Pode ser até que muita gente desconheça essa história, mas é fato que o dia 27 de outubro é celebrado no mundo, como o Dia do Gato Preto. A data, comemorada pouco antes do Dia das Bruxas, surgiu para destacar a beleza desses felinos de pelo sedoso e levantar protestos e luta contra o preconceito que eles sofrem por sua cor, em especial nessa época do ano, ao longo da história. Os gatos pretos sempre foram cercados de maldição e, por isso, sempre foram perseguidos.
Na Idade Média, eram associados a forças do mal e muitas vezes foram queimados em fogueiras com as bruxas. Até hoje há quem acredite que eles trazem azar a quem cruzar seu caminho. Essa má fama tem consequências ruins para esses felinos, que acabam até sofrendo extrema violência em épocas como o Halloween ou dias próximos às sextas-feiras 13.
Além disso, esses gatos são, muitas vezes, os menos desejados para adoção e os que esperam por mais tempo para serem doados. As ONGS estão cheias de gatos pretos, muitos deles esperando há anos por uma família! Na ONG MundoGato, de São Paulo, há gatos pretos de todos os tipos e tamanhos e alguns deles esperam há mais de um ano por seu final feliz. Além da cor do pelo, eles têm em comum a personalidade carinhosa e sociável – do simpático Bóris, uma pantera de um ano cheio de garbo e elegância, ao Cairo, um docinho pronto para ser levado para casa, dois animais presentes na casa para adoção.
Embora a história registre essa incompreensível rejeição aos gatos pretos ao longo dos tempos, nem sempre foi assim em todos e lugares e épocas.No antigo Egito, os gatos eram considerados divindades, animais sagrados e prestigiados. Tamanha era a adoração ao animal, que uma das deusas egípcias mais adoradas, Bastet, era representada com corpo humano e cabeça de gato.
Bastet começou a ser cultuada por volta de 3000 a.C. e era a deusa da fertilidade, da reprodução, da música, da dança e do amor. Mas o real motivo da adoração aos gatos foram seus serviços contra uma das maiores pragas que a civilização enfrentava: a infestação de ratos.
Tamanho era o carinho pelos animais, que quando um gato da família falecia, os egípcios costumavam raspar as sobrancelhas em forma de luto. Alguns dos bichanos eram mumificados, de acordo com achados de arqueólogos no século XIX, em Tall Bastah, cidade no delta do rio Nilo.
Um milênio depois, mais especificamente em 2000 a.C, chegamos à Grécia Antiga, onde o contexto muda drasticamente e a primeira superstição referente ao gato preto surge.
Uma lenda declarava que Zeus engravidou Alcmena, uma princesa da época (e mãe de Hércules). A deusa Hera, esposa de Zeus e deusa da maternidade, ficou com raiva e tentou evitar o nascimento de Hércules, mas um contratempo salvou a vida da princesa grávida.
Uma criada de Alcmena interferiu nos planos de Hera para salvar a vida da mãe e da criança e, como punição, a deusa transformou-a em um gato preto, que foi obrigado a servir Hera até a morte.
Mas a verdadeira vilanização, perseguição e matança de gatos pretos iniciaram-se em intermédios da Baixa Idade Média, nos séculos XI ao XV, durante a Inquisição, um tribunal que ditava e julgava hereges, ou seja, pessoas não adeptas ao cristianismo.
Criada pela Igreja Católica, a Inquisição ganhou força inicialmente na Alemanha, França, Itália, Espanha e Portugal. Estima-se que o número de mortos decorrentes dos ‘julgamentos’ da Igreja Católica variam de 100 mil a milhões de vidas tiradas, apenas por não seguir o cristianismo.
O chamado Tribunal da Santa Inquisição perseguiu os gatos pretos por centenas de anos, apenas por possuírem a cor preta e estarem relacionados às ‘trevas’. Os católicos da época acreditavam que o animal possuía pacto com o Diabo, ou que era a própria encarnação do mesmo.
Durante o século XIII, foi criada uma lei que determinava condenação à fogueira caso a pessoa acolhesse um gato preto em casa.