Em 31 de Outubro de 1996, decorridos hoje 23 anos, o avião Fokker 100 da empresa aérea TAM, de prefixo PT-RNK, que fazia o voo 402, sofreu acidente fatal ao decolar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, caindo sobre casas no bairro de Jabaquara, matando 99 pessoas, sendo 96 a bordo da aeronave (90 passageiros e 6 tripulantes) e três pessoas que se encontravam em terra, nas suas casas. Entre as vítimas, estavam dezenas de empresários e executivos.
A bordo, o plano do vôo 402 indicava que o avião deveria chegar à cabeceira dos 1.800 metros de pista, a mais de 33 metros de altura. Acelerando em linha reta, o piloto José Antônio Moreno, 35 anos de idade e nove mil horas de vôo, ganharia pelo menos 165 metros de altura quando, então, faria uma curva à esquerda. Seria o caminho certo para levar 90 passageiros e mais ele, e outos cinco tripulantes ao Rio de Janeiro.
A aeronave havia decolado às 8h26 e caiu dois minutos depois, às 8h28, sobre diversas casas no Jabaquara, zona sul paulistana. Antes de cair, a asa do avião bateu em um prédio de dois andares e partes da fuselagem atingiram cerca de dez casas.
Passados menos de 30 segundos do início da decolagem, o mecânico Antônio Bueno ouviu um barulho estranho. De dentro de um hangar da Líder Táxi-Aéreo, localizado próximo à cabeceira 35, ele se virou. Sabia que era o barulho do reverso, o movimento que inverte o fluxo do ar e abre a parte traseira da turbina em forma de concha para auxiliar a frenagem na hora do pouso. "Quando eu ouvi o barulho, olhei e vi a concha se abrindo, e outra vez e outra vez. Corri com outros colegas para o meio da pista e vimos o avião caindo".
O Fokker não conseguiu ultrapassar os programados 33 metros de altura. Segundo registraram os radares do Centro Integrado de Defesa Aérea (Cindacta) e Controle do Tráfego Aéreo, sua velocidade batia em 300 quilômetros por hora.
Tinha os tanques cheios de querosene e viajava com apenas 18 lugares vazios. Despregado do chão, balançou para a direita. "O avião não conseguiu voar", afirma uma fonte da Aeronáutica. No jargão dos pilotos, isto significa que a aeronave teve problema de motor, como diz Bueno, ou de comando. O comandante Moreno tinha três mil horas de vôo em Fokker 100. O co-piloto Ricardo Luís Gomes Martins, 27 anos, tinha quatro mil horas de vôo, 160 delas em Fokker 100.
Segundo testemunhas que assistiram à decolagem do jato, o Fokker 100 da TAM não chegou nem a recolher o trem de pouso e já começou a perder altitude, caindo em direção às casas.
"Vi homens desmaiando e mulheres apavoradas saindo correndo de casa carregando os filhos. Parecia uma cena da guerra do Iraque. Foi horrível!", afirmou o publicitário Itamar Freire Lima, 38 anos.
Ele disse ainda que poderia estar incluído entre as vítimas do acidente, já que a aeronave atingiu diversos carros e casas. "Estava parado no sinal a poucos metros do local do acidente", falou.
O diretor do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo e mecânico de manutenção da Varig, Juscelino Ferreira dos Santos, disse que estava próximo à pista do aeroporto na hora do acidente. "O avião deu uma guinada para a direita antes mesmo de alcançar a altitude padrão", contou. Segundo ele, isto poderia indicar que a aeronave apresentou problemas mecânicos.
O trabalho do Corpo de Bombeiros e dos legistas do IML se alongou por toda a noite. Os corpos resgatados eram envoltos em plástico e espalhados pela calçada. Os corpos das vítimas do acidente com o jato da TAM foram colocados na Rua Luís Orsini de Castro. O bairro do Jabaquara, atingido pela queda do avião, teve a energia elétrica, luz e telefone cortados devido ao acidente.
Além das 99 pessoas que perderam a vida no trágico acidente, 22 imóveis próximos à pista do aeroporto foram destruídos.