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Extremistas são condenados por atentado a bomba no World Trade Center

Situado no sul de Manhattan, o WTC era um símbolo da potência econômica do Ocidente.

Antes de sua destruição em 2001, o World Trade Center, em Nova York já fora alvo de um primeiro atentado, em 26 de fevereiro de 1993. Seus autores foram presos em 4 de março de 1994, e condenados, mas nem tudo foi esclarecido. Era uma sexta-feira como qualquer outra, aparentemente. No World Trade Center,  20 mil pessoas compareceram ao trabalho e mais 80 mil estavam sendo esperadas ao longo do dia. Situado no sul de Manhattan, o WTC era um símbolo da potência econômica do Ocidente.

Um furgão Ford entrou na garagem do World Trade Center, um dos poucos estacionamentos subterrâneos em Manhattan. Pouco tempo depois, o veículo voava pelos ares. A explosão destruiu a garagem, abrindo uma enorme cratera de 60 por 30 metros, e aproximadamente quatro andares de profundidade.

A fumaça subiu até o 46º dos 110 andares do edifício. Seis pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas. No que antes fora a garagem, acumularam-se 6 mil toneladas de destroços. Os especialistas calculam que tenham sido usados 700 quilos de explosivos.

O atentado foi planejado com a intenção de derrubar o prédio. Como isso não aconteceu, seus construtores vangloriaram-se de que o WTC aguentaria até a colisão com um Boeing 707. Oito anos mais tarde, outros terroristas acabariam com o prédio e sua grandiloquência.

Em 4 de março de 1994, quatro homens foram condenados por realizar o bombardeio: Abouhalima, Ajaj, Ayyad e Salameh. As acusações incluíam conspiração, destruição explosiva de propriedades e transporte interestadual de explosivos. Em novembro de 1997, mais dois foram condenados: Ramzi Yousef, o cérebro por trás dos atentados e Eyad Ismoil, que dirigia o caminhão que transportava a bomba.

"Terrorista profissional"

A polícia, o FBI e a CIA se encontravam diante de um enigma. Quem estaria por trás do atentado? Seria uma represália do Iraque pela Guerra do Golfo? Os fanáticos religiosos do Irã não estariam querendo se vingar pela "arrogância americana"? Ou seria obra dos palestinos, cansados do apoio de Washington a Israel?

O acaso acabou contribuindo para esclarecer os fatos. Embora quase nada tivesse sobrado do furgão em que foram colocados os explosivos, sua placa foi encontrada, bastante amassada.

O veículo pertencia a uma agência de aluguel em Nova Jersey. O homem que alugara o furgão retornou à agência para exigir de volta o dinheiro do depósito. A polícia o prendeu, não demorando muito para identificar o grupo que realizara o atentado.

A figura principal era o árabe Ramzi Youssef, imigrado para os EUA em 1992. Ele se considerava palestino, dizia que nascera no Kuwait e depois se naturalizara paquistanês. No entanto, havia entrado nos Estados Unidos com um passaporte do Iraque.

Treinamento no Afeganistão

Youssef estivera num campo de treinamento militar no Afeganistão, destinado a preparar os novos "recrutas" dos grupos terroristas dos países árabes.

Outro integrante do comando responsável pelo atentado contra o World Trade Center, Mahmoud Abuhalima, também tivera treinamento no Afeganistão.

Os demais não tinham ficha policial nem registro nos serviços secretos. Contudo, eram adeptos de um líder religioso egípcio cego, que deixara seu país por agitar contra o governo, refugiando-se em Nova Jersey.

Tratava-se do xeque Omar Abdul Rahman, também detido. O governo do Egito, porém, não se interessou por sua extradição.

Advertências do Egito

As autoridades egípcias tinham indícios de que algo estava em planejamento e advertiram Washington em mais de uma ocasião. "Recebemos muitas informações, que repassamos ao serviço secreto americano. Mas não tínhamos nenhuma indicação concreta de que haveria um atentado contra o World Trade Center", declarou na época o presidente egípcio, Hosni Mubarak.

O xeque havia entrado várias vezes nos Estados Unidos com passaporte sudanês falso, mas as autoridades não tomaram providências. Provavelmente porque ele poderia ser condenado à morte, se fosse extraditado.

Parece ainda que Washington conseguiu convencer o presidente egípcio a não solicitar a entrega do líder fundamentalista islâmico. "Não exijo que Abdul Rahman volte para o Egito. Fiquem com ele nos EUA, se quiserem. Talvez seja até melhor assim", disse Mubarak numa entrevista.

Motivos não ficaram claros

Como a Justiça egípcia tampouco tomou a iniciativa de exigir sua extradição, Abdul Rahman acabou sendo condenado à prisão perpétua nos EUA como mandante do atentado, juntamente com seus autores.

No entanto, não foram apresentadas provas de seu envolvimento direto, e tampouco os motivos dos outros terroristas jamais ficaram esclarecidos. Quem analisa suas declarações perante a Justiça nota que eles são fanáticos religiosos, mas isso não basta como motivo do crime.

Por outro lado, a hipótese de que estariam a serviço de um país inimigo também não convence. Se, por exemplo, o Iraque tivesse financiado o atentado, seus autores estariam mais bem equipados, teriam construído uma bomba mais potente e poderiam ter escapado.

Ao que tudo indica, Ramzi Yousef, o "terrorista profissional" do grupo, convenceu os demais, ao apelar a seus ideais religiosos que, por sua vez, foram insuflados pelo xeque Abdul Rahman.

Enfim, o atentado de 26 de fevereiro de 1993 foi obra de um pequeno grupo de extremistas fanáticos. Na época, pareceram exageradas suas ameaças de que haveria mais de 150 terroristas nos EUA decididos a tudo.

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