No dia 12 de junho de 1994, tendo como palco o Sydney Entertainment Centre, em Sidney, na Austrália, o Brasil, com sua inesquecível equipe de Basquete Feminino, alcançava uma das maiores consagrações do seu esporte, coroando a garra, o brilho e a qualidade de Hortência, Paula, Janeth, Alessandra, Leila Sobral, e outras brilhantes jogadoras, comandadas pelo técnico Miguel Ângelo da Luz.
Hortência, Paula e Janeth foram os grandes nomes dessa memorável conquista, não só pelo desempenho na partida final, quando surpreendeu o mundo e derrotou a China por 96 a 87, sagrando-se, portanto campeã mundial, mas durante toda a trajetória desse grupo, cuja qualidade o Brasil jamais teve condições de repetir.
Esta foi a primeira e única conquista do Brasil na história da competição, coroando uma geração que tinha estrelas como as veteranas Hortência e Paula, à época com 35 e 32 anos, respectivamente, e jovens promissoras como Janeth, 25, e Alessandra, 20.
Sem estar entre as favoritas, as brasileiras chegaram ao Mundial tendo como grande feito a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Havana, em Cuba, três anos antes. Na Austrália, elas estrearam diante de Taipé Chinesa e venceram com facilidade, 112 a 83. Porém, a segunda partida teve uma derrota para a Eslováquia, por apenas um ponto (89 a 88), o que obrigou o time comandado por Miguel Ângelo da Luz a vencer a Polônia, no último jogo do Grupo C, para avançar de fase. Com 27 pontos da cestinha Hortência, o Brasil venceu por 87 a 77 e passou às quartas de final.
Pelo regulamento, a segunda fase foi dividida em dois grupos de quatro equipes, com os dois melhores se classificando para as semifinais. No primeiro jogo, uma grande vitória sobre Cuba (111 a 91), com um show de Janeth, autora de 38 pontos. Na sequência, uma derrota para a China, por 97 a 90. As chinesas tinham a gigante pivô Zheng Haixia, de 2,04m, que dexcou a quadra com 31 pontos e 14 rebotes. Dessa forma, os semifinalistas seriam definidos na última rodada, quando o Brasil enfrentou a campeã europeia Espanha, da ala-pivô Blanca Ares, que marcou 36 pontos. Porém, o trio Hortência, Janeth e Paula somou 66 e garantiu a vitória por 92 a 87.
O rival da semifinal era o mais temido de todos. Vencedora de três dos quatro últimos mundiais e vice-campeã em 1983, quando o Brasil organizou o torneio, a seleção dos Estados Unidos ostentava uma invencibilidade de 21 partidas no torneio. A última derrota havia sido exatamente na decisão de 1983, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, para a extinta União Soviética.
Mas mesmo diante de todo o poderio norte-americano, a seleção brasileira fez um excepcional confronto. Hortência anotou 32 pontos, Paula fez outros 29 e Janeth marcou mais 22. A grande atuação ainda teve 13 pontos e oito rebotes da ala-pivô Leila Sobral, de apenas 19 anos. Com um placar apertado de 110 a 107, o Brasil venceu e garantiu a inédita presença na final.
Vice-campeã olímpica, a China foi a adversária na disputa da medalha de ouro. A partida ainda foi uma revanche do confronto da segunda fase. Com cinco jogadoras marcando 10 ou mais pontos, Hortência (27), Janeth (20), Paula (17), Leila Sobral (14) e Alessandra (10), as brasileiras superaram a desvantagem em relação à gigante Zheng Haixia, que mesmo assim conseguiu um duplo-duplo de 27 pontos e 11 rebotes. No placar final, 96 a 87 para as novas campeãs mundiais.
Com o título mundial no currículo, o Brasil ainda disputou os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, e garantiu uma inédita medalha de prata, em decisão diante dos Estados Unidos.