Em meio ao pranto, à dor e ao pavor que tomou conta de Paris após os atentados terroristas praticados no dia 13 de Novembro de 2015, que deixaram um rastro sangrento na Cidade Luz e também em Saint-Denis, e que deixaram o saldo de 180 pessoas mortas e mais de 350 feridas, o Estado Islâmico emitiu um comunicado assumindo a autoria desses atentados e fazendo uma advertência macabra aos franceses:
“Queremos que fiquem atemorizados e paralisados. Vocês constituem a “capital das abominações e da perversão”, disseram, em 14 de novembro, um dia após as ações terroristas, num comunicado lançado à população.
Os alvos atacados pelos terroristas foram cuidadosamente escolhidos. Eles Atacaram os símbolos da cidade, pontos históricos de encontro e diversão de parisienses e visitantes. Assim foi na sala de espetáculos Bataclan, local em que os terroristas deixaram 89 pessoas mortas. Pessoas que apenas se divertiam. Seu pecado era admirar seres humanos: músicos, cantores, artistas. Eles os mataram por serem ávidos de alegria, por exercer a mística da música. Um ódio tão incompreensível como perigoso e assassino.
Diante da tragédia que matou tantas pessoas e do comunicado amedrontador, franceses faziam seu desabafo: ”Não querem que dancemos. Que escutemos música. Que nossos beijos se misturem com risadas. Amar. Divertir-se. Curtir a vida. Compartilhar jantares e almoços. Beber. Comer. Ocupar o espaço público. Sentir-se livre.
Os franceses desabafavam :
“Detestam que as mulheres leiam, escrevam, pensem e decidam por si mesmas. Sobre seu corpo, seus afetos e suas vidas. Não querem que as meninas estudem, por isso atiraram em Malala, no Afeganistão, que queria ir à escola. Tiros para castigá-la, para assustá-la, para matá-la.
Os atentados atingiram pessoas inocentes em bares e restaurantes, salões de festas, estádios e ruas. Tudo o que caracteriza um modelo de liberdades em um espaço público.
Agiram de noite. Uma sexta-feira. Justo quando a Cidade-Luz se ilumina com a luz dos gozos e dos prazeres, com as sobras das emoções e dos afetos, com a claridade das artes. Quando a vida parece eterna. Quando a noite protege os amantes, os cúmplices, os amigos. Chegaram de noite, para torná-la eterna, para que não tivéssemos um amanhã, e ganhar sua falsa eternidade com seu incompreensível martírio.