A explosão de bombas dentro do aeroporto internacional de Domodedovo, na região metropolitana de Moscou, matou pelo menos 38 pessoas e feriu mais 138, muitas delas com gravidade, segundo o Ministério da Saúde da Rússia. Autoridades atribuíram a explosão a um atentado suicida.
Imediatamente após o atentado, uma equipe de investigadores foi enviada ao aeroporto para apurar o caso, e logo surgiram relatos de que um homem-bomba foi identificado. O presidente russo, Dmitri Medvedev, ordenou que a segurança fosse reforçada em todos os aeroportos do país e que fosse criada uma comissão de inquérito para apurar o caso.
“Depois de eventos similares (em referência a atentados prévios), criamos legislação apropriada. Temos que checar se ela foi aplicada, porque obviamente houve lapsos (de segurança). Temos que chegar ao fundo disso”, disse o presidente.
Domodedovo é o aeroporto mais movimentado que serve Moscou, sendo utilizado por muitos executivos e turistas. Ele está localizado a 42 km do centro da capital russa.
Segundo o correspondente da BBC em Moscou Steve Rosenberg, a polícia foi colocada em alto nível de alerta na capital russa e passou a procurar itens suspeitos no sistema de transporte público da cidade.
Segundo a agência russa RIA Novosti, muita fumaça podia ser vista no aeroporto após a explosão. Um forte cheiro de queimado também era notado. No serviço de microblogging Twitter, testemunhas afirmam que Domodedovo foi cenário de uma "carnificina".
"Nós estávamos saindo da área de desembarque em direção aos carros e houve esta explosão poderosa, um barulho enorme", disse à BBC o britânico Mark Green, que havia chegado a Domodedovo pouco antes do incidente.
"Nós então não sabíamos que era uma explosão, e meu colega e eu nos olhamos e dissemos, 'Cristo, isso se parece com um carro bomba ou algo do tipo'", afirmou Green. "O barulho literalmente sacudiu as pessoas."
Outro passageiro, um australiano, contou que estava na fila de imigração quando ouviu um estrondo que fez as paredes tremerem. “Quando chegamos na área de desembarque do aeroporto, vimos diversos corpos, além de pessoas feridas que não conseguiam nem falar.”
Moscou já havia sido alvo recente de atentados de grupos extremistas em março de 2010, quando duas mulheres-bomba mataram 40 pessoas no metrô da capital. Os ataques foram reivindicados por separatistas da região da Chechênia, que dizem querer unir ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso em um Estado islâmico independente.
O comentarista de segurança da BBC Gordon Corera explica que as suspeitas do atentado em Domodedovo também recaem inicialmente sobre os grupos rebeldes do Cáucaso.
Esses militantes, diz Corera, tentam embutir na população a percepção de que o governo de Medvedev é incapaz de prover segurança.
A agência russa Interfax diz ter sido informada extraoficialmente de que a polícia encontrou uma cabeça de "aparência árabe" que supostamente pertenceria ao responsável pela explosão. Segundo a agência, o homem era morador do Norte do Cáucaso, região predominantemente muçulmana.
Segundo disse uma fonte oficial à RIA Novosti, os serviços de segurança russos haviam recebido um alerta sobre a possibilidade de um ataque terrorista no aeroporto moscovita.
“Investigadores estavam buscando três suspeitos, mas eles (os supostos extremistas) conseguiram entrar no aeroporto sem encontrar obstáculos, acompanhar o momento da explosão, feita por um de seus cúmplices, e depois deixar o aeroporto”, disse a fonte não identificada.
Em comunicado, o presidente dos EUA, Barack Obama, condenou “esse atroz ato terrorista contra o povo russo no aeroporto de Domodedovo” e expressou “solidariedade do povo americano com o povo russo, após esse ataque premeditado contra civis inocentes”.
O Itamaraty comunicou que o governo brasileiro "recebeu com consternação a notícia do ataque" e que "deplora a ação de grupos radicais que recorrem a atos de violência contra civis".
Autoridades britânicas e da União Europeia também enviaram mensagens de condolências ao governo russo, e o secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon, se disse "horrorizado com o terrível atentado".
Medvedev adiou sua viagem a Davos, para o Fórum Econômico Mundial, por conta da tragédia desta segunda-feira.