Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Visita de Bolsonaro com empresários ao STF foi vista como midiática

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Toffoli, Bolsonaro e Guedes em reunião relâmpago no STF com empresários | Internet

Por Rany Veloso

Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) comentaram que a visita do presidente da República, Jair Bolsonaro, junto a empresários nesta quinta-feira (07) foi uma "armadilha midiática", no sentido de dar visibilidade à tentativa de afrouxar o isolmento por causa da economia, uma vez que o STF decidiu que estados e municípios são competentes para editar suas próprias regras de quarentena.

Outro ministro da corte disse que a visita foi uma cortesia do chefe do Executivo, que foi a pé do Palácio do Planalto, sede do governo, ao STF, acompanhado de 15 empresários, que de acordo com o ministro Paulo Guedes, representam 45% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

A reunião marcada em cima da hora pelo advogado-geral da União, José Levi Mello, pegou o presidente da corte, Dias Toffoli, de surpresa, que até então não sabia nem que a ocasião seria gravada.

Após os empresários falarem que a indústria está na UTI, Toffoli foi objetivo ao dizer que seria necessário a criação de um comitê de crise envolvendo representantes dos três poderes, empresários e trabalhadores para avaliarem a melhor forma para manter os empregos e sair do isolamento de maneira organizada. "Seguir as orientações da OMS foi fundamental para chegar até aqui em uma situação menos pior", frisa o presidente do STF.

Bolsonaro sempre faz questão de lembrar que a culpa do desemprego no país, provocado também pela pandemia, é culpa dos governadores, que decretaram medidas restritivas. Dessa vez será que ele queria transferir uma responsabilidade ao STF, pressionando a corte? Há quem diga que sim em Brasília, mas também há quem defenda o retorno às atividades.

O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molom, reprovou a atitude do presidente, "sim, precisaremos retomar a atividade econômica, mas no tempo certo e da forma certa. Interesses econômicos de curto prazo não podem se sobrepor à proteção da vida das pessoas. É inadmissível colocar a faca no pescoço da Suprema Corte, ainda mais para pressionar por decisões sobre o afrouxamento do isolamento, que pode resultar em mais dezenas de milhares de mortes. As vidas dos brasileiros importam.”

Ao sair da reunião, Bolsonaro disse que estaria aumentando o rol de atividades essenciais, incluído desta vez a construção civil, "vamos colocar mais atividades essenciais para começar abrir com responsabilidade" e frisou "caso contrário depois da UTI é o cemitério", se referindo a crise econômica.

Veja o decreto do governo publicado hoje no Diário Oficial da União sobre as atividades essencias no país durante a pandemia: INPDFViewer (1).pdf 

Guilherme Mazui/G1 

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