Histórias arrastadas pela correnteza, uma vida inteira transformada em questão de minutos, o imprevisível, o imponderável... Mais do que bens materiais, a água e a lama levam consigo momentos: o sapatinho da infância, o último retrato de um ente querido, a fotografia do passado, aquele abraço inesquecível, os sorrisos, a 'prosa' na porta de casa, um lar... Algumas perdas são irreparáveis e irrecuperáveis.
A dor vivenciada pelo povo gaúcho foi sentida pelos mais de 200 milhões de brasileiros, de Norte a Sul, numa corrente de solidariedade que rompeu fronteiras e mostrou que, apesar das diferentes culturas, nutrimos o mesmo sentimento, o mesmo amor por nossa terra, nosso torrão.
As enchentes no Rio Grande do Sul deixaram mais de 600 mil desabrigados e ceifaram 183 vidas. No entanto, o impacto da tragédia das águas ecoou nos quatro cantos do Brasil, num choro contido, no coração apertado, na angústia que não cessava...
A mais de 2,5 mil quilômetros do Rio Grande do Sul, mais especificamente em Teresina, no Piauí, Ingrid observava o sofrimento dos gaúchos com inquietude. Em meio a campanhas grandiosas de arrecadação, deu o pontapé inicial para o movimento que, posteriormente, viabilizaria a montagem do maior centro de triagem de doações do Nordeste e o segundo maior do país.
UMA INICIATIVA INDIVIDUAL QUE SE TORNOU COLETIVA E MOBILIZOU UM ESTADO INTEIRO...
Acostumada a realizar ações solidárias, Ingrid Resende acompanhava à distância o drama do Rio Grande do Sul, angustiada com a dor alheia e as imagens estarrecedoras. Ao se deslocar até o Aeroporto de Teresina para doar ração, deparou-se com um cenário desafiador. Ali, sentada num cantinho no chão, tomou uma iniciativa que se propagaria por todo o estado, mobilizando, no seu ápice, mais de 3 mil voluntários.
Ao Meio News, a jovem estudante de medicina e empresária detalhou como a ideia surgiu:
"A nossa ideia surgiu... Na verdade, eu estava na terapia, com o coração apertado com tudo que estava acontecendo. Só que a gente estava igual a todo mundo, sem saber como agir. As pessoas já estavam fazendo doações financeiras, e a gente via toda hora que algo estava chegando. Mas parecia que dinheiro nenhum no mundo era suficiente. Eu fui levar uma doação de ração para o aeroporto porque soube que eles estavam com poucas doações de ração. Quando cheguei lá, vi que as doações estavam paradas. As roupas estavam paradas, tudo parado. Perguntei por que estava daquele jeito, e a gerência do aeroporto me informou que era por falta de viagens. Os funcionários não estavam conseguindo lidar com a quantidade de doações que chegava".
Diante da dificuldade observada no aeroporto da capital piauiense, Ingrid decidiu buscar novos voluntários por meio das redes sociais. Para sua surpresa, viu o número de pessoas dispostas a colaborar crescer vertiginosamente:
"Então, eu perdi um dia inteiro no chão, num cantinho, e comecei a fazer a triagem das roupas. Percebi que só a minha ajuda não seria suficiente. Foi aí que comecei a postar nas redes sociais. No segundo dia, já eram 10 pessoas ajudando. No terceiro dia, 40. E, no quinto dia, mais ou menos, já tínhamos mais de 100 voluntários no aeroporto."
A mobilização foi tamanha que o aeroporto ficou pequeno, tornando urgente encontrar outro espaço para garantir que nenhuma doação se perdesse.
"Com a demanda crescendo muito e muita gente querendo ajudar, o espaço do aeroporto ficou pequeno. Liguei para o meu amigo Bruce, que se prontificou a ajudar. Ele, junto com o Teresina Shopping, cedeu o espaço do shopping para realizarmos a triagem."
O PODER DO CUSCUZ
Nascida no Sul do país e com raízes fincadas naquelas terras, a palestrante e criadora digital Frida Diedrich foi o principal elo do projeto com as famílias gaúchas diretamente afetadas. Radicada no Piauí, Frida se emociona ao lembrar do trabalho realizado no Rio Grande do Sul, que contou, inclusive, com a participação de seu filho de 8 anos.
