O dia 16 de março de 1990 - hoje passados 31 anos -, foi fatídico para os brasileiros. Foi nessa data, passados apenas alguns meses de sua posse na Presidência da República, que Fernando Collor de Mello, determinou a sua ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, que fizesse o confisco de todas as cadernetas de poupança que tivessem valor superior a 50 mil
Cerca de 80% do dinheiro aplicado, não só em cadernetas de poupança e em contas correntes, mas, também, em aplicações financeiras, como o famoso “overnight”, ficou retido no Banco Central por 18 meses. Estima-se que o governo tenha confiscado o correspondente a cerca de US$ 100 bilhões, o equivalente a 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
Mesmo com toda a violência do Plano Collor contra o povo brasileiro, o Brasil aprofundou o mergulho na hiperinflação. Após feriado bancário, população enfrentou filas nas agências e comércio parou; em 90, PIB caiu 4,3% e inflação chegou a 1.620%.
O novo pacote econômico, batizado de Brasil Novo e popularizado como Plano Collor, incluía, entre outras medidas de estabilização, a troca da moeda (de cruzado novo para cruzeiro, sem corte de zeros), a criação de um imposto sobre operações financeiras, o congelamento de preços e salários por 45 dias, o aumento das tarifas de serviços públicos (gás, luz e telefone, entre outros), a extinção de 24 empresas estatais e a demissão de 81 mil funcionários públicos.
Nenhuma das 27 medidas anunciadas naquele dia, porém, surpreendeu tanto Miriam Leitão — e os 149,4 milhões de brasileiros que assistiram à coletiva em cadeia nacional de rádio e TV – quanto o bloqueio das cadernetas de poupança.
“Não temos mais alternativas. O Brasil não aceita mais derrotas. Agora, é vencer ou vencer. Que Deus nos ajude”, declarou Fernando Collor de Mello, em rede nacional, na manhã do dia 16.
Do dia 19 de março em diante, correntistas e poupadores, pessoas físicas e jurídicas, só conseguiram sacar 50 mil cruzados novos, cerca de R$ 8,3 mil em valores atuais. O restante seria devolvido, em 12 parcelas iguais, a partir de 16 de setembro de 1991, acrescidas de correção monetária e juros de 6% ao ano.
Mas muita gente, principalmente idosos aposentados, nunca conseguiu ter o dinheiro devolvido. Milhares de brasileiros tiveram seus sonhos interrompidos, milhares de empresas foram à falência muitos outros cidadãs e cidadãs, mergulhados no desespero, foram à consequência trágica do suicídio.
Collor de Mello, acusado de comandar um esquema de corrupção, teve seu impeachment votado pela Câmara dos Deputados. No dia da votação final , para não ser caçado, Fernando Collor renuncia à Presidência da República, jogando o Brasil numa crise política e social sem precedentes, que até os dias de hoje tem reflexos na vida dos brasileiros.