Infelizmente, Jair Bolsonaro parece não ter aprendido nada com a derrota nas eleições do ano passado. Claro que há quem aprecie o seu jeito ‘mais bruto’, ‘sincerão’ – como alguns classificam, porém, ele notadamente passa do tom numa série de ocasiões, o que lhe prejudica com o eleitor mais moderado e ajuda a explicar o fracasso em conquistar a recondução, mesmo com toda a máquina a seu dispor. As frases jocosas disparadas em relação ao presidente Lula nos últimos dias, em que inclusive o classifica como ‘jumento’ só atendem a base de apoiadores que ele já possui, os mesmos que gritaram ‘a plenos pulmões’: “mito, mito, mito!”, como numa sinfonia ‘desafinada’ para atender somente aos descontentes; no entanto, tais frases não pegam bem para quem ele precisa conquistar, que anda longe de gostar de Lula, mas que passa a nutrir repulsa com atitudes que beiram a infantilidade do ex-mandatário.
Bolsonaro ‘precisa crescer’, e crescer em discurso, postura, para alavancar o seu capital político, assim como a esquerda, o centro e a direita são extremamente complexos, e não é ofendendo A ou B que o seu grupo político será alçado a um resultado diferente em 2026, basta ver as posições do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que mesmo opositor ao petista, é respeitoso, se porta como um estadista.
Jair Messias parece preso numa bolha, uma bolha que o sufoca politicamente, o Brasil na sua diversidade, complexidade, não é representado por quem aplaude, se ‘descabela’, louva qualquer palavra mais abrupta, grosseira, do líder da extrema-direita. Em resposta às ofensas de Bolsonaro, por sua vez, Lula foi ‘bem mais elegante’, em modos que sempre o elevaram ao patamar de ‘encantador de serpentes’, com um incrível potencial de diálogo com políticos das distintas esferas.
Bolsonaro não necessita mudar totalmente, precisa somente ter inteligência emocional, controle, ‘furar a bolha’ que o alça quase a um ‘semideus’; a sua força política é incontestável,basta observar o Congresso Nacional, os Governos, repletos de figuras que se elegeram ‘na sua aba’, mas um cargo majoritário federal é repleto de outras nuances, obstáculos, e caso a extrema-direita queira derrotar Lula e ‘os seus’ daqui a pouco mais de 3 anos, tem que recalcular a rota e moldar o substituto de Jair não com radicalismo, e sim com polidez. Essa provavelmente é a chave do sucesso, mas o ex-presidente parece perdido em meio a tanta cegueira ideológica, quem comemora é o Lula.