No contato direto com as vítimas da tragédia, ela viu olhares de desespero e desalento, mas também uma corrente de amor que ajudou a devolver a esperança aos irmãos gaúchos. Esse "esperançar" se traduziu em memórias eternas:
"Minha participação foi muito ativa e diversificada. Estive na linha de frente, envolvida na logística, organizando o recebimento das doações, realizando entregas diretas às famílias, ajudando na limpeza das casas afetadas, cozinhando e distribuindo quentinhas. Além disso, atuei como responsável pelo marketing e como porta-voz de um projeto civil que chamamos de 'o povo pelo povo.' Um aspecto muito especial foi contar com o apoio do meu filho, de apenas 8 anos, que também se tornou voluntário. Ele participou ativamente, entregando doações diretamente às famílias afetadas pela chuva, mostrando desde cedo o poder da solidariedade."
Obviamente, as cicatrizes deixadas pelas fortes chuvas permanecem até hoje. A reconstrução está longe de ser concluída, e muitas famílias, infelizmente, jamais conseguirão recuperar tudo. Perderam histórias, pertences e entes queridos para o extremo climático.
Mas é preciso seguir em frente...
"Foi um trabalho árduo, mas extremamente recompensador. A emoção de ver a gratidão nos olhos das pessoas e saber que nosso esforço ajudou a amenizar tanto sofrimento é indescritível. Ver o Piauí como um dos estados mais solidários, com a ajuda da Ingrid e mais de 3.000 voluntários unidos em solidariedade, foi algo que jamais esquecerei. Tenho muita gratidão pelo #PODERDOCUSCUZ 💛."
A hashtag #PODERDOCUSCUZ foi usada pelos voluntários piauienses para representar sua atuação solidária no Rio Grande do Sul.
UM MOMENTO INESQUECÍVEL...
Estando in loco nos lugares mais atingidos pela tragédia, Frida relembra ao Meio News uma história marcante, que evidencia o valor do trabalho realizado. As recompensas vieram por meio dos sorrisos de quem antes chorava, do abraço apertado, do acalanto e da certeza de que o mundo ainda é bom:
"Já participei de outras ações solidárias, mas esta foi uma das mais significativas. O contato direto com as famílias foi algo muito marcante. Muitas delas nos agradeceram com lágrimas nos olhos. Um episódio que jamais esquecerei foi ajudar a Giovania, que havia perdido sua muleta. Conseguimos comprar uma nova para ela, e ela decidiu chamá-la de 'Frida,' em minha homenagem. Esse gesto simples e cheio de significado mostrou a força do impacto que uma ação solidária pode ter em momentos difíceis. Fiquei muito feliz e profundamente emocionada."
MOBILIZAÇÃO NOS BAIRROS DE TERESINA
Apesar das diferentes culturas e da imensidão territorial que separa o Piauí e o Rio Grande do Sul, os dois estados estão conectados pela mesma sinergia de solidariedade e união.
Nesse sentido, a atuação do grupo de voluntários nordestinos não se restringiu ao centro de triagem; a mobilização também acontecia nos bairros da capital piauiense.
A voluntária Renata Miranda revelou ao Meio News que recolhia doações e mobilizava familiares para angariar alimentos e roupas para os gaúchos atingidos pela tragédia:
"Minha participação foi com a contribuição e o recolhimento de doações de familiares e amigos para levar ao centro de distribuição no Teresina Shopping."
Renata é voluntária desde 2012, desenvolvendo trabalhos em um abrigo de idosos no Piauí. Ela enfatizou que a soma de esforços de pessoas até então desconhecidas foi um marco na sua passagem pelo centro de triagem de doações.
"Eu estive à frente da gestão de uma clínica para idosos e realizamos doações para abrigos de idosos. Atualmente, tenho um projeto social chamado Acolhe Piauí, com o qual já assistimos mais de 1.500 famílias, distribuindo cestas básicas e realizando outras ações com crianças. O episódio que mais me marcou foi perceber a importância da união de pessoas, até então desconhecidas, que, mesmo com as correrias do dia a dia, destinaram seu tempo para realizar esse magnífico trabalho em prol de ajudar as famílias."
A SOLIDARIEDADE QUE CORRE NAS VEIAS
Criada na comunidade São Manuel, na Zona Norte de Teresina, Josefa Poty, desde cedo, observou ao seu redor o peso da vulnerabilidade e os desafios enfrentados por quem dispõe de poucas oportunidades e inúmeros obstáculos para construir um futuro melhor.
