O século 19 testemunhou o desenvolvimento intelectual de personagens que marcaram a história do pensamento do Ocidente e que, de formas diversas, seguem presentes nos debates da contemporaneidade. Sigmund Freud, que nasceu em 6 de maio de 1856 e ganhou o mundo ao criar a Psicanálise, teoria que segue desempenhando um relevante papel em diferentes áreas do conhecimento humano.
Nascido em Freiberg (atual Príbor, na República Tcheca), aos três anos, Freud mudou-se com a família para Viena, onde viveu até ser forçado a se exilar na Inglaterra, em junho de 1938, devido à perseguição nazista. Aproximadamente um ano depois, em 23 de setembro de 1939, ele faleceu em sua residência em Londres. Em seus escritos, desenvolvidos em mais de 40 anos dedicados à Psicanálise, Freud evidencia a grande capacidade de reflexão e de questionamento de seu próprio pensamento, característica que o levaria a transformações em sua forma de compreender a mente humana, de estruturar as bases da técnica para o tratamento psicanalítico e de formular ideias sobre a cultura e a civilização.
Iniciando a vida profissional como neurologista, Freud voltou seu interesse para o campo dos distúrbios de origem psíquica, notadamente para síndromes até então menosprezadas como os quadros histéricos. Esse interesse constituiu o início de um trabalho que o levou a repensar a mente humana, tanto em seus aspectos estruturantes quanto patológicos, defendendo a ideia de uma porção inconsciente do psiquismo que impacta sobre o livre-arbítrio daquilo que conhecemos de forma consciente.
Com essa nova visão, e estimulando os pacientes a fazerem associações livremente, Freud deu voz e palavras aos pacientes neuróticos que sofriam por deslocar seus conflitos inconscientes para o corpo (conversões), para pensamentos obsessivos e condutas compulsivas, tornando a psicanálise um recurso terapêutico importante para tratar o sofrimento humano.
Depois de uma trajetória centenária, e ainda que a cultura atual seja bastante diferente da era vitoriana de transição entre os séculos 19 e 20, e que a teoria e a técnica psicanalíticas tenham experimentado inúmeras transformações e acréscimos, podemos constatar a relevância da psicanálise em dar voz e palavras também àqueles que sofrem por conflitos do tempo atual de um relativismo extremado em que se perdem os limites, as responsabilidades e as funções atribuídas a certos papéis sociais.
Homenagear a Freud é prestar tributo à inestimável produção científica que ele nos legou, a qual mantém sua vivacidade e evidencia seu caráter atemporal que a faz permanecer como elemento relevante da cultura de nosso tempo.