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Após acidente aéreo, 16 jovens sobrevivem ao gelo dos Andes por 72 dias

Os 16 uruguaios que saíram vivos de um acidente aéreo contam como enfrentaram 72 dias na neve - e lembram o desespero e a dor de se verem obrigados a praticar o canibalismo

Após passarem 72 dias isolados sob temperaturas abaixo de zero e ao gelo que os tornavam paralisados, 16 jovens que integravam o time de rugby do Uruguai, foram resgatados com vida às vésperas do Natal daquele ano, como se um grande milagre tivesse acontecido. Eles foram vítimas da queda do avião da força aérea que os conduzia a Santiago do Chile, caiu nos Andes, no dia 13 de Outubro de 1972, deixando no momento 29 mortos.

Durante a queda, 12 pessoas morreram. Outras 17 não resistiram aos dias que se seguiram – incluindo a mãe e a irmã mais nova de Fernando Parrado, que estavam no voo a convite dele. Parrado tornou-se empresário e fez, minucioso e emocionante do enorme drama que ele e seus outros 15 companheiros viveram sob a neve dos Andes ao longo de 72 dias. Eles suportaram temperaturas que chegaram a 30 graus negativos e tiveram como alternativa comer carne dos corpos dos outros companheiros mortos, como única forma de sobreviver.

16 jovens sobreviveram ao desastre aéreo 

O empresário Nando Parrado, que estava no voo, contou como sobreviveu, ao falar por ocasião da Expert XP 2018:

“Não era para eu estar aqui hoje. Era para eu estar morto e enterrado em uma geleira”. A frase pode parecer dura, mas se levarmos em conta as probabilidades, o empresário Fernando “Nando” Parrado não deveria ter feito a palestra de encerramento da Expert XP 2018, que aconteceu entre os dias 20 e 22 de setembro. 46 anos antes de subir no palco da maior feira de investimentos do mundo, Parrado e outros 15 jovens contrariaram as estatísticas e sobreviveram durante 72 dias no meio da Cordilheira dos Andes a um acidente aéreo que vitimou 29 pessoas.

Vítimas passaram 72 dias em temperaturas negativas

Em meio ao mau tempo, os pilotos se confundiram e iniciaram o procedimento de descida antes da hora. O resultado foi um impacto no cume da montanha, a mais de 4 mil metros de altitude, praticamente em velocidade de cruzeiro. O turbo-hélice Fairchild FH-7827 se partiu em dois e desceu a mais de 300 km/h pela neve até parar em um banco de gelo.

Não há como deixar de citar a sorte em uma situação como esta – para se ter ideia, a aeronave deslizou centenas de metros pela neve sem tocar em nenhuma das rochas que estavam ao seu redor. Mas atitudes e decisões dos sobreviventes também foram fundamentais para que o grupo conseguisse se salvar depois de tantos dias em um ambiente totalmente contrário à vida humana.

Em uma palestra de mais de uma hora, Parrado contou detalhes dos dias mais difíceis que enfrentou na vida e citou algumas decisões que foram fundamentais para que eles e os outros sobrevivessem.

Decisões dos jovens salvaram suas vidas

“Melhor decisão que já vi na vida”

Nando Parrado é um empresário de sucesso. CEO de três empresas ele acumulou fortuna e muitos bens durante toda sua vida. Mas mesmo depois de mais de 40 anos no mundo dos negócios, ele cita a decisão de um de seus colegas, logo após a queda do avião, como a mais acertada e rápida que presenciou até hoje.

“Eu já falei com presidentes de muitos países, com CEOs das maiores empresas do mundo, com políticos e esportistas. Mas a melhor decisão que vi na vida foi a de Marcelo [um dos sobreviventes]. Ele disse: ‘são 17h30. Até que as equipes de resgate consigam se preparar e mandar helicópteros, serão mais de 22h. E não se pode voar de helicóptero à noite em meio às montanhas. Então nós só seremos resgatados amanhã. A temperatura à noite chega a -25/-30 graus. Combinada com este vento, nós vamos congelar antes do amanhecer”’, lembra-se Parrado.

Marcelo chamou os colegas e juntos construíram uma parede na fuselagem para impedir que o vento entrasse, usando malas e restos do próprio avião. “Esse foi o primeiro link nesta corrente de eventos que nos permitiria sobreviver por dois meses e meio na montanha. Nós não estávamos preparados para aquele frio. Tínhamos apenas roupas de verão. Nada de luvas, casacos ou botas de neve. Portanto, se Marcelo não tivesse feito esta parede, nós teríamos congelado na primeira noite”.

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