Com esse sentimento de empatia, Josefa abraçou e acolheu os gaúchos, sendo uma das primeiras a atender ao chamado de Ingrid Resende. Eram dez horas da noite quando ela iniciou um trabalho capaz de transformar vidas e auxiliar no recomeço da população do Rio Grande do Sul.
"Foi algo muito especial. Eu cheguei ao centro de triagem do aeroporto já de noite, acho que umas 10 horas, e foi quando conheci a Ingrid pela primeira vez. Juntamos forças e, aos poucos, mais pessoas foram chegando para ajudar. No início, tirávamos recursos do próprio bolso — fita, caixa, pincel, papel para identificação —, mas fazíamos tudo com muito prazer e de coração aberto, com a vontade genuína de ajudar."
SOMOS TODOS IRMÃOS
Josefa Poty reforça ao MeioNews que em nenhum momento pensou que o auxílio era para pessoas de outra região ou que as dificuldades para direcionar as doações do Piauí ao Rio Grande do Sul poderiam ser impeditivas. A missão era clara e objetiva: ajudar.
"Em nenhum momento pensamos que eram pessoas de outra região do país; nosso único intuito era ajudar e focar no que essas pessoas realmente precisavam. Era sobre atender às verdadeiras necessidades delas. Ingrid, liderando tudo, conseguiu reunir um verdadeiro exército de solidariedade, e sou muito feliz por ter feito parte disso. Meus pais sempre fizeram trabalho voluntário. Sou nascida e criada na comunidade São Manuel, ali na Zona Norte, na Primavera. Desde cedo, vivi de perto uma realidade muito dura, vendo os desafios enfrentados pelos nossos vizinhos e pelas pessoas próximas. Meus pais sempre ajudaram com o que podiam — água, comida, remédios, roupas —, coisas que, para quem tem, podem não parecer muito, mas, para quem precisa, fazem toda a diferença."
O AMOR É CAPAZ DE MUDAR O MUNDO
Sentir-se útil para o próximo é a mensagem deixada por Josefa e que guiou sua atuação no centro de triagem. Uma mensagem forte, que demonstra o quanto podemos fazer a diferença na vida de alguém.
"Cresci acompanhando esse exemplo, entendendo como funciona a logística do voluntariado. E, quando surgiu essa oportunidade de ajudar, foi como reafirmar tudo o que aprendi: gostar de ajudar e sentir-se útil para o próximo. A experiência que mais me marcou foi perceber que a Ingrid, junto com todos nós, realmente conseguiu fazer a diferença. Lembro-me do momento em que o shopping parou para receber carretas e mais carretas de água, alimentos e materiais de higiene básica. Foi uma mobilização muito bonita. Ali, percebi que o amor é capaz de mover muitas coisas e que fazer o bem tem o poder de mudar o mundo.Esse trabalho voluntário, que já fazia parte da minha vida por meio das ações na comunidade, sempre acontecia no território onde vivemos. Mas o que aconteceu no Rio Grande do Sul tomou uma dimensão muito maior. Foi extremamente prazeroso fazer parte disso tudo."
SÓ DOAR O QUE GOSTARIA DE RECEBER
No centro de triagem, adotou-se um lema: "Só separar para doação o que você gostaria de receber". Ou seja, somente os itens realmente servíveis e em bom estado foram direcionados às vítimas das enchentes.
A idealizadora do projeto, Ingrid Resende, deixa bem clara a preocupação de todos os voluntários para que fosse enviado o melhor possível para os gaúchos, auxiliando-os na retomada da vida.
"Confesso que nunca imaginei que tomaria a proporção que tomou. Nós não trabalhávamos com doações financeiras. O que pedíamos era que as pessoas disponibilizassem seu tempo e seu coração, não importava quanto quisessem doar. Precisávamos de voluntários e materiais para que tudo chegasse em perfeito estado. Além disso, nos preocupávamos muito com a qualidade das doações. Eu sempre dizia: 'Olha, para fazer o envio, você precisa doar algo que gostaria de receber.' Isso se tornou um lema nosso: doar aquilo que gostaríamos de receber. Se a doação não estivesse em boas condições, não fazíamos o envio".
SEPARAÇÃO MINUCIOSA
Servidora do Instituto Federal do Piauí, a professora Ruthielle Carvalho explica ao MeioNews como era feita a separação dos itens e a emoção em ajudar a população vulnerável diante do extremo climático.
