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Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Wajngarten na CPI:bate-boca, ameaça de prisão e demora na resposta a Pfizer

Em depoimento à CPI, ex-secretário disse que primeiro contato da Pfizer com o governo foi em setembro de 2020

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Por Rany Veloso

O secretário especial de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, que presta depoimento nesta quarta-feira (12) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, revelou as datas em ordem cronológica da tentativa de contato da Pfizer com o governo brasileiro. Wajngarten informou que foram no mínimo dois meses para responder a mensagem da farmacêutica americana, que oferecia 500 mil doses, segundo ele, e não 70 milhões, como divulgado inicialmente. O ex-secretário acrescentou que a carta foi enviada dia 12 de setembro e não só ao presidente Bolsonaro, mas também ao vice-presidente Hamilton Mourão, e a ministros, como, na época, Eduardo Pazuello (Saúde), Paulo Guedes (Economia), Braga Neto (Casa Civil).

"Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até o momento não recebemos uma resposta", diz o documento da Pfizer.

De acordo com o depoente, somente no dia 09 de novembro, após ter conhecimento da carta através de um diretor de um meio de comunicação, foi que tomou a iniciativa de responder o CEO da Pfizer, Carlos Murilo, quem prestará depoimento amanhã na CPI. Neste mesmo dia, Wajngarten informou a Bolsonaro o contato da farmacêutica. Mesmo assim nada foi feito. No dia 17 de novembro, a Pfizer agradece o ex-secretário pela resposta e assim findam contato. Somente em março deste ano, após aprovação do projeto de lei que dsva segurança jurídica ao governo, houve a compra. 

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chama atenção que na Medida Provisória editada pelo governo em janeiro sobre vacinas havia um trecho que dava a tal segurança jurídica, mas que foi retirada.

Em entrevista à revista Veja, Wajngarten disse que o Ministério da Saúde não negociou as doses das vacinas por "incompetência e ineficiência", mas hoje o ex-secretário disse que Pazuello foi corajoso e culpou a demora pela burocracia administrativa. "Não fiz nenhuma adjetivação ao general Pazuello. Em nenhum momento o chamei de incompetente", declarou.

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), entrou em choque várias vezes com o depoente. "Vossa excelência exagerou na mentira hoje aqui no depoimento", disparou Calheiros. Isso porque as versões apresentadas à revista e as de hoje não bateram. 

Pressionado a falar a verdade, na visão do relator e do presidente da CPI, os senadores da base governista entraram em ação. "Ninguém veio aqui para ser humilhado", retrucou Ciro Nogueira (PP-PI). Logo em seguida a sessão foi suspensa e teve bate-boca entre Carla Zambelli (PSL-SP) e Calheiros. A deputada disse que o relator estava ameçando o depoente.

Ao retornar à sessão, Omar Aziz (PSD-AM) dá recado a Wajngarten: "com todo o respeito que o senhor merece, se Vossa Excelência não for objetivo nas suas respostas, nós iremos dispensá-lo dessa comissão, pediremos a revista Veja que mande a gravação e o chamaremos de novo, não como testemunha, mas como investigado".

Minutos depois, Calheiros disse a Wajngarten que poderia pedir a prisão dele caso não falasse a verdade. Marcos Rogério (DEM-RO) reagiu e falou em abuso de autoridade.

Mas o relator insiste e disse que irá solicitar o áudio da entrevista de Wajngarten à  Veja, “para verificarmos se o secretário mentiu”. Se ele não mentiu, a revista vai ter que pedir desculpas. Se ele mentiu, terá desprestigiado e mentido ao Congresso Nacional, o que é um péssimo exemplo. Vou requerer na forma da legislação processual, a prisão do depoente.”

RENAN CALHEIROS BATE BOCA COM FERNANDO BEZERRA SOBRE ORÇAMENTO SECRETO DE BOLSONARO

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