plantações agrícolas, florestas e parques nacionais.
O dia 7 de fevereiro de 2009 ficou sendo conhecido como “As Queimadas do Sábado Negro”. No dia 20 de fevereiro o número de mortos saltou para 209.
Era um calor humanamente insuportável, onde a temperatura alcançou 47,9 graus, na localidade de Laverton, próximo de Melbourne. O fogo se alastrou por mais de 12 mil hectares de florestas, plantações, vilas e cidades, levando tudo na sua fúria.
"Não há palavras para descrever isso senão como homicídio em massa", disse o primeiro-ministro Kevin Rudd a uma TV. "Esses números (de mortos) são chocantes (...), e temo que subam mais."
Muita gente morreu dentro de seus carros, tentando escapar, e outras pessoas foram vitimadas quando tentavam se proteger dentro de casa. Houve, porém, quem conseguisse escapar dentro de piscinas, açudes ou porões.
As chamas chegaram a atingir a altura de um edifício de quatro andares. Por causa do vento, que transportava brasas, novos focos surgiam até 40 quilômetros à frente do incêndio principal.
"Vai parecer com Hiroshima, eu lhe digo. Vai parecer uma bomba nuclear. Há animais mortos em toda a estrada", disse Harvey à imprensa local.
Mais de 750 casas foram destruídas, e há cerca de 78 pessoas hospitalizadas por causa de queimaduras e ferimentos. Muitos pacientes ficaram com mais de 30 por cento do corpo queimado, e, segundo o médico local De Villiers Smit, algumas lesões são mais graves do que as de vítimas do atentado islâmico de 2002 em Bali, em que a maioria das vítimas eram australianas.
Em Camberra, os legisladores suspenderam os trabalhos no parlamento durante o dia após expressar condolências às vítimas em nome da nação.