Em determinado momento, as doações foram tão numerosas que o centro de triagem não teve mais como receber materiais, o que revela a dimensão da solidariedade piauiense.
"Na verdade, eu comecei indo para entregar as doações que seriam enviadas ao Rio Grande do Sul. Depois que o ponto de arrecadação foi transferido do aeroporto para o Teresina Shopping, acabei ficando lá com os voluntários e participando da organização. Passei a ajudar na logística, tanto no depósito quanto na montagem dos caminhões, junto com outros organizadores".
As doações eram separadas por gênero e faixa etária. Também havia a divisão das doações destinadas aos animais de estimação, outro foco importante do trabalho no Piauí.
"Desenvolvemos o trabalho recebendo as doações, separando-as e organizando-as por categorias. Orientávamos os voluntários para que separassem tudo como se fosse para suas próprias famílias. Esse cuidado era essencial. As doações não eram enviadas de qualquer forma; fazíamos uma triagem detalhada: roupas, alimentos, itens válidos ou não, separados por gênero — masculino, feminino, infantil, bebês — e até mesmo itens para animais. Todo esse processo incluía a organização das zonas e tipos de doações, montando a programação dos caminhões para o envio ao Rio Grande do Sul. Foi um trabalho minucioso e muito gratificante".
CARTINHAS
No centro de triagem, os voluntários tinham acesso a cartinhas que vinham dentro das doações, o que causava uma emoção a mais no trabalho.
Muitos voluntários passavam o dia inteiro no centro de triagem, não viam o tempo passar, tendo como missão ajudar o próximo e promover a solidariedade.
"A emoção maior vinha a cada doação recebida. Muitas traziam cartinhas dentro das roupas, mensagens de apoio e carinho. Isso reforçava a importância do que estávamos fazendo. Dizíamos sempre aos voluntários e organizadores que, mesmo poucas horas dedicadas, faziam uma grande diferença. O pouco de cada um se transformava em muito. Eu já tinha experiência com trabalho voluntário, inclusive com pacientes oncológicos, então isso não era novo para mim. Porém, em relação ao Rio Grande do Sul, foi uma experiência diferente, porque constantemente nos colocávamos no lugar das pessoas que estavam recebendo as doações", revela Ruthielle.
AS REDES SOCIAIS MOVEM A SOLIDARIEDADE
Estudante de medicina, Raylla Lopes foi uma das voluntárias que viu o chamado de Ingrid Resende nas redes sociais, evidenciando a importância da utilização dos mecanismos disponíveis atualmente também na promoção do bem.
"Minha participação no projeto começou após a Ingrid compartilhar, no grupo da nossa turma no WhatsApp, que havia ido ao aeroporto para deixar doações e percebeu que muitas coisas não estavam sendo enviadas por falta de triagem. Ela prontamente se voluntariou para ajudar e criou um grupo no WhatsApp para reunir mais pessoas. Então, entrei no grupo e, já no primeiro dia, fui com ela para ajudar, levando caixas de papelão e fitas para embalar tudo".
Raylla destaca que sempre teve a vontade de doar, de participar de ações solidárias, mas foi somente no projeto de auxílio ao Rio Grande do Sul que ela passou a ingressar nesse universo.
"O sentimento de saber que pude ajudar a acolher tantas famílias é indescritível. É uma felicidade imensa saber que nosso esforço coletivo fez a diferença em um momento tão delicado. Embora sempre tenha desejado participar de ações solidárias, nunca havia dado o primeiro passo. Minha prática de solidariedade sempre foi mais individual, por meio de pequenas doações a pessoas necessitadas, mas nunca tinha tomado a iniciativa de me envolver em um projeto".
O recado é claro: podemos doar uma pequena parte do nosso dia para promover a solidariedade. A doação de tempo, a doação de amor, é recompensadora.
"Acredito que é comum pensarmos: 'Estou muito ocupado, quando eu tiver mais tempo, poderei participar de algo', quando, na realidade, podemos dedicar uma pequena parte do nosso dia ou da nossa semana para fazer algo bom. Portanto, não só eu, mas todos os voluntários que estavam ajudando na triagem, ao darmos o primeiro passo e dedicarmos algumas horas do nosso dia, fizemos algo simples, mas que fez toda a diferença e impulsionou um projeto que beneficiou muitas famílias".
