Exclusivo Gigante espanhola avança em projeto de R$ 29,3 bi para produzir amônia verde em Parnaíba

A expectativa é que com o projeto da Solatio mais de 2,3 mil empregos sejam gerados no litoral piauiense.

O setor de hidrogênio verde (H2V) no Brasil segue em expansão, com investimentos robustos e promessas de transformar o cenário energético do país. De acordo com a Associação Brasileira do Hidrogênio Verde (ABIHV), os projetos das empresas associadas já somam R$ 188,7 bilhões em aportes, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).  

Entre os estados com projetos de destaque, o Piauí se sobressai com o empreendimento da Solatio, em Parnaíba. O projeto prevê a produção de 2,2 milhões de toneladas anuais de amônia verde, com um investimento estimado em R$ 29,3 bilhões e a geração de 2,3 mil empregos diretos.  

Os projetos estão na fase de decisão final de investimentos, ou seja, é o momento em que as partes interessadas de um projeto formalmente se comprometem a prosseguir com o investimento.  

Amônia verde é derivada da produção de hidrogênio verde (Foto: Shutterstock)

Além do Piauí, outros estados também se beneficiam do avanço do H2V, com iniciativas que prometem movimentar bilhões de reais e criar milhares de postos de trabalho. No Ceará, por exemplo, empresas como Fortescue e Casa dos Ventos desenvolvem projetos no Complexo do Pecém, enquanto em Pernambuco e Minas Gerais outros grandes investimentos estão em andamento.  

Para Fernanda Delgado, diretora executiva da ABIHV, os impactos vão além dos números: 

"Eles representam uma verdadeira transformação econômica e ambiental, consolidando o Brasil como protagonista da transição energética global, com impacto em geração de empregos, inovação tecnológica e atração de novos negócios”, afirma.  

Delgado também enfatiza o potencial do Brasil para se firmar como líder mundial no setor de hidrogênio verde, destacando a matriz energética limpa do país e os avanços legislativos, como o Marco Legal do Hidrogênio e o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC). Este último, inclusive, deve oferecer R$ 18,3 bilhões em créditos fiscais entre 2028 e 2032, fortalecendo ainda mais os projetos no setor.  

Fernanda Delgado é diretora-presidente da ABIHV (Foto: Divulgação)

O QUE É A AMÔNIA VERDE?

A amônia verde, também conhecida como renovável, desponta como uma alternativa ambientalmente responsável na indústria química. Produzida sem emissões de carbono, ela utiliza fontes de energia renovável e possui um potencial transformador em diversas aplicações industriais e energéticas.

Produção Sustentável

A amônia (NH₃) é um composto formado por nitrogênio e hidrogênio, amplamente empregado na produção de fertilizantes e insumos químicos. Tradicionalmente, sua fabricação utiliza gás natural, gerando aproximadamente duas toneladas de CO₂ para cada tonelada do produto. Esse processo convencional, denominado “amônia cinza,” domina o mercado global, que movimenta cerca de 185 milhões de toneladas anualmente. Contudo, a crescente demanda por soluções mais limpas está impulsionando o desenvolvimento da amônia verde.

A produção da amônia verde começa com o hidrogênio verde, obtido por meio da eletrólise da água, uma técnica que utiliza energia elétrica proveniente de fontes renováveis para separar hidrogênio e oxigênio. Em seguida, o hidrogênio é combinado ao nitrogênio atmosférico no processo de síntese Haber-Bosch, realizado em condições controladas de alta pressão e temperatura, sem a liberação de gases de efeito estufa.

Aplicações e Perspectivas Futuras

A principal aplicação da amônia verde continua sendo a fabricação de fertilizantes, essenciais para o setor agrícola. Além disso, ela serve como matéria-prima na produção de químicos diversos, incluindo fibras sintéticas, explosivos e medicamentos.

Entretanto, o avanço tecnológico promete expandir seus usos. A amônia verde pode ser empregada como transportador eficiente de hidrogênio, facilitando seu armazenamento e transporte. Nesse caso, é necessário um processo adicional, o "cracking", para recuperar o hidrogênio a partir da amônia. Outra possibilidade é sua utilização como combustível em embarcações, contribuindo para a descarbonização do transporte marítimo. Além disso, a amônia verde pode gerar energia térmica e elétrica em caldeiras, turbinas e motores, reduzindo significativamente as emissões associadas.

Com potencial de revolucionar a indústria química e energética, a amônia verde se apresenta como uma solução promissora para um futuro mais sustentável, alinhando inovação tecnológica à preservação ambiental.

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