Em 17 de Outubro de 1977 chegava ao fim um dos episódios mais dramáticos da Alemanha, uma ação terrorista que deixou em polvorosa , durante cinco inquietantes dias, autoridades e povo alemães e gerou apreensão e interesse em todo o mundo. Encerrava-se, de modo espetacular, o sequestro do Boeing 737-200 , o voo Lufthansa 181 , que fazia o percurso entre Palma de Maiorca, na Espanha, e Frankfurt na Alemanha, e foi sequestrado em 13 de outubro de 1977 por quatro membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP).
A aeronave, conhecida como Landshut, transportava 86 passageiros e cinco tripulantes, e durante cinco dias vagou entre a Europa, o Oriente Médio e a África, enquanto se desenrolavam as negociações, até ser invadida por um comando antiterrorista alemão em Mogadíscio, na Somália, na noite de 17 de outubro, quando os passageiros foram libertados ilesos e três dos quatro sequestradoras mortos.
O sequestro foi feito em apoio às ações do grupo extremista alemão Fração do Exército Vermelho, também conhecido como Grupo Baader-Meinhof e foi o ponto culminante da crise conhecida como Outono Alemão.
O sequestro é um dos episódios mais marcantes do chamado Outono Alemão, período entre setembro e outubro de 1977 em que as operações da RAF, organização guerrilheira alemã de extrema esquerda, atingiram o auge do radicalismo.
Para libertar os passageiros, o grupo exigia que o governo alemão soltasse integrantes da RAF presos na Alemanha. O governo alemão se recusou a libertá-los. Antes de pousar em Mogadíscio, durante o sequestro, o avião fez paradas para reabastecer em Roma, Lárnaca, Bahrein, Dubai e Áden.
No dia 16 de Outubro os sequestradoras mataram a tiros o piloto do avião. Após o assassinato, que se deu em frente aos passageiros, o copiloto foi obrigado a continuar sozinho a dramática jornada. Na capital somali, forças especiais da polícia federal da Alemanha conseguiram libertar a aeronave.
Depois do sequestro, a aeronave continuou transportando passageiros da Lufthansa até ser vendida pela empresa alemã em 1985. O Landshut teve vários proprietários e passou a levar cargas.
No começo dos anos 1980, esse avião passou a ter um vínculo permanente com o Brasil, passando, como propriedade da RAF, a fazer transporte de carga entre a Alemanha e a cidade de Fortaleza, no Ceará, uma atividade que se desenvolveu até o ano de 2008.
Devido a pendências judiciais da empresa, o avião foi penhorado e desde esse, até 2017, ficou parado no cemitério de aviões da capital cearense.
Mas, após esforços alemãs comandados pela Primeira Ministra Angel Merkel , o Governo alemão resolveu repatriar Boeing 737-200, numa operação engenhosa e trabalhosa que se concretizou em setembro de 2017. O avião foi todo desmontado e embarcou de volta à Alemanha num cargueiro russo, em tempo de ser remontado num museu para celebrar os 40 anos do triste episódio que o povo alemão guarda na memória com tristeza e respeito.
Do cemitério de aviões do pátio do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza (CE), o Boeing foi levado para Friedrichshafen, uma cidade turística da Alemanha, às margens do Lago Bodensee e que faz fronteira com Áustria e Suíça. O 737-200 agora exposto no Museu Aeroespacial Friedrichshafen como ícone de um esforço contra o terrorismo.