A voluntária demonstra que o lema "a união faz a força" não fica apenas na teoria. Com o "tijolinho" colocado por cada um, pode-se fazer uma construção imensurável.
"O que mais me tocou foi ver a união das pessoas em torno de um propósito maior. Ver tantas pessoas se dedicando por longas horas no centro de triagem, muitas delas deixando suas atividades diárias para ajudar o próximo, foi algo que me emocionou muito. A força da solidariedade naqueles dias foi admirável e me fez refletir sobre como, juntos, conseguimos fazer a diferença não só na nossa bolha social, mas no País e no mundo todo, se quisermos".
A SOLIDARIEDADE EM NÚMEROS
Ao todo, o trabalho voluntário realizado no Centro de Triagem viabilizou a doação de mais de 300 toneladas de itens para o Rio Grande do Sul, que foram destinadas a diversas cidades gaúchas. Somente para a cidade de Gramado, foram enviadas 60 toneladas, um trajeto de quase 3 mil km, mas que demonstrou o quanto o projeto idealizado no Piauí fez a diferença.
MÃOS SOLIDÁRIAS: A CONTINUIDADE DO VOLUNTARIADO PELO RS QUE BENEFICIA COMUNIDADES DO PIAUÍ
Ingrid Resende, idealizadora do centro de triagem, destaca a surpresa com a dimensão tomada pelo projeto, que não foi pontual e originou uma iniciativa que segue até hoje e beneficia a comunidade piauiense: o "Mãos Solidárias".
"O grupo foi crescendo, crescendo, crescendo... Chegamos a 3 mil voluntários. Quando nos demos conta, veio a notícia de que éramos o maior centro de triagem do Nordeste. Quatro dias depois, outra notícia: éramos o segundo maior centro de triagem do país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro", conta Ingrid.
O projeto "Mãos Solidárias" simboliza a união e o compromisso de fazer a diferença na vida das pessoas, seja por meio de doações, trabalho voluntário ou apoio emocional. O projeto é uma verdadeira rede de pessoas que, com pequenas ações, buscam transformar realidades e proporcionar um pouco de conforto e esperança para quem enfrenta dificuldades.
No último dia 26 de outubro, por exemplo, o projeto realizou uma ação especial em comemoração ao Dia das Crianças, levando amor, carinho e muita alegria para 250 crianças de Teresina. O evento proporcionou um dia repleto de sorrisos e momentos inesquecíveis, oferecendo não apenas diversão, mas também uma dose de esperança para os pequenos.
Agora, o "Mãos Solidárias" auxilia a população de Picos, no Piauí, município que enfrenta uma situação similar à do Rio Grande do Sul, com centenas de famílias desabrigadas e três óbitos devido às fortes chuvas.
"Então, hoje temos o grupo "Mãos", e esse amor realmente se expandiu. Vimos que Teresina realmente precisava dessa força, dessa união. Eu amo, né? Eu amo fazer o bem, amo ajudar. Então, é muito válido para mim. Vimos a necessidade, porque estávamos ali com três mil voluntários, e depois que passou a triagem, ficamos literalmente parados. Aí eu falei: gente, nosso amor pelo Rio Grande do Sul precisa se expandir para Teresina. Como ajudar o Rio Grande do Sul, com tantas coisas acontecendo aqui em Teresina, e não conseguirmos ajudar? Então, "Mãos Solidárias" nasceu dessa conexão, dessa energia de mãos unidas. E a gente continua fazendo ações mensalmente. Recentemente, realizamos uma ação para o Dia das Crianças, beneficiando 200 crianças", aponta Ingrid Resende ao MeioNews.
QUALQUER DOAÇÃO IMPORTA
Assim como ocorreu no Rio Grande do Sul, o projeto Mãos Solidárias mantém um centro de triagem de doações em um shopping da capital piauiense e trabalha para que o resultado tenha a mesma magnitude da ação realizada para o povo gaúcho.
Ingrid Resende lembra que cada doação importa, independentemente do valor. Caso não seja possível realizar uma doação financeira, a doação de tempo também é essencial.
