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Gabriel García Márquez, de Cem Anos de Solidão, nasceu em 6 de março

O conjunto de sua obra fez de García Márquez um dos mais importantes autores do século XX.

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Em 6 de março de 1927 nasceu Gabriel José García Márquez, em Aracataca, Colômbia, para transformar-se no escritor, jornalista, editor, ativista e político de dimensão extraordinária, admirado pelo valor de sua obra e reconhecido universalmente com a outorga do Prêmio Nobel de Literatura, que recebeu no ano de 1982. Se vivo estivesse, hoje faria 92 anos de idade.

O conjunto de sua obra, no qual se destaca o Cem Anos de Solidão, fez de García Márquez um dos mais importantes autores do século XX, com mais de 40 milhões de livros vendidos, e traduzido para 36 idiomas.

Sua afirmação na literatura ganhou repercussão na Europa nos anos 1960 e 1970. Seus livros refletiam sobre os rumos políticos e sociais da América Latina, e, de maneira mais abrangente, sobre a condição humana, especialmente da solidão. Afirmou o autor que toda sua obra foi um esforço em escrever um único livro: “O livro da solidão”. Teve como seu primeiro trabalho o romance "La Hojarasca" (A revoada; ou O enterro do diabo, em algumas edições em português), publicado em 1955. 

O livro Relato de um Náufrago, que conta a história verídica do naufrágio de Luis Alejandro Velasco, foi publicado em edições semanais no "El Espectador", e só foi publicada em formato de livro anos depois, sem que o autor soubesse. Em 1961, publicou "Ninguém escreve ao coronel", obra que, embora tenha representado um grande avanço no sentido de alcançar o domínio estrutural do romance, ainda não prenunciava o modo maravilhoso que iria guiar seus romances futuros. Ainda em 1962, publica outro romance, O veneno da madrugada, além de outro volume de contos, Os funerais da Mamãe Grande. Até então, a fama de García Márquez enquanto narrador estava circunscrita ao meio literário colombiano. 

Somente em 1967, quando publica Cem Anos de Solidão - obra prima que narra a história da família Buendía na cidade fictícia de Macondo, desde sua fundação até a sétima geração -, considerado um marco da literatura latino-americana e exemplo maior do estilo a partir de então denominado "Realismo Fantástico", é que o autor começa a ter seu talento reconhecido mundialmente. Aclamado instantaneamente como um dos maiores romances do século XX, Cem anos de solidão garantiu que a expectativa sobre os livros de García Márquez, daí em diante, fosse sempre a máxima possível. 

Ao sucesso absoluto de Cem Anos de Solidão seguiu-se a publicação de um outro volume de contos, A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada (1972), mais uma obra que exercitava o modo do real-maravilloso (como conceituara Alejo Carpentier). Depois de anos sem publicar nenhum romance, García Márquez escreveu aquele que considera como seu maior logro literário, O outono do patriarca (1975), livro que relata a história de um ditador sul-americano, com contornos prototípicos, que vive a situação absurda e solitária do "poder total". De tal maneira o livro foi bem-sucedido do ponto de vista da observação da alma interior daquele que detém o poder, que mereceu do general Omar Torrijos, que comandou o Panamá em estado de exceção de 1968 até 1981, a afirmação de que “’O seu melhor livro é O outono do patriarca: todos somos assim como você diz’”. Em 1981, publica novo romance, Crônica de uma morte anunciada, baseado na trágica história acontecida a Santiago Nasar, assassinado em frente à sua casa, depois de sua morte ter sido anunciada, sem que soubesse, a toda a cidade. 

Seu último grande livro foi O amor nos tempos do cólera, publicado em 1985, após ter sido laureado com o prêmio Nobel de Literatura, em 1982. O livro narra a história do amor de Florentino Ariza por Fermina Daza, livremente inspirado na história dos pais de García Márquez. Suas novelas e histórias curtas o levaram ao Nobel de Literatura em 1982. Em 2002, publicou sua autobiografia Viver para contar, logo após ter sido diagnosticado um câncer linfático. García Marquéz apontou, entre outros, como seus mestres os escritores Norte-Americanos William Faulkner e Ernest Hemingway.

Em abril de 2009 Márquez declarou que havia se aposentado e que não pretendia escrever mais livros. Essa notícia viu-se confirmada em 2012, quando o seu irmão, Jaime Garcia Marquez, anunciou que foi diagnosticada uma demência a Gabriel Garcia Marquez e que, embora estivesse em bom estado físico, havia perdido a memória e não voltaria a escrever.

García Márquez morreu em 17 de abril de 2014 na Cidade do México, vítima de uma pneumonia,pouco mais de um mês após completar 87 anos. O autor lutava contra a reincidência de um cancro que atingia seus pulmões, gânglios e fígado. Em 1999, ele já tinha conseguido superar um câncer linfático.

A morte do escritor repercutiu mundialmente, o à época presidente norte-americano Barack Obama declarou ser fã do autor, orgulhando-se de possuir um exemplar autografado por este de Cem Anos de Solidão e dizendo "o mundo perdeu um dos maiores e mais visionários escritores, um dos meus preferidos desde que eu era jovem", enquanto escritores como Luís Fernando Veríssimo declararam que García Márquez mudou a ótica do mundo com relação à América do Sul.

Sua vasta obra, consagrada por Cem Anos de Solidão, deixou marcos importantes, a exemplo de Ninguém Escreve ao Coronel, O Outono do Patriarca, e o extraordinário livro-reportagem Relato de um Náufrago.

A seguir, uma lista de suas obras:

A Revoada (O Enterro do Diabo) (La Hojarasca) (1955)

Relato de um náufrago (1955)

Ninguém escreve ao coronel (1961)

Os funerais da mamãe grande (1962)

A sesta de terça-feira (1962)

Má hora: o veneno da madrugada (1962)

Cem anos de solidão (1967)

A última viagem do navio fantasma (1968)

Um senhor muito velho com umas asas enormes (1968)

A incrível e triste história de Cândida Eréndira e sua avó desalmada (1972)

Olhos de cão azul (1972)

O outono do Patriarca (1975)

Maria dos prazeres (1979)

Crônica de uma morte anunciada (1981)

Textos Caribenhos (1948-1952) - Obra Jornalística - Volume 1 (1981)

Textos Andinos (1954-1955) - Obra Jornalística - Volume 2 (1982)

Cheiro de goiaba (1982)

Da Europa e da América - (1955-1960) - Obra Jornalística - Volume 3 (1983)

Reportagens Políticas (1974-1995) - Obra Jornalística - Volume 4 (1984)

O Amor nos tempos do cólera (1985)

O verão feliz da senhora Forbes (1986)

A aventura de Miguel Littín Clandestino no Chile (1986)

O general em seu labirinto (1989)

Crônicas (1961-1984) - Obra Jornalística - Volume 5 (1991)

Entre amigos (1990)

Doze contos peregrinos (1992)

Do amor e outros demônios (1994)

Notícia de um Seqüestro (1996)

Como contar um conto (1998)

Viver para contar (2002)

Memória de minhas putas tristes (2004)

Eu não vim fazer um discurso (2010)

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