Um desastre gigantesco, consequente da queda de um avião da American Airlines sobre um bairro residencial de Nova York minutos após ter decolado, causou a morte de todas as 260 pessoas a bordo. Em terra, calcula-se que seis e oito pessoas também tenham morrido.
Essa grande tragédia aconteceu no dia 12 de Novembro de 2001 e é considerado o maior acidente aéreo em área urbana dos Estados Unidos. Apesar de a polícia trabalhar com a hipótese de acidente, não foi descartada a possibilidade de atentado, e o fato serviu para reviver o pânico e a insegurança numa cidade que ainda se recupera do ataque terrorista que derrubou o World Trade Center há dois meses e um dia.
O Airbus A300-600 decolou do aeroporto John Fitzgerald Kennedy às 9h14 de 12 de Novembro(12h14 de Brasília) e caiu pouco depois, em Rockaway Beach, um bairro de classe média baixa do Queens, região administrativa da cidade.
O vôo se dirigia a Santo Domingo, na República Dominicana, e levava cerca de 150 passageiros daquela nacionalidade. Os imigrantes do país formam uma das maiores comunidades de Nova York, com cerca de 455 mil pessoas.
Bombeiros que se manifestaram no local estimaram que 12 casas foram atingidas, quatro delas destruídas. Segundo eles, uma das turbinas da aeronave pegava fogo antes de o avião cair. Isso pode explicar o fato de ter havido pelo menos dois focos de fogo no solo, um causado pelos destroços principais do avião e outro pelo que se acredita ser uma das turbinas. O outro motor teria atingido um barco estacionado no quintal de uma casa.
De acordo com o prefeito Rudolph Giuliani, uma quarta parte, do estabilizador vertical, caiu na baía de Jamaica, ao lado do local do acidente. O fogo foi dominado em tempo recorde, o que levou os hospitais da região a registrarem poucos casos de intoxicação.
No final da noite, Giuliani confirmou que não havia sobreviventes e que 225 corpos já haviam sido recuperados. Ao receber a notícia da queda pela manhã, disse apenas: "Meu Deus!". Segundo a Casa Branca, o FBI (polícia federal) acredita que tenha havido uma explosão no avião. A possibilidade de problemas meteorológicos foi descartada, já que, no momento do acidente, o dia era de céu claro.
De acordo com o governador do Estado, George Pataki, o piloto teria despejado parte do combustível dos tanques sobre a baía de Jamaica, o que reforça a hipótese de que tenha ocorrido uma falha mecânica no avião. Embora não acreditem na possibilidade de atentado, as autoridades estão trabalhando com todas as alternativas. São poucos os argumentos favoráveis a um ataque, já que a torre não registrou incidentes nas conversas que teve com os pilotos, e o FBI e a CIA disseram não ter tido qualquer indício de que uma ação do tipo estivesse para ocorrer.
A polícia espera obter mais informações numa das duas caixas-pretas do avião, já encontrada. A caixa-preta registra os acontecimentos do vôo. Uma das questões levantadas era o que teria motivado o vôo a atrasar sua partida em mais de uma hora: o horário original de saída era 8h.
Logo que soube do ocorrido, o presidente George W. Bush conversou com Giuliani e se reuniu na Casa Branca com o secretário da Segurança Interna, Tom Ridge. "As pessoas não devem fazer especulações em relação à causa", disse o prefeito. "Nem mudar nada do que já haviam planejado. Estamos sendo testados mais uma vez e passaremos também por este teste."
Com ele concordou o porta-voz da Administração Federal de Aviação: "Neste momento, estamos tratando o caso como um acidente, e não como ato terrorista", disse William Shumann.
Mas o fato de o acidente ter acontecido exatamente no dia seguinte ao aniversário de dois meses do ataque ao World Trade Center e na mesma semana em que dirigentes de países do mundo todo se reúnem na ONU, no centro de Nova York, para a sua Assembléia Geral, deixou os nova-iorquinos nervosos. Como precaução, a sede da entidade foi esvaziada.
O mesmo ocorreu com o Empire State Building, o prédio mais alto da cidade. Ainda, nas primeiras horas após o acidente, os três aeroportos da região de Nova York foram fechados -além do JFK, o LaGuardia e o de Newark, no Estado vizinho de Nova Jersey.
Às 18h30 (21h30 de Brasília), o JFK, o último que continuava interrompido, voltou a funcionar. Todas as pontes e túneis que ligam Manhattan com o continente também foram temporariamente fechadas. À noite, apenas as que levam à região de Rockaway Beach, local do desastre, continuavam fechadas.
Um número não determinado de caças da Força Aérea dos EUA patrulhou os céus de nova York logo após a queda. O envio fez parte de um constante estado de alerta das forças militares dos Estados Unidos, precaução tomada após os ataques terroristas de 11 de setembro, que mataram mais de 4.500 pessoas.