"Eu confesso que até hoje não consigo ter noção da proporção que isso tomou. Quando recebo ligações ou vejo os voluntários falando comigo, fico pensando: meu Deus, como consegui fazer tudo isso? Em casa, desde criança, fomos ensinados a agir. Sempre fizemos solidariedade, distribuindo comida para moradores de rua e ajudando também os animais desde os meus 13 anos. Então, fico muito feliz em ver que conseguimos ajudar tantas pessoas e implantar no coração desses 3 mil voluntários a semente do bem, de fazer o bem. Não importa quanto você está doando, mas se você está doando seu tempo e seu amor, isso vale tudo. Lembro que um voluntário me mandou R$2,00 de doação e disse: 'Ingrid, é tudo o que eu tenho, mas é de coração'. E ele passava o dia todo no setor de triagem."
A professora Ruthielle Carvalho reforça a importância de toda a sociedade se mobilizar na campanha SOS Picos, para ajudar os nossos irmãos atingidos pelas enchentes no Piauí.
"Hoje, o cenário mudou e a necessidade está aqui, na nossa casa, no Piauí. Precisamos de doações e voluntários para iniciar os trabalhos em prol do nosso estado. Não podemos focar apenas no que já fizemos pelo Rio Grande do Sul; é hora de olhar para o que podemos fazer pela nossa própria comunidade", aponta.
Para ajudar o município de Picos, podem ser doados os seguintes itens:
- Alimentos não perecíveis
- Roupas
- Kits de higiene
- Materiais de limpeza
- Água potável
- Ração para animais
As doações estão sendo recebidas no Teresina Shopping, no Espaço 06, em frente ao Espaço S.
Além das doações físicas, o projeto também aceita contribuições financeiras para a compra de itens de emergência. Você pode realizar sua doação via PIX para o número: (86)99912-2107 (Ingrid Alves Resende).
COMO COMEÇAR A PRATICAR A DOAÇÃO?
Quem nos lê agora pode, em algum momento, ter manifestado a vontade de doar, de participar de ações solidárias, mas nunca ter tomado a iniciativa. O MeioNews então pediu aos voluntários do Mãos Solidárias que deixassem uma mensagem final para os futuros doadores. Praticar o bem, transmitir o amor, faz toda a diferença.
Frida Diedrich:
"Minha mensagem é: dê o primeiro passo. Não precisa ser algo grande; qualquer ajuda, mesmo que pareça pequena, pode transformar vidas. Muitas vezes, o mais difícil é começar, mas quando você se envolve, percebe o quanto é gratificante. Além disso, ações sociais também nos transformam. Elas nos ensinam sobre empatia, resiliência e o poder da união. Não espere pela oportunidade perfeita, porque o momento certo para ajudar é agora."
Josefa Poty:
"A mensagem que eu deixo é que quem tem vontade de iniciar ações sociais comece o quanto antes, porque sempre vai ter alguém precisando. E se for algo de coração, mesmo que seja uma atitude sua em ajudar o próximo ou algo do tipo, não precisa ser ações grandiosas. Você fazendo a sua parte, seja com um grupo de amigos, com seus vizinhos, ou com sua família em casa, pode se unir para fazer a diferença na vida do próximo. Então, não espere condições ideais para fazer ações sociais, porque elas nunca vão existir. O voluntariado exige muitos sacrifícios, muitas renúncias, mas é muito prazeroso."
Ruthielle Carvalho:
"Em relação à mensagem que eu quero deixar, é que o pouco que você contribuir pode ser muito, e pode ser muito para quem for receber, tanto em doações quanto em tempo, ao se tornar voluntário. Então, o meu recado é esse: o pouco que você contribuir, seja de tempo ou de doações, pode ser muito para quem vai receber. Então, eu te agradeço, França, pela possibilidade de fazer essa divulgação."
Renata Miranda:
"O ato de doação é transformador; nos transforma de dentro para fora de formas inimagináveis. Que todos possam ter no coração o sentimento de doar, pois muitas vezes aquilo que não lhe serve mais serve muito para alguém. Doar é um ato de coragem."
Raylla Lopes:
"Se você quer começar a ajudar, qualquer gesto de solidariedade, por menor que seja, já faz a diferença. Comece com algo simples. O importante é agir e sair da zona de conforto. Isso pode inspirar outras pessoas e criar um ciclo de generosidade. E é como disse Benjamin Franklin: 'Quando somos bons para os outros, somos melhores para nós mesmos.' Ajudar quem precisa nos traz sentimentos positivos e, ao criar um ciclo de generosidade ao nosso redor, construímos uma vida mais feliz, tanto para o próximo quanto para nós